II. SEQUESTRO

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O capitão David Pollack era um homem hostil e petulante, no auge dos seus 55 anos, com os cabelos grisalhos e uma pequena careca atrás de sua cabeça. Os gritos da sua voz rouca e estridente eram ouvidos dentro da sala em que Peter se encontrava, ascendendo assim sua curiosidade. Havia pelos corredores e no salão principal oficiais fardados com os rostos frustrados, observando o que o capitão falava. O detetive aproximou-se da multidão tentando compreender o que David discursava e se juntou a oficial Samantha Roth, devidamente uniformizada, que sorriu o cumprimentando no momento em que o mesmo se achegou.

Bane conhecia Samantha desde a entrada dela na polícia — fora seu parceiro diversas vezes em patrulhas pelos bairros. Era uma mulher bastante bonita e simpática, com os olhos amêndoas que brilhavam todas as vezes que ela sorria e os cabelos alaranjados como fogo, porém, por trás de todo aquele traje inofensivo, havia uma pessoa durona e uma personalidade extremamente perspicaz. Sammy, como intimamente Peter a chamava, tinha um charme que fisgara o detetive por alguns meses, no entanto foi minguado assim que os dois tentaram um relacionamento.

— Não consigo entender como vocês conseguem ser tão imbecis! — ralhou o capitão. — Como alguém consegue sequestrar uma família rica e ninguém consegue encontrá-los? Quem os deixaram entrar na minha delegacia?

— Que sequestro? — cochichou Peter a Sammy que cruzou os braços depois do comentário ofensivo de seu superior.

— Você não viu os noticiários? — ela sussurrou discretamente. — Os Stuarts estão desaparecidos há dois dias e ninguém sabe o paradeiro deles.

O detetive lembrava-se vagamente de escutar algo relacionado a esse caso nos corredores ou na TV nos últimos dias, porém não dera muitos ouvidos, afinal, para ele, logo apareceria alguém estipulando um preço para resgatar a família podre de rica. Além do mais, aquele não era o seu departamento.  Talvez eles estivessem em algum lugar na América do Sul pregando uma peça em seus funcionários. Ele, mais do que ninguém, sabia que gente rica possuía uma queda por maluquices e drama.

— David convocou todos que estavam em patrulha para procurá-los por toda estrada principal para Kansas City e não conseguimos nada de proveitoso! — ela suspirou frustrada.

— Tem certeza? Você não viu nada estranho? — Peter arqueou a sobrancelha direita diminuindo o tom de voz ao perceber que Pollack havia parado seus insultos para atender uma ligação.

A oficial franziu o cenho concentrada enquanto tentava lembrar de algo que vira nas últimas horas. Rapidamente a visão que tivera de uma casa vazia e abandonada, localizada na estrada de Raytown, uma cidade depois que encontraram os últimos vestígios dos celulares de todos os Stuarts, lhe veio em mente. Assim que fez menção de falar alguma coisa, o capitão gritou de felicidade — se é que poderia ser chamado assim aquelas palavras que ele proferira.

— Abutres! — gritou David. — Acharam o lugar onde supostamente eles estão: em Raytown. O que, claramente, não foi por causa de você, Detetive Lawrence.

O homem loiro e anuído que estava ao lado do capitão se encolheu de vergonha e constrangimento ao ouvir seu nome ser mencionado. Cochicos correram pelo salão diante da cena humilhante para o detetive.

— Voltem lá e me mantenham informado — ordenou Pollack. Lawrence deu um passo para frente pronto para comandar os oficiais, quando o capitão estendeu o braço lhe impedindo de continuar.

— Detetive Bane — David o chamou fazendo Peter sentir todos os músculos de seu corpo enrijecer. Um frio, que não tinha nada a ver com o clima do dia, pecorreu sua espinha. — Assuma o caso.

— Mas senhor... — tentou argumentar. Seu rosto denunciava sua surpresa e ser encarado por todo o departamento pouco ajudava em seu nervosismo

— Faça o que eu digo. Agora. Stifler tem as informações que você precisa.

Antes que digerisse as palavras ditas pelo seu superior, Peter observou David voltar ao seu escritório.  Seus olhos escuros fitaram as costas do capitão escutando o som do coração pulsar em seus ouvidos. O silêncio sucumbiu toda a sala, sendo um belo contraste com os pensamentos de Bane, que estavam fazendo um grande barulho em sua cabeça.

Peter piscou várias vezes para voltar a realidade e encontrou-se mirando Stifler — o jovem ruivo de vinte e pouco anos, cheio de sardas, conhecido como "o cara dos computadores" ou "o sabe tudo" pelo Departamento, o melhor perito da cidade — em sua frente. Os oficiais esperavam sua orientação atentamente e dezenas de murmúrios preencheram mais uma vez o salão principal. Coçando a garganta, Peter falou. A voz grave e autoritária ressoou como um alarme nos ouvidos dos policiais.

— Peguem as informações do local com Stifler, lá eu darei os próximos passos.

Samantha sorriu ao ver quão sereno Peter parecia estar, embora tivesse certeza que por dentro estava em estado de calamidade. Ele, a quem sempre tentava não estar no meio de tanta atenção, não sabia lidar com o favoritismo que o capitão o presentiara desde a sua entrada na academia.                                                                                                                                           

Mais uma vez a agitação preencheu o departamento. Homens e mulheres saíram apressados do local, prontos para cumprirem seu dever em um dia que começou cedo demais. O detetive, então, seguiu Sammy até a viatura em que ela dirigia e o barulho de sirene foi acionado.

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N/a:

Olá, pessoal! Tudo bem? Espero que estejam gostando de Confidente! O que estão achando até agora? O que esperam desse desaparecimento? Comentem! Sua opinião é super importante.

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Até mais!

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