Então, resumidamente, é assim que me encontro no momento, Abigail está me ignorando tanto quanto pode, as aulas acabaram na semana passada e ela foi para o interior, disse que queria passar algum tempo com meus pais. Escolha que me deixou muito chateada, já que estava preparando alguns atividades legais para as férias dela, eu até pegaria alguns dia de folga. Terminar com Fred foi bem complicado e estranho, já que na minha mente eu não tinha nada com ele, mas no final das contas ele concordou que nós dois não combinamos. Quanto ao sapato culpado de grande parte da confusão? Bem, eu tentei devolvê-lo, mas Fred foi relutante e não aceitou a devolução, ele disse que era presente, e que não se devolvia presentes, até pareceu ofendido com a minha atitude, ele também falou que não teria nada o que fazer com um sapato daqueles, a única pessoa que usaria era a irmã dele, mas ela calça 35. O que somos hoje? Acho que vizinhos é a palavra que nos define melhor, não troamos mais farpas como antes, mas também não conversamos muito, apenas papo de elevador, que começa ali e terminam de qualquer forma quando as portas se abrem.
- Vai passar o natal onde? – Ele me pergunta quando estamos descendo no elevador.
- Não sei, acho que vou a uma boate nova que fica próxima ao lago. E você? Vai fazer o que?
- Vou tirar duas semanas de folga e vou para a casa dos meus pais, meu pai precisa de ajuda na reforma da casa deles, ele teima que não precisa contratar um pintor, que pode fazer isso sozinho, então vou para garantir que ele não acabe caindo da escada ou algo similar.
- É... é sempre bom estar com a família. – Sorrio e quando a porta se abre me despeço. – Tenha um bom dia.
- Você também. – Ele diz antes de a porta de fechar e descer para o subsolo.
A única coisa boa que me aconteceu foi o fato de Fred não ter ficado tão bravo comigo, em compensação, Alexandre passou a ignorar todas minhas ligações e mensagens, na verdade acho que ele me bloqueou, a única vez que consegui falar com ele nós tivemos uma grande discussão, obviamente ele não aceitou meu pedido de desculpas e também não me deixou falar com Bianca, não que ela faça muita questão de falar comigo.
O natal está chegando, essa sempre foi a melhor época do ano para mim, festas de confraternização, comprar presentes, as luzes e cores vivas, a chegada do verão, praia, cerveja gelada... mas nada disso me anima e cada dia que passa fico ainda mais agitada com a aproximação do processo de adoção.
- Não vai dar certo. – Choramingo para o advogado que está sentado à minha frente. – Eu não vou conseguir.
- Valéria, sabemos que você teve contratempos, mas todo mundo tem, principalmente quando se trata de adolescentes. - Ele tenta me acalmar. – Não adianta ficar pensando nos erros, você fez muitas coisas pela Abigail, concentre-se nisso, naquilo que você fez para melhor a vida dela. Nós também temos testemunhas fortes ao seu lado, pessoas que viram o seu zelo por ela.
- Testemunhas? – Ergo uma sobrancelha. – Não imaginei que um processo de adoção precisasse disso.
- Claro que precisa, o juiz quer ouvir de outros como foi sua convivência com ela, precisam ter certeza de que você é a pessoa certa para isso.
- Puff, então fodeu, nunca vou conseguir adotar a Abby. Quem são as testemunhas?
- Primeiro, sem palavrões, por favor, principalmente em frete ao juiz, já falamos sobre isso.
- Claro. – Aceno com a mão. – E as testemunhas?
- São seus pais, o seu sócio, Augusto, o doutor Alexandre, e a própria Abigail, a opinião dela é a mais forte, é claro, mas só será levada em conta conforme os outros testemunhos.
- Está falando sério? – Dou um salto da poltrona onde estava sentada e o advogado leva um susto. – Eu nunca vou conseguir. Meus pais querem a guarda a Abby, o humor do Guto varia muito conforme sua vida amorosa, o Alexandre me odeia, e a Abby está querendo morar com meus pais. Eu nunca vou conseguir, é simples assim.
- Bem, então talvez seja melhor que a Abby viva com seus pais, você não acha? Eles tem experiência.
- Não! – Eu grito e o advogado sorri. – Eu... eu preciso da Abby. Ela é importante para mim. Eu não posso perde-la. – Meu coração se aperta com a possibilidade de não ter mais Abby dentro da minha casa, esses dias sem ela já estão sendo terríveis o suficiente.
- Se você tem tanta certeza, então talvez valha a pena lutar por isso. O que você quer Valéria? Ter Abigail como sua filha ou como sua irmã? Você pode escolher. Pense nisso, nós voltaremos a nos encontrar no dia do processo, me dia antes de ficarmos frente a frente com o juiz.
- Eu vou ver o depoimentos? – Talvez isso me ajude a decidir.
- Não. Todos os depoimentos serão dados separadamente.
- Tudo bem. – Aperto a mão dele. – Nos veremos amanhã. – Saio do escritório tentando segurar as lágrimas, nunca me senti tão sozinha na vida.
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*Não esqueça da sua estrelinha ⭐, ela é muito importante!!❤
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Uma surpresa para Val ✔
ChickLitIndependente, dona seu seu próprio negócio, possui os melhores amigos e frequenta as melhores festas, indiferente de qual dia da semana seja. Essa é Val, e ela não quer mais nada, nem namorado, nem filhos, nada de compromisso, tudo que ela precisa n...