Capítulo I

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1 de Setembro

Foi uma bela maneira de terminar as férias de verão, brigando com Tyler e Noah.
Eles tiveram culpa! Não podiam se safar!
Era o meu livro favorito, com capa de edição limitada. Seria impossível achar outro igual. Argh, se eu não amasse tanto Noah, eu estaria o odiando.
—Hey, Emy! - chamou Bella, minha melhor amiga.
—Hey, Bella! Você está bem?
—Tudo ótimo e você?
—Raiva e ranço, mas tirando isso, maravilhosa! - sorrio forçada.
Bella ri de mim.
—Aí, Emilly, você é uma deusa! - comentou.
Dou de ombros. O sinal tocou.
Por uma terrível obra do destino, Bella não era da minha sala e ela teria que ir para alguma aula chata de sei lá o que, enquanto teria que aguentar uma aula vaga sem minha melhor amiga.
—Até, Emy!
—Até!
E se foi, me deixando sozinha.
Logo algumas salas da universidade entraram.
Minha escola é do Ensino médio à faculdade. A universidade é o prédio ao lado, só tem as salas, o pátio e a quadra são divididos.
Vi as D.A.N., as populares do ensino médio. D de Daniela, A de Anna e N de Nay. São garotas insuportáveis.
—Emilly...? - ouço.
Encaro aquele ser ridículo.
—Ainda está brava comigo?
—Por que não vai ficar com meu irmão? - rebato.

Não quero, Pequena. - ele senta ao meu lado.
—Vai embora, Noah! - esbravejo.
Noto o olhar das D.A.N..
—Qual era daquele livro?
—Era meu livro favorito, Noah Flynn! Meu livro favorito com capa de edição limitada! Eu nunca vou achar outro igual! - falei, meio chorona.
—Eu achei.
Encaro ele, pensando que era brincadeira.
—Você o quê?
—Eu achei o livro, com a capa de edição limitada e com... um autógrafo - disse, pegando o livro na mochila e mostrando pra mim.
Arregalei os olhos e fiquei boquiaberta.
—Oh, meu Deus, Noah! - pulei no pescoço dele, o abraçando - Você é um máximo! O melhor! Eu amei, Noah!
Peguei o livro e fitei a capa.
—Não pense que estou sendo legal, Tyler que me obrigou a fazer isso.
Fecho os olhos. Obrigação, é claro! Por que Noah seria tão legal a ponto de comprar um livro pra mim?
Isso é ridículo, mas já estou acostumada.
—E... Isso te torna um incrível babaca! - fiz positivo com as duas mãos.
—Ah! Aí está você, Noah! Vem, vamos comer alguma coisa! - falou Tyler, se aproximando.
Me deu um beijo na bochecha.
Noah se levantou e seguiu Tyler.
—Hey, Noah! - gritei, o chamando, ele olhou pra trás - Obrigada!
Ele me referenciou, brincando, e sorriu.
Abri o livro e lá estava o autógrafo. Não era o que eu pensava, mas enfim.
Desculpa pelo livro, mas aqui está outro.
Te adoro, garota chata
Boa leitura, Pequena.
Sorrio, aí esse garoto.

1 de Setembro, à noite

Coloquei o pijama e fiquei mexendo no celular.
—O quê?! - ouço Tyler falar ao telefone - E por que não vai pra casa?... Sei lá... Tá, tá vem logo, tá me deixando preocupado, cara.
Desligou e jogou o celular na cama, passou a mão pelos cabelos.
—O que foi? - perguntei sem tirar os olhos da tela.
—Noah se meteu numa briga.
Noah Flynn, um garoto que só se mete em brigas, tanto por puro querer quanto para defender as pessoas.
Ele briga assim desde que tinha nove anos, pelo que eu me lembre.
Garoto babaca.
—Mamãe tá em casa?
—Tá, mas daqui a pouco ela vai pro hospital, pro Platão noturno dela.
—Ahnn... Consegue fazer alguns curativos nele?
Dou de ombros.
—Mãe! O Noah tá vindo pra cá! - gritou.
—Tá bom!
Passou vinte minutos até que a campainha tocou.
—Oi, filho! - ouvi a mamãe falando - Oh, meu Deus! Sobe, peça pra Emy cuidar de você, tenho que ir trabalhar.
Logo Noah aparece no quarto, todo machucado.
—Noah! - exclamo e Tyler o encara.
O olho direito estava roxo e havia milhares de escoriações pelo corpo, o antebraço e a canela estavam sangrando.
—Caramba, você apanhou muito, cara!
—Tyler, cala a boca! - pego a mochila dele, a deixo perto da minha cama e o levo até o banheiro do quarto - Vai pegar o kit de primeiros socorros, tá no banheiro da mamãe.
O garoto saiu correndo do quarto.
Me agachei, mesmo ele já estando sentado na borda da banheira.
—O que houve?
E pela primeira vez, vi Noah Flynn chorando.
—Noah... - sussurrei.
—Eu apanhei, Emilly! - falou com raiva, mesmo com a voz embargada - Vi uma garota sendo empurrada por uns caras e fui defender ela e eu apanhei. Apanhei muito.
Ele fungou.
—Eu... - não conseguia encarar ele - Eu sinto muito, Noah, mas eu vou cuidar de você!
Ele levantou minha cabeça com o indicador e deu um pequeno sorriso.
—Você se preocupa de mais, eu vou ficar bem.
—Sim, vai ficar assim que eu cuidar de ti! E - respondi, disfarçando o constrangimento.
Por que eu estou com vergonha? Isso não tem sentido!
Convivo com ele desde que nasci e por que estou assim?!
Nos encaramos por longos minutos.
Pigarriei e olhei pra porta.
—Tyler, anda logo! - gritei.
Ele entrou no banheiro e me entregou a pequena caixinha.
Abri e comecei a cuidar de Noah.
Vi a cara de nojo de Tyler, ele não suportava sangue, por causa disso Noah havia cuidado do meu primeiro joelho ralado.
—Tyler, pega um pano!
Logo ele trouxe um pano e me entregou, logo se foi.
Levantei e o molhei na pia, torci e voltei a Noah.
Comecei a limpar o sangue de seu braço.
—Argh! Isso arde! - reclamou.
—É água, Noah!
—Arde! - falou, se mexendo.
—Para de se mexer!
Ele se mexeu de novo e eu perdi o equilíbrio.
—Aí! - reclamei, quando cai, quer dizer, eu tava agachada, mas doeu de qualquer forma.
Noah soltou uma risada.
—Não tem graça! - levantei e peguei a mão dele, puxando o braço - Agora fica quieto!
Terminei de limpar e fui pra canela.
Passado alguns minutos, coloquei o último curativo.
—Pronto.
—Vai ser uma ótima médica, Dra. Emilly Evans.
Sorrio e faço uma reverência.
Ele riu.
Lavei as mãos e joguei o pano no lixo, estava muito sujo e contaminado.
—Obrigado, Emilly! - disse, já de pé, atrás de mim.
Me virei e notei que ele estava muito perto.
—Ahnn... De nada. Agora estamos quites pelo livro.
—É.
—Vamos comer, mamãe deixou lasanha!
Nos afastamos e saímos do banheiro.
—Sem sangue?
—Sem sangue.
Tyler levantou e desceu as escadas conversando com Noah, eu fui atrás.
Sorri.
Balanço a cabeça. O que tá acontecendo comigo?

O Melhor Amigo Do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora