XXI. A CONFIANÇA E A CONFISSÃO

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Isabelle não estava suja de tinta naquela tarde. Ela usava cabelos molhados e penteados para trás; vestia roupas limpas e confortáveis. Esperava por Charlotte Manson – a única amiga que fizera na cidade e que poderia realmente a ajudar.

Charlotte levou o copo de água gelada até os lábios. Os olhos azuis mativeram a atenção na paciente.

— Obrigada por vir – agradeceu a Stuart. – Sei que deve estar ocupada...

— Não estou – replicou Manson. – Não há muito trabalho pela região... Costumo atender mais pacientes nas outras cidades.

Isabelle virou o rosto para a pequena janela da sua nova casa. Estava nublado.

— Queria que ajudasse-me a lembrar – pediu Isabelle. – Queria desfazer esse trauma.

A psicóloga deu um sorriso cheio de compaixão.

— Isabelle, você não pode forçar sua mente para algo que ela não está preparada. – orientou Charlotte. – Se ela escolheu esconder as memórias é por um bom motivo.

A Stuart encarou chão sentindo-se muito imponente.

— Mas eu poderia ajudar, sabe? Se eu disse algo do assassino talvez a polícia poderia achar mais rápido.

— Não coloque tanta pressão em si mesma, Isabelle. Sua mente irá dar as memórias de volta quando for a hora. – A psicóloga cruzou as pernas.– Por que esse sentimento repentino?

A mulher encarou as mãos no colo. As unhas estavam corroídas e a marca da cerquilha ainda estava cicatrizando. Engoliu o seco. As pílulas para dormir acabaram. Dormiu apenas quatros horas na noite anterior e acordou ofegante por causa de um pesadelo. Nele, viu o irmão gritar de dor enquanto sua cabeça era tirada do corpo. Não conseguiu ver o rosto do assassino, mas podia dizer que era um homem.

— Você poderia me encaminhar para um psiquiatra? Queria poder tomar alguma coisa... Ando tão ansiosa ultimamente...

Charlotte olhou para a porta. Tensa, arrumou a postura no sofá.

— Eu posso... receitar um para você.

Isabelle piscou aturdida.

— Tenho um amigo que pode te dar o que você precisa. Só me dizer qual você toma.

Se fosse uma situação normal, Isabelle iria negar-se a fazer tal coisa. Se fosse em outra situação, a jovem iria ligar para a polícia e denunciar a falta de ética e profissionalismo de Charlotte Manson. Porém, Isabelle não poderia afogar-se na hipocrisia. Os remédios que tomava não era advinham de uma recomendação médica – tomava junto com Elliott, quem também tinha constantes problemas para dormir.

Ela deu um pequeno sorriso para a psicóloga.

— Seria ótimo.

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— Vamos, Peter.

O detetive olhou para cima com cara de poucos amigos. Samantha deu-lhe um sorriso atrevido. Com um pouco de dificuldade, o detetive levantou-se do tatame.

— Não sei porque insiste em lutar comigo – comentou a mulher.– Eu sempre venço.

Bane revirou os olhos e atacou-lhe as pernas, empurrando-a. Embora tivesse dado um passo para trás, a mulher perdeu o equilíbrio e caiu.

— Isso foi golpe baixo – reclamou a mulher.

— Os criminosos não irão seguir a sua conduta, Sam – advertiu Peter sentando no tatame.

— Justo.

Samantha deitou-se no tatame com a respiração irregular. O suor colava em seu pescoço e

Confidente [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora