Saio correndo do quarto e sinto que Aby está ao meu encalço. Ao chegar no topo da escada, vislumbro Alexandre próximo aos pés dela conversando com meus pais, só então me lembro de respirar.
- Oi. – Digo do alto, tetando recuperar o fôlego.
- Oi. – Ele responde enquanto Bia acena para mim de forma um pouco tímida.
- Oi Val. – Ela sorri pra mim. Ela sorri! – Viemos trazer o seu presente de Natal. - Bianca balança uma caixa rosa decorada com um lindo laço azul.
- Que isso!? Não precisava de nada. – Digo enquanto desço as escadas, meus olhos não conseguem se desgrudar dos de Alexandre, quero tocá-lo mas tenho medo de ser apenas mais um sonho e de tudo acabar no momento em que eu encostar nele.
- Precisava sim, aliás, eu amei o presente que você mandou, e amei ainda mais o bilhete. – Ele me alcança ao pé da escada e me abraça. - Obrigada!
- Desculpa. – Digo com a voz embargada. – Por favor, me desculpa. – Retribuo seu abraço e a aperto com força.
- Tudo bem. – Ela sussurra em meu ouvido. – Desde que isso nunca mais se repita.
- Eu sei. – Um desanimo me domina, mas isso é o melhor que posso fazer, pela Bia e pela Aby. – Prometo que vou ficar longe do seu pai.
- Não foi isso que eu quis dizer. – Ela sorri e me entrega a caixa.
Abro o laço e encontro pelo menos uma dúzia de rosas da cor do meu cabelo, elas estão ao redor de um porta-retratos branco cheio de pedrinhas rosas, nele está uma foto que foi tirada no Festival da Lua Cheia, onde Eu, Alexandre, Bianca, Abiagil e Jasmim sorrimos, como uma família de páginas de revista.
- É lindo. – Limpo uma lágrima em meu rosto e olho para Alexandre que ainda não disse nada e nem se mexeu. – Obrigada!
- Bem. – Minha mãe suspira, vai andando em direção a cozinha e carrega meu pai junto. – Vou terminar o almoço, afinal as visitas chegaram.
- Que? – Pergunto olhando para Aby.
- Vou mostrar o riacho para Bia. – Ela puxa Bianca pelo braço e as duas saem correndo porta a fora.
- O que isso significa? – Pergunto para a única pessoa que resta no local.
- Que estamos a sós? – Alexandre engue uma sobrancelha dando um sorriso torto e se aproxima um pouco mais.
Eu olhar era intenso, cheio de algo que eu não conseguia identificar. Afeição? Ele tocou meu rosto com tanta leveza que mais parecia uma pluma fazendo cócegas.
- Me desculpe. – Digo num sussurro nervoso. – Nunca tive a intenção de magoar ninguém. Mas posso garantir que sai tão ferida quanto vocês. Eu não imaginei que me apaixonaria por você. Eu nunca havia me apaixonado.
- Ah, Valéria. – Meu nome sai de sua boca como um sopro gentil. E é nesse momento em que nossos lábios se encontram, de forma suave, delicada e um pouco frágil. Muito deferente dos nossos beijos anteriores, não era só um beijo, era muito mais que isso, era a promessa de algo. – Se você prometer nunca mais mentir, tenho certeza de que ficaremos bem. – Ele sussurra entre meus lábios.
- Eu prometo, claro que prometo! – Digo sorrindo e dou um selinho em seus lábios. Então olho para cima. – Estamos sob um ramo de visco, será que tem validade beijar depois do Natal?
- Acho que tem. – Ele me abraça firme e agora me beija da forma tão conhecida. Confesso que estou apaixonada!
- Como sabia que eu ainda estava por aqui? – Pergunto depois que nos largamos e sentamos no sofá.
- Bem, a Bia e a Aby ficaram encarregadas disso, e ao que tudo indica, os seus pais também.
- A Aby? Aaah, não acredito! – Digo pesando onde ela deve ter escondido seu aparelho.
Conversamos por um tempo até que meus pais nos chamam para o almoço, a casa que até então estava silenciosa, provavelmente para nos deixar a sós, voltou a ter um barulho enlouquecedor e ao mesmo tempo maravilhoso.
- Então Alexandre, o que você faz da vida? Vi que tem uma caminhonete, usa ela de verdade ou ela ainda não sabe o que é lodo? – Meu pai pergunta, ele faz essa pergunta a todo mundo que tenha um carro 4x4 e more na cidade.
- Já usei ela algumas vezes, na praia e no campo também. Eu gosto de aventuras, mas não tenho muito tempo. – Por baixo da mesa, ele segura a minha mão, e sinto-me uma adolescente.
Meu pai fica um pouco satisfeito com a resposta, mas reprova a falta de tempo de Alexandre e a conversa segue por todo o almoço, meu pai investigando de forma bem descarada e Alexandre respondendo prontamente todas as perguntas.
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- Você vai para casa hoje? – Alexandre pergunta enquanto caminhamos e eu mostro um pouco da paisagem para ele.
- Daqui a pouco. Porque?
- Bem... Eu estava pensando em fazer um jantar lá em casa, só nós e as meninas, algo em família. – Paramos de caminhar, ele segura minhas mãos e as acaricia.
- Algo em família? Eu gosto de como isso soa. – Depois que as palavras saem da minha boca, eu fico incrédula. Eu nunca gostei disso. Como posso passar a gostar só por causa de uma pessoa? Tá tudo bem, não é uma pessoa, mas sim quatro, mesmo assim, eu nunca me imaginei na posição em que me encontro hoje. Se há seis meses atrás alguém me contasse como eu estaria hoje, eu diria que a pessoa ficou maluca e com certeza mandaria se internar num sanatório.
Sinto como se fosse uma personagem de um filme de romance, daqueles clichês em que a personagem muda radicalmente por causa do amor da sua vida e tudo dá certo no final. Será que encontrei o amor da minha vida? Bem, de fato eu não posso dar certeza, mas eu quero isso, eu quero o Alexandre e cada pequeno pedacinho dele.
- Não disse!? – Aby e Bia aparecem atrás de nós. - Quando duas pessoas nascem para ficar juntas, elas ficarão juntas. – Aby fala, parecendo sonhadora.
- É o destino. – Completa Bia. – Será que seremos irmãs?
- Ei! – Interrompo a reflexão das duas garotas. – Vamos devagar. Por favor. Não queremos atropelar nada! – Me assusto com a ideia de casar.
Não quero criar expectativas sobre um relacionamento que está começando a engatinhar. O futuro é incerto, o melhor mesmo é viver o presente com toda intensidade, as pessoas que pensam muito no futuro acabam perdendo tempo e não vivem o melhor do presente, eu não quero ser esse tipo de pessoa, na verdade, eu nunca fui esse tipo de pessoa, e vocês sabem disso!
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Vocês já sabem, né!? Estrelinhas e comentários são sempre bem-vindos!!
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Uma surpresa para Val ✔
ChickLitIndependente, dona seu seu próprio negócio, possui os melhores amigos e frequenta as melhores festas, indiferente de qual dia da semana seja. Essa é Val, e ela não quer mais nada, nem namorado, nem filhos, nada de compromisso, tudo que ela precisa n...