Cap.1

250 24 9
                                    


Ótima leitura;3♥️

O que dias atrás era um calor preenchido de paz distorcida, a reviravolta novamente ataca a garota. Uma noite de inverno, onde todos os moradores de Celestia se apavoravam com uma intensidade de neve caída nas calçadas e nas ruas.

A nevasca que a garota passara anos tentando esquecer, volta com novos transtornos. E desta vez ela estava sozinha.

Carros deslizavam, e a cada corrida desesperada da garota ela presenciava acidentes. Pessoas viam o sangue das outras sendo despejados enquanto saltavam os postes caídos no chão, barulhos de sirenes eram o efeito sonoro. Buscava calma, mas ao seu redor a confusão crescia.

Inúmeros roubos ocorriam; bastava mínima desatenção de alguém, que seu dinheiro já tinha desaparecido. Não tão longe da realidade dela, um mendigo voou para cima da mesma; agarrando-a, começara a puxar seu casaco rosa, que era a única coisa que tinha consigo. Em disputa, a jovem segurava firme uma ponta do casaco enquanto o mendigo puxava rudimente a outra ponta.

Barrando inconscientemente àquela briga, uma criança corria em direção ao casaco estendido. A jovem, preocupada com a possível queda do menino, larga o casaco. A criança continuou correndo, passando por meio dos dois....

Não eram mais dois....

O mendigo já estava longe!

Seus cabelos voavam e eram aglomerados por neves. O brilho de seus longos fios cor mel desapareceram.

O temor de todos era espantoso e brevemente tomava conta da respiração ofegante que ela insistira em controlar. Roupa desgastada e manchada de sangue, pele decorada de cortes avermelhados, olhos atentos e ao mesmo tempo dispersos. Ela via tudo. Seus olhos acompanhavam perdidos às ações mútuas do desespero.

Esta demonstrava sua inquietude. Sem opções, aprofunda-se num beco e se esconde atrás de uma lata de lixo. O desespero só crescia.

Com as mãos em volta do corpo ela se agacha e encaixa o rosto entre as pernas, sentindo de primeira o trêmulo completo de si. A garota estava em pânico, como na outra nevasca...

Seu vestidinho preto folgado com a manga direita arrancada fora, permitiu que o frio adormecesse sua pele. As manchas de sangue que continha em sua roupa faziam sintonia com a boca que sangrava; ela se mordia e não sentia. As mãos logo começaram a sangrar, ela as coçava. Gotas quentes escorriam de seus dedos...como almejava algo quente. Por sorte o cabelo da garota estava para trás da mesma, evitando o desejo de arrancá-los.

Tão agonizante que uma senhora anônima corre até a garota junto com um rapaz na retarguada. A senhora não tinha tempo, não poderia esperar a garota tentar pronunciar algo com a aquela boca trêmula.

Apenas um sorriso com a mão estendida da senhora fez com que a garota se rendesse ao rapaz que já a cobria com um casaco grosso e a levantava.

O trio saiu em disparada ao início do beco onde cruzaram numa esquina, tendo como um susto a queda de pessoas logo ao lado.

Sangue. Sangue saía por baixo das pessoas tombadas. E na sua frente, pessoas vestidas de preto e outras completamente mal-vestidas brigavam; facadas e murros eram usufruídos.

Os barulhos eram tão altos mostrando a realidade da situação, mas mesmo assim ela achava que não passava de coisas da sua cabeça.

Sobre o olhar de uma garota(EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora