Capítulo 1

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— Isaura, você está acordada? — A idosa se mexeu na cama. — Isaura, acorda, por favor! Janete sacudia a velha enquanto chamava seu nome. — Acorda vai, preciso contar uma novidade!

Com toda a paciência do mundo e um sorriso no rosto, a velha sentou-se na cama e acendeu o abajur. — O que houve, menina? Já é hora de acordar? — Procurou o despertador sobre a mesinha ao lado da cama.

— Não, velhinha doida, é meia-noite ainda. Tenho uma novidade maravilhosa pra você.

A jovem pulava na cama abraçando e beijando a mulher de idade. — Fala logo menina. O que aconteceu?

Janete vibrava.

— Lembra daquela professora de Linguística que tinha me prometido um estágio remunerado lá na Rural? Então, consegui. A vaga é minha!

Isaura bateu palmas.

— Estou tão feliz, vou poder até largar as faxinas agora, Isaura, vou ganhar para estudar e precisarei de mais tempo para me dedicar à faculdade e ganharei um pouco mais de dinheiro. Não é maravilhoso?

O rosto da idosa se iluminou.

— Você fala rápido demais, mas entendi tudinho! Minha menina, Deus ouve minhas orações sempre. Que bom que isso lhe aconteceu. Que bom que você está tão feliz. Está tarde, não? Agora, você precisa dormir. Vou colocar seu jantar, enquanto isso tome um banho e mude essa roupa. Você deve estar exausta!

A jovem empurrou com delicadeza a idosa de volta para a cama.

— Eu estava tão empolgada que precisava te contar, desculpe, nem percebi que era tão tarde. Durma, não se preocupe comigo. Eu já coloquei as panelas para esquentar enquanto vim falar com você. Fique tranquila, por que está tudo ótimo! — Beijou a senhora, apagou a luz, saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

Janete estava radiante com a oportunidade oferecida por sua professora. Como perdeu seus pais cedo e precisou se cuidar sozinha, sempre fez de tudo um pouco: limpava as casas das pessoas da cidade onde mora, dava banho nos cães, cuidava das crianças. Ou trabalhava ou morria de fome. Seus pais sempre lhe ensinaram a ser independente, a estudar, a ter uma atividade e a cuidar de si. Não poderia jamais decepcioná-los, onde quer que estivessem. Seu esforço e seu trabalho não tinham fim e a palavra cansaço definitivamente não constava de seu dicionário. Nunca parou de estudar, aliás, estudar era seu único passatempo. Seu sonho era ser professora de Linguística. Pesquisadora também. Os sons das palavras, sua formação, como se adquire a linguagem, tudo a fascinava e estudava durante o tempo livre. Conseguindo agora essa vaga na monitoria da universidade, as coisas ficariam mais fáceis para ela. Trabalho não era problema. Queria mais.

Voltou para a cozinha e verificou as panelas, o jantar já estava aquecido. O aroma era maravilhoso e mesmo sendo tarde, com aquele cheiro bom, não tinha como não ter apetite. Comeu um pouco e enquanto isso revisava seus cadernos e livros com atenção. Enquanto fazia isso, normalmente à noite, pensava em sua vida, em seu trabalho e em Isaura.

ABDUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora