Willian
***
- Que aula mais chata! - cochichei para Ben, que estava ao meu lado.
- Sim. - bufou. - Geografia é um saco.
- Verdade. - concordei.
Me volto ao caderno onde copio o texto que a professora passa no quadro. Me permito imaginar alguns segundos longe desse inferno.
Tudo que eu queria era estar em casa agora. Relaxado, no meu quarto. Porta trancada e privacidade total.
Nada mais me relaxa do que me masturbar pelo menos uma vez ao dia.
Estranho? Acho que não, considerando o número comum com que os jovens fazem isso diariamente.
Em uma simples definição: É libertador.
Para TODOS eu sou hétero e pegador. Para mim, quando estou só em meu quarto, eu sou o Willian gay, que curte e sente tesão em ver o pau de outro cara, mas que nunca chegou a ver um pessoalmente.
Isso me frustra. Tenho as meninas do colégio aos meus pés e como faço por "merecer" a imagem de hétero, acho que isso previne qualquer tipo de proposta que eu poderia receber de outro cara.
Eu não transo com elas, mas foi com uma que aprendi a dar os amassos mais cobiçados da escola, e também, percebi que era gay.
E assim, satisfaço a garota com uns amassos, dou uma desculpa qualquer e o típico "te ligo depois".
Eu conhecia a sociedade em que vivia. Pra mim não era uma opção sair do armário. Era um ingresso para uma vida de bullying e incompreensão.
Valeria a pena?
Não sei dizer. Nunca senti nada que colocasse em mim a vontade de arriscar minha imagem. Talvez eu sinta um dia.
Na verdade, torço pra sentir. É maçante não podermos ser quem queremos ser.
A realidade nua e crua é que sou um covarde. É isto.
Breno
***
- Foi um acidente. - falo pra Brenda. - Nunca falei com ele antes e acho que depois de hoje nem rola mais.
- Ah, qual é - ela responde -, tu é um cara gente boa. Esse lance de primeira impressão é bem furada. De repente faz amizade com ele e nem percebe.
- Eu nem sei o no...
- Willian. - me corta.
- Como sab...
- Você descreveu bem. Tenho amizade com algumas amigas dele. - me corta novamente.
Mais uma vez que isso acontecer eu a cortarei com meu estilete. Odeio a mania de Brenda de me interromper.
- Minha caneta vai descrevrer minha raiva em seu rosto se me interromper de novo. - ameaço, impaciente.
- Ui! Cresce primeiro, tampinha. - falou e começou a rir. Eu ri junto com ela, apesar de me sentir ofendido, foi inevitável.
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Todas As Escolhas Possíveis (Romance Gay) [REVISANDO]
RomansaBreno é um jovem nerd de 16 anos. Estuda na melhor escola particular de sua cidade. Com uma boa grade de amigos, ele se sente feliz, mas lhe falta algo. Algo que ele ainda não sabe em quem encontrar. Com dificuldades em descobrir sua sexualidade...