17 - A lua

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- Estou indo para Londres no domingo. – Fred diz enquanto estamos na sacada bebendo vinho. É apenas quinta-feira a noite, Aby saiu do hospital ontem e agora está deitada no quarto. Parece que os últimos dias aconteceram a um século atrás, mas faz apenas um dia que quase fui presa. – Queria que você fosse comigo, são apenas cinco dias.

- É impossível. – Declaro. Ir para Londres seria incrível, mas não posso deixar a Aby.

- Deixe a Aby com seus pais, eles não chegam no domingo? – Ele insiste.

- Não dá, não é assim, eles nem se conhecem, e Aby está muito frágil.

- Você se apegou demais a essa garota. Nada contra, mas você é nova para ter um compromisso dessas, deveria pensar em ter a própria família. – Seu tom é sério e parece preocupado.

- Fred. – Me endireito na poltrona e viro meu corpo na direção ao dele. – Aby é minha família. Não estou pedindo para que me compreenda. Mas aquela garota é muito importante pra mim. Não vou deixa-la, ela já sofreu demais. Espero que você entenda isso.

- Claro, desculpe. – Ele se encolhe ao ver que a raiva se move em mim. É difícil entender ou explicar, mas a Abigail é parte de mim, e sinto que eu tenho que cuidar dela, sinto que ela precisa de mim.

- Bem, eu preciso dormir, aprecio muito a sua companhia, mas estou cansada.

- Claro. - Ele levanta e me pega pelas mãos. – Desculpe mais uma vez. – Ele fala baixo enquanto me abraça. – Só me preocupo com toda essa sua responsabilidade.

- Eu sei, mas estou bem.

Fred me beija, um beijo suave como um carinho, retribuo da forma que posso, mas acho que ele percebe que não é o suficiente.

- Boa noite. – Ele diz enquanto o acompanho até a porta.

- Boa noite!

Dormir tem se tornado uma tarefa um pouco difícil nos últimos dias, então lembro mentalmente que devo agradecer ao Fred pelo vinho, fazia dias que não dormia tão bem e tão tranquila.

- O que tá rolando? – Aby pergunta durante o café da manhã.

- O que? – Falo distraída.

- Entre você e o Fred! É namoro? – Ela dá um sorriso travesso, mas quando vê minha expressão pega seu copo de achocolatado e toma um logo gole.

- Não! De forma alguma, somos apenas amigos. Não me venha com essas asneiras, por favor.

- Tá. – Ela levanta as mãos. – Tudo bem. Val, sábado vai ter o Festival da Lua Cheia é um evento de música, vai ser no parque ecológico, eu gostaria de ir, o Lipe também vai. – Se rosto fica vermelho de vergonha.

- Senhor! – Olho para o céu e Aby solta uma gargalhada. – Você vai se comportar? – Pergunto a ela.

- Na verdade, eu queria que você fosse. Só por garantia. Estávamos pensando em fazer um piquenique. É ao final da tarde, então vai ser bem legal. O que acha?

- Um piquenique com direito a show musical? – Ela me olha com expectativa.

- Isso mesmo.

- Vou pensar. – Repondo quando vejo a hora. – Tenho que ir trabalhar, conversamos sobre isso ao meio dia. Okay?

- Tudo bem, vou aproveitar a manhã e estudar para as provas que farei na semana que vem.

- Certo. – Dou um beijo em sua testa e depois me sinto patética por fazer isso. – Tchau.

Uma surpresa para Val ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora