Nunca imaginei que passaria uma noite de sexta-feira trancada em meu apartamento com duas adolescentes assistindo um filme chamado "A barraca do beijo" (MÍDIA). Saí mais cedo do trabalho, e por volta dos oito horas estamos sentadas no sofá, devorando um balde de pipoca e já na metade de um filme adolescente digno da "Seção da Tarde".
- Ele deve ser alto, ou ela muito baixinha. – Comenta Bia, sobre os protagonistas do filme.
- Acho que os dois. – Dou minha opinião. É, o filme até que é fofo.
- Ele é realmente alto. Tem um metro e noventa e três. – Aby responde com o celular na mão. Claro! A resposta de tudo está sempre na palma da mão. – E ela tem um e sessenta e dois. Parece você e o Matheus. – Ela alfineta Bia. – Quando você, finalmente conseguir beijar ele, será uma cena parecida. Você ficará nas pontas dos pés e ele todo curvado. – Aby ri de uma forma que eu não havia visto antes.
- Espera! Matheus é o garoto do shopping? – Pergunto dando início ao que prometi para Alexandre.
- É sim! – Aby responde e vejo Bia ficando muito vermelha, com seus cabelos castanhos avermelhados, por um momento parece que a menina está pegando fogo.
- É... É ele sim. Mas isso nunca vai acontecer. É besteira da Aby. – Seus olhos ficam fixos na TV e ela segura uma almofada com muita força.
- Ué, e porque não? – Pauso o filme e direciono toda a minha atenção para ela, mas ela continua com o olhar fixo na TV.
- É... melhor não contar.
- Conta para ela, Bia, a Val é nossa amiga. – Aby troca de lugar, deixando que Bia fique no nosso meio. – Talvez ela possa ajudar você.
- Se quiser falar, estou aqui, okay? Mas se não quiser, tudo bem, eu respeito isso.
- Fala, Bia! A Val não é sua madrinha, sem falar que seu pai já sabe quase tudo.
- O que aconteceu? Preciso me preocupar com vocês? – Ergo uma das sobrancelhas e alterno meu olhar entre uma e outra.
- Não! – Ela se empertiga e fica ainda mais vermelha. – É que eu gosto muito do Matheus, desde a sétima série. Aí a uns dois meses atrás, o Lipe veio me dizer que o Matheus estava atrás do ginásio e queria falar comigo, mas eu tinha que ir sozinha.
- O que ele fez com você? – Pergunto ficando realmente preocupada com toda essa história.
- Ele não fez nada! – Bia pensa um pouco e depois volta a falar. Nesse momento vejo que e menina é assustadoramente parecida com o pai, a única diferença é a cor do cabelo. – Bem, na verdade não conseguiu fazer. Eu fui até lá, conversamos um pouco e então ele tentou me beijar, mas eu tenho rinite alérgica, e quando ele chegou bem perto, seu perfume me sufocou e eu comecei a espirrar! Não deu tempo de virar e eu espirei no rosto dele! Eu não consigo acreditar que fiz isso. – Não consigo segurar minha gargalhada, fico imaginando a cena. – Ta vendo? Por isso não conto essa parte para as pessoas. – Ela enfia o rosto nas mãos e sua voz sai abafada. – Que vergonha!
- Calma, desculpa. – Digo. – E você falou que tem alergia ao perfume dele?
- Não tive coragem. – Ela volta a me olhar e seus olhos estão brilhando por conta das lágrimas que ameaçam cair. - Eu fiquei com muita vergonha e saí correndo e espirrando. Fiquei dois dias com uma crise terrível. Tenho certeza que ele só fala comigo por causa do Lipe. O Matheus deve me odiar!! – Bia choraminga.
- Ei! Pode acontecer, não foi legal, tudo bem, mas não foi culpa sua. – Digo. - E sim dele.
- EU TENHO ALERGIA AO MATHEUS! – Ela uiva desesperada. – O que eu faço?
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Uma surpresa para Val ✔
ChickLitIndependente, dona seu seu próprio negócio, possui os melhores amigos e frequenta as melhores festas, indiferente de qual dia da semana seja. Essa é Val, e ela não quer mais nada, nem namorado, nem filhos, nada de compromisso, tudo que ela precisa n...