4 - Como é que é?

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Pois é, sei exatamente o que você deve estar pensando, mas não, eu não fui para a cama com Frederico, conversamos um pouco, dessa vez sem armaduras, e vi que ele até pode ser um cara legal e gentil, mas foi só uma carona, então pare de pensar bobagens.

Na segunda-feira acordo atrasa mais uma vez, minha roupa do dia ficará maravilhosa com saltos, mas não tenho tempo para calçá-los e não conseguiria correr usando eles, coloco um chinelo de dedo, pego meu sapato preto com presilhas no tornozelo e enfio numa sacola, corro porta a fora e vejo que o elevador está na sétimo andar, aperto o botão de forma desesperada, como se isso fosse fazer o elevador descer mais rápido. Então com um "plig" ele finalmente para na sexto andar.

- Bom dia Valéria. – Me cumprimenta a senhora Alba, uma idosa de setenta e oito anos que é um amor de pessoa e mora andar de cima.

- Bom dia! Como a senhora está, melhorou da gripe? – Sim! Eu sei ser simpática e sempre tento praticar a política da boa vizinhança.

- Ah, minha filha, velho nunca melhora, está sempre doente, mas hoje estou mais disposta, por isso vou sair, vou almoçar na casa de uma amiga. – Ela tem sorriso doce e cheirinho de vó. "Plig" o elevador para novamente. Olho meu relógio, são oito e trinta e seis.

- Valéria, Dona Alba, bom dia! – Frederico sorri para mim. Ele sorri! Você está me entendendo? Ele nunca, em hipótese alguma, sorri!

- Bom dia, meu filho! – Dona Alba responde sorrindo.

- Bom dia! – Digo tentando ser simpática.

- Atrasada novamente? – Ele me olha de soslaio. Sabia! Tinha certeza que não seria simpático por muito tempo. Não o Frederico que eu conheço!

- Pois é. – É o que me limito a dizer. Então finalmente o elevador chega ao térreo e eu saio correndo.

- Bom dia, senhor Mauro! – Grito enquanto voou pela porta principal.

- Bom dia, Valéria! Cuidado, não corra muito!

Ele diz mais alguma coisa, mas já estou na rua correndo em direção ao ateliê.

- Quinze minutos! – Diz Guto com excitação no momento que chego à porta do ateliê. – Está ficando boa nisso! Acredito que em breve você chegará no horário certo.

Minha cabeça está doendo um pouco, então ignoro os comentários afiados de Guto, abro a porta e vou para meu escritório.

- Ih! Alguém está na TPM. – Ele resmunga, percebo que vai falar mais alguma coisa, mas então fecha a boca. Garoto esperto!

Pois é, ele estava certo, estou na TPM. Fecho a minha porta, sento enfrente a minha mesa, pego umas folhas em branco, meu estojo de lápis de cor e tento me concentrar em criar um vestido de debutante. Inicio um esboço realmente empolgante, mas minha paz dura pouco, pois escuto batidas e quando olho para cima encontro Guto olhando pelo vidro e batendo em minha porta. Apenas aceno com a mão para que ele entre.

- Desculpe, você não parece bem, posso ajudá-la?

- Se puder trazer um café, ficarei grata.

- Tudo bem. – Mas ele continua na porta me encarando. – E... tem um homem aqui querendo falar com você.

- Um homem? Quem?

- Um tal de Alexandre Farretti, é um bonitão, maduro, alto, em torno de um metro e oitenta e cinco, ombros largos, cabelos castanhos com alguns fios brancos já aparecendo, mas nada que incomode, olhos azuis, sorriso bonito, mas parece tenso, ele é muito charmoso e está de calça jeans, sapato e camisa social.

Uma surpresa para Val ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora