Capítulo XII

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11 de Setembro

Emilly

—Sai daqui, Flynn! - vociferou meu irmão.
—Eu vim falar com a Emilly, Tyler!
—Ela não quer...
—Ty...? - chamo, interrompendo a futura discussão, ambos olharam pra mim - Nos deixe a sós, por favor.
Tyler resmungou bastante, até que saiu.
Noah sentou ao meu lado.
—E então? - dou um jeito de me sentar na cama, de forma que o fio do soro não se soltasse do meu braço.
—Eu sinto muito.
Passou alguns segundos. Ele só tinha isso a dizer? Eu me afoguei! Eu quase morri! E ele só tem isso a dizer?
—Só tem isso pra falar, Noah? - perguntei, tentando agir com ignorância, mas eu não consigo.
—Não! - se exaltou - Claro que não! Tenho muito mais a falar, só não tenho palavras pra dizer o quanto estou arrependido e...
—Não seja clichê! Você cedeu aos encantos daquela megera desalmada!
—Emilly, eu...
—Chega, N... - sou calada por um beijo.
Nos afastamos.
—Eu amo você mais do que tudo. Eu, realmente, sinto muito pelo que aconteceu. Daniela me dro...
—Chega, Noah! Não quero saber!
Ele abaixou a cabeça.
—Eu sinto muito - me deu um beijo na testa e se foi pra porta.
E se vai.
Olho pro teto e suspiro.
—As coisas são complicadas de mais.

15 de Setembro

—Emilly! - gritou alguém.
Me viro e encaro Collin.
—Você está bem? Noah voltou a te atormentar?
Mordo os lábios.
—Ahnn... Não, não voltou. Meu irmão também está preocupado com isso, então...
O sinal toca, me despeço dele e sigo para sala, com Nay.
—Você nunca vai perdoar Noah? - questionou ela.
Contei apenas pra Nay, o que houve no hospital, nem para Bella contei. Mas pensando bem, a Bella anda meio sumida. Nunca mais vi ela.
Dou de ombros à questão da garota.
—Todos estão odiando ele agora. E mesmo que não foi culpa dele, aconteceu, então...
—Milly, não que eu ache que não está certa, mas acho que deveria ouvi-lo.
Suspiro.
—Deixe as coisas se acalmarem.
—Quando elas se acalmarem pode ser tarde demais - desvio o olhar - Mas... Sou uma amiga, independente do faça, estou aqui.
—Valeu, Nay! - nos abraçamos.
—Mas você sabe que se acontecer merda, eu vou jogar na sua cara, né? - nos separamos e rimos.

—Oi, Milly!
—Oi, Miguel! - sento ao lado dele.
—E aí, como você tá?
Suspiro e encaro um casal dividindo o sorvete.
—Não sei. Talvez eu esteja bem, talvez não. - dou de ombros.
—Tudo vai se resolver, Milly, não se preocupe.
—E você? Está bem? Fiquei sabendo que você anda conversando com Sam.
Ele sorriu envergonhado.
—Estou ótimo e sim, ando conversando com ela e tal.
—E...?
—Ela é incrível! Magnífica! Um anjo! O amor da minha vida.
Rio dele e continuamos nossa conversa.

—Cadê?! - me exalto - Cadê essa merda?!?!
—O que foi, tampinha?
—Meu diário! Ele sumiu! - me viro pro Tyler - Você não pegou, né?
—Por que eu iria pegar? - rebateu, sem tirar os olhos da tela do notebook.
Olhei debaixo da cama, no meio das roupas, debaixo do colchão, revirei as gavetas da escrivaninha. Tudo! Não estava em lugar nenhum.
Encaro Tyler, me aproximo e roubo seu celular.
—Milly! - esbravejou.
—Tyler, alguém entrou nesse quarto?
Ele olhou pro teto, pensando.
—O Gustavo.
—Só?
—E a Malena.
—O QUE?!?! Eles ficaram sozinhos aqui?
—Ahnn... Não?
Não... Aí meu Deus!
—Tyler James Evans!! - grito - Eu não acredito nisso!
—Qual é o problema, Milly? - ele se levantou e pegou o celular da minha mão.
—Você tem noção do que é meu diário nas mãos daqueles lunáticos?!? - grito - É como um botão detonador! E a bomba é a minha vida!
—Não exa...
Aponto o dedo na cara dele e trinco os dentes.
—Se acontecer alguma merda, James, você será um Evans morto! - me viro e pego meu travesseiro, cobertor e celular.
—Onde você vai?
—Dormir na sala! Não quero ver sua cara mais.
E sai.

16 de Setembro

Não consegui fechar o olho!
Milhares de coisas passaram pela minha cabeça e tudo envolvia a megera da Daniela. E tudo acabava em uma explosão atômica.
Reviro os olhos e levanto.
Entro no quarto, ouço o barulho do chuveiro, pego minha roupa e vou pro banheiro de hóspedes.
Ligo o chuveiro e sinto a água gelada escorrer pelo meu corpo. Sim, gelada, só pra acordar.
Ouço meu celular tocando, seco a mão na toalha e o pego.
—Oi.
—Miga, passa na minha casa antes de ir pra escola?
—Ué, por que?
—Preciso da sua ajuda e necessito te contar uma coisa.
—Ok, Nay. Só vou terminar de tomar e logo passo aí.
—Obrigadaaa!!! - gritou - Tchau! Beijos!
—Beijos!
Desligo o chuveiro e a ligação.
Me troco, faço uma make básica - pra esconder as olheiras - e desço.
—Bom dia, pessoal! Estou atrasada pra passar na casa da Nay, então... Tchauzinho, amo vocês!
Pego minha mochila na cadeira da sala de jantar e saio.
Pego o carro e passo na casa da garota.
Buzino e logo ela sai.
—No quê você quer ajuda?
—Ajuda pra escolher um look para um encontro.
—Wow! - tamborilei os dedos no volante - E o que você necessitava me contar?
Ela olhou pra janela, enquanto eu parava o carro.
—Ontem, eu vi Malena e Gustavo andando pela rua com o seu diário.
Eu não mostro meu diário pra ninguém, ninguém nunca o leu, nada. Mas Nay conhecia a capa dele, sabia que tinha uma caneta presa por uma fitinha brilhante.
—Por Dios, Nay, mi vida acabó!
—Milly, fica calma, você tá falando em espanhol!
Respiro fundo.
Saímos do carro e entramos no inferno, digo, escola.
—Querem saber os segredos dela? - ouço a voz da Bella.
O que?
Nos aproximamos da multidão.
O que poderia acontecer? Acabarem com a minha vida? Ali tem todos os meus segredos, todos meus anseios, todos os meus dias. Bons e ruins, desde que começou o Ensino Médio.
Ali tinha tudo sobre o que eu sentia em relação ao Noah. Tudo. Até as coisas mais recentes, como a cena do hospital.
Entrei no mar de alunos e nadei entre eles até sair no epicentro daquele lugar.
Tudo estava no maior silêncio.
Nay surgia atrás de mim.
Observei as pessoas.
Tyler, estava na minha frente, na outra borda, parecia curioso. Ele sempre quis ler meu diário.
Uns cinco ou sete alunos de distância, estava Noah, encarando as garotas a sua frente.
O que estava mais perto era Miguel, que estava à direita de Tyler, a minha esquerda, no caso.
Como eu disse, tudo estava em silêncio.
Era a calmaria. Antes do furacão.

O Melhor Amigo Do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora