Capítulo VI

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3 de Setembro

—Noah?
Ele estava na sacada, apoiado na grade, observando a piscina.
Me aproximei dele, me apoio na grade ao lado dele.
—Você não devia conversar com estranhos, sabia? - comentou, parecia chateado.
—O que?
—Eu vi você na praça, falando com um garoto. - respondeu.
—Ah, Noah, não se preocupe, ele...
Me vi presa em seus braços, suas mãos apoiadas na grade.
—Noah, o que você está fazendo? Não vai começar com isso de novo, né?
—O que foi? Por que fica tão incomodada com minha aproximação? Nunca ficou assim... - comentou.
Senti o hálito quente de menta acariciando meu rosto.
—Noah... - arfei.
—Emilly, eu... - sussurrou, contra meu rosto.
Ele ia terminar sua fala, mas ouviu o barulho da porta e se afastou rapidamente.
Era Gustavo.
—Vamos no McDonald's, querem ir? - pergunta ele, na porta.
—Ahn... Não, obrigada, estou cansada.
—Vou... Eu vou, já estou descendo.
Gustavo se foi.
Nos encaramos por alguns segundos.

Bem, eu vou indo, depois nos falamos, Emy.
Ele estava indo.
Encarei suas costas por alguns segundos.
—Noah! - chamei, ele olhou pra trás.
Corri até ele e o abracei, ele se surpreendeu, mas logo correspondeu.
Nos afastamos.
—Não deixe a Dani chegar perto de você - falei.
Noah sorriu, deu um beijo na minha testa e se foi.
Fiquei encarando a porta fechada.
Foi aí que eu caí na real.
Por que eu disse isso?
Aí meu Deus! Eu não acredito nisso!
Meu celular vibrou no bolso, me assusto.
Pego o aparelho, vejo um número desconhecido.

"Oie, é o Collin"
"Da praça"
"Vc tá aí?"

Respondo que sim, sento na cama e espero sua resposta.

"Collin

Já tá em casa

Já e vc?

Tbm. Fzndo o que?

Nada.

Quer ir no McDonald's?

Não sei

Vai. Não qro ir sozinho.

Tá. O McDonald's da rua principal?

É. Nos encontramos lá.
Bjs, até daqui a pouco.

Até."


—Tyler! - gritei.
—Fala logo, vamos...
—Eu quero ir. Espera aí!
Vesti uma blusa diferente, soltei o cabelo, passei perfume e desci.
—Por que mudou de ideia? - questionou Noah.
—Ahnnn... Vou encontrar um amigo lá.
—Amigo? Pensei que só tivesse a Bella de amiga.
—Excluída. - tossiu a Dani.
Dou de ombros.
—Novos amigos nunca fizeram mal a ninguém.
—Pega o seu carro, então. Vamos na van do Gustavo.
Argh! Eu poderia ir sozinha sem eles.
Reviro os olhos e vou pra garagem.
Pego a chave.
—Eu vou com você.
—Noah? - surgiu aquele silêncio - Responde minha pergunta primeiro.
—Que pergunta?
—O que você ia dizer?
Ele desviou o olhar.
—Eu ia dizer que não posso vê-la com outra pessoa além de mim - ciúmes, apenas? - Não consigo viver sem você...
—Noah, nós crescemos juntos, é normal. Você se...
—Não! Isso é só com você! Eu posso viver sem Tyler ou Miguel o tempo que quiser. Mas você... Argh! - ele passou a mão pelos cabelos - Você faz meu coração acelerar, você me faz ficar nervoso e... Eu não sei o que é isso. Poderia me dar diagnóstico, Dra. Evans? - perguntou sussurrando no meu ouvido.
—Ahnn... Com a experiência dos diagnósticos da minha mãe, isso se chama... - suspiro, merda. Admitir isso, sério? - Amor.
Ele se afastou e me encarou profundamente.
—V-vamos! Entra no carro! - falei.
Ele se recompôs e roubou minha chaves.
—Eu dirijo.

O caminho foi silencioso, ele parecia pensativo.
Argh! Por que fui falar aquilo? Eu poderia ter dito que era dor de estômago!
O que seria engraçado.
Entro na lanchonete, vi o "galera" do meu irmão e, do lado deles, Collin.
Noah e eu caminhamos lado a lado.
Vou até Collin.
—Oi, você veio! - exclamou animado.
—É, eu disse que viria, não?
Ele sorrio.
—Eu já fiz os pedidos. Não se incomoda de comer um X- burguer duplo, né?
Nego com a cabeça e ele solta o ar aliviado. Rio.
—Ahnnn, Emilly, você conhece eles? - apontou com o queixo a mesa ao lado.
Tyler, Noah e Miguel encaravam.
Quando olhei pra eles, viraram o rosto.
Suspiro.
—Meu irmão e seus amigos, todos protetores e ciumentos.
Collin riu.
—Quer ir para outro lugar?
Nego.
Logo os lanches ficaram prontos, enquanto comíamos, Collin e eu conversamos muito e descobrimos que gostamos de muitas músicas em comum.
Notei umas três vezes os olhares dos meninos.
Vou quebrar a cara deles.
—Um minuto.
Me levanto. Com uma mão, pego o colarinho de Noah e Tyler e, com a outra, o de Miguel.
Os puxo pra fora.
—Caramba, vocês poderiam não serem tão... Tão... Argh! Protetores?! - me exalto - Merda! Eu vou fazer 17 anos, não tenho mais cinco anos, meninos!
—Não confio nele - disse Noah.
—Não fui com a cara - falou Tyler.
—Não gosto dele - completou Miguel.
Massageie as têmporas.
Suspiro.
—E o que vocês querem que eu faça? - questiono.
Apesar de tudo, eles sempre estiveram certo sobre as pessoas ao meu redor. Principalmente, quando foi Andrew.
—Se afaste, sente ali com a gente. - sugeriu Noah.
—Pode até chamar ele.
—Mas você vai sentar do lado de Noah.
Noah é o que está mais afastado das duas cadeiras vagas.
—Ok, ok. Vamos logo.
Entramos novamente.
—Ahn... Collin, vamos sentar ali? - sugiro.
—Ué, por que?
—Sei lá, eles chamaram - sorrio amarelo.
Ele comprimiu os lábios, mas foi.
Sentei do lado de Noah e Collin, do lado de Tyler.
Meu irmão ficou o observando minuciosamente.
—Perdeu o olho, cara? - Collin se irritou.
—Miguel - sussurrei no ouvido do garoto - Fala pro Tyler parar com essa merda.
Miguel passou a mensagem e Tyler olhou pra mim.
Repreendo ele com o olhar.
Depois disso, tudo se acalmou. Até Daniela está de boa.
Todos terminaram de comer e ficamos conversando.
Collin pegou amizade, no fim, com todo mundo, até com Tyler.
—Então, sobre o que disse... - sussurrou Noah, alto o bastante só para que eu ouvisse. Encaro ele - Quer dizer que amo você?
É, eu poderia ter dito que era dor de estômago.
—Me diga você, Noah - sussurrei de volta, me levanto - Eu vou indo. Tenho que terminar um trabalho.
Dou um beijo na bochecha de Noah, Miguel e Tyler.
—Eu te acompanho.
Tyler fuzilou Collin com o olhar.
—Ahnn... Não precisa, sério. Eu tô de carro e, bem, ele tá todo sujo.
Collin murchou e assentiu.
Sai de lá, o mais rápido que consegui.
Cheguei em casa, fui pro quarto.
Aí Deus.
E eu voltei a pergunta, que vive me atormentando nos últimos dias: Amo Noah Flynn? Ou eu estou carente?
Eu não sei.
—Merda. - murmurrei, no quarto vazio, apenas para as paredes.

O Melhor Amigo Do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora