Capítulo 2 - Imagem

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Willian

***

- Que aula mais chata! - cochichei para Ben, que estava ao meu lado.

- Sim. - bufou. - Geografia é um saco.

- Verdade. - concordei.

Me volto ao caderno onde copio o texto que a professora passa no quadro. Me permito imaginar alguns segundos longe desse inferno.

Tudo que eu queria era estar em casa agora. Relaxado, no meu quarto. Porta trancada e privacidade total.

Nada mais me relaxa do que me masturbar pelo menos uma vez ao dia.

Estranho? Acho que não, considerando o número comum com que os jovens fazem isso diariamente.

Em uma simples definição: É libertador.

Para TODOS eu sou hétero e pegador. Para mim, quando estou só em meu quarto, eu sou o Willian gay, que curte e sente tesão em ver o pau de outro cara, mas que nunca chegou a ver um pessoalmente.

Isso me frustra. Tenho as meninas do colégio aos meus pés e como faço por "merecer" a imagem de hétero, acho que isso previne qualquer tipo de proposta que eu poderia receber de outro cara.

Eu não transo com elas, mas foi com uma que aprendi a dar os amassos mais cobiçados da escola, e também, percebi que era gay.

E assim, satisfaço a garota com uns amassos, dou uma desculpa qualquer e o típico "te ligo depois".

Eu conhecia a sociedade em que vivia. Pra mim não era uma opção sair do armário. Era um ingresso para uma vida de bullying e incompreensão. 

Valeria a pena? 

Não sei dizer. Nunca senti nada que colocasse em mim a vontade de arriscar minha imagem. Talvez eu sinta um dia.

Na verdade, torço pra sentir. É maçante não podermos ser quem queremos ser.

A realidade nua e crua é que sou um covarde. É isto.

Breno

***

- Foi um acidente. - falo pra Brenda. - Nunca falei com ele antes e acho que depois de hoje nem rola mais.

- Ah, qual é - ela responde -, tu é um cara gente boa. Esse lance de primeira impressão é bem furada. De repente faz amizade com ele e nem percebe.

- Eu nem sei o no...

- Willian. - me corta.

- Como sab...

- Você descreveu bem. Tenho amizade com algumas amigas dele. - me corta novamente.

Mais uma vez que isso acontecer eu a cortarei com meu estilete. Odeio a mania de Brenda de me interromper.

- Minha caneta vai descrevrer minha raiva em seu rosto se me interromper de novo. - ameaço, impaciente.

- Ui! Cresce primeiro, tampinha. - falou e começou a rir. Eu ri junto com ela, apesar de me sentir ofendido, foi inevitável.

Todas As Escolhas Possíveis (Romance Gay) [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora