Capítulo XV

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18 de Setembro

Emilly

Suspiro e observo a brisa brincar com as folhas das árvores.
—Milly? - alguém me chama.
Noah. Inspiro profundamente.
—Sim, Noah? - encaro ele.
Noah sentou ao meu lado, no meio-fio.
Ele fixou o olhar no fim da rua, não me encarando. Ele coçou a nuca.
—Bem, eu queria me desculpar. Pedir pra perdão, na verdade. - disse receoso.
Encaro o céu, solto o ar.
—Ok. - falo.
Ele se vira bruscamente pra mim.
—O que foi? - questiono curiosa.
—Pensei que eu iria passar horas pedindo perdão pra você!
Rio. Meu Deus!
—Besta! Tá tudo bem, acho que você quitou sua dívida - dou de ombros.
—É... - ficamos nos encarando.
Houve um silêncio, um longo silêncio. O céu escurecia, ou melhor, tornava-se avermelhado e alaranjado.
—Amanhã, você que ir na praça? - pergunta.
—Anhhh... - fico mexendo nos dedos, nervosa.
—Quer dizer... Se você não quiser, tudo bem. Eu nem sei o porquê de...
—Hey! - o interrompo - Tá tudo bem! Eu vou! Que horas?
Ele sorriu. Ah, Noah, seu lindo sorriso mexe comigo.
—Às 14 horas, que tal?
Assinto.
Noah olhou pro céu.
—Bem, eu tenho que voltar pra casa, senão minha mãe quebra minha cara! - fala, se levantando e se limpando.
Ele estende a mão, seguro ela e me levanto.
—Até amanhã, Noah! - dou um tchauzinho com a mão.
Me viro pra entrar em casa.
—Não! - me viro pra ele.
Sou surpreendida por seu beijo, ele me puxou pela cintura, enlaço meus braços em seu pescoço.
Nos separamos.
—Te amo, Pequena.
Sorrio, com um rubor nas bochechas.
—Também te amo, Babaca!
Dei um selinho nele e sai de seus braços, entrando em casa.
Encostei na porta, recém fechada, passei os dedos pelos lábios e sorri.
Aí esse garoto vai me deixar louca!

Noah

Fui pra casa e fui saudado por algo sendo arremessado na minha direção.
—Onde você estava, moleque?! - vociferou minha mãe.
—Com os Evans! - respondo, tentando subir para meu quarto.
Ela segurou meu braço, me mantendo preso àquele lugar.
—Cansei de você andando por aí, sem minha autorização!
—Eu já sou maior de idade, sua louca! - exclamo.
O que ninguém sabia, nem mesmo Tyler ou Emilly, é que minha mãe é alcoólatra e sempre tem esses surtos.
Mas, apesar de tudo, ela sempre mantém a aparência ao mundo exterior.
—Enquanto estiver debaixo do meu teto, tem que me obedecer! - rebate.
—Não! - reluto.
Ela me lançou um olhar mortal e apontou o dedo na minha cara.
—Arrume suas coisas, você vai morar com seu pai!
—Ótimo, assim serei livre de você! - não me entendam mal, eu amo minha mãe, mas tem vezes que eu canso dela.
Comecei a subir as escadas, querendo paz.
—Na Itália! - gritou, quando eu já estava no topo da escada.
Itália? Quase do outro lado do mundo?!
E Tyler? Emilly?!
Respirei fundo.
E entrei no meu quarto, querendo chorando.
—Eu não acredito... - exasperei, derrotado.
Não quero ir embora, mas também não quero ficar.
Pego meu celular e ligo pra Tyler.
—E aí?
—Você tá ocupado?
Ele pareceu pensar.
—Não, por que?
—Podemos no encontrar na frente do McDonald's?
—Agora? - resmungo um sim - É que a Emilly vai ficar sozinha e...
—Não tem problema, pode ir! - ouço minha garota falar.
—Ahn, beleza, então. Em quinze minutos?
—É. Até daqui a pouco.

Com muita dificuldade, eu saí de casa e fui pra lanchonete.
—O que foi? - questionou Tyler, assim que cheguei.
—Eu vou me mudar.
Vejo a cara de surpresa se transformar em confusão.
—Pra onde?
Comprimo os lábios e olho pro outro lado.
Solto o ar, tentando não surtar.
—Itália, Tyler.
—É o que?!?!?! - exclama.
—É, briguei com minha mãe e ela vai me mandar pra Itália, pra morar com meu pai.
Tyler passa a mão pelos cabelos.
—Vai contar pra Emilly, né? Ela apareceu super animada hoje, disse que você a chamou pra sair e...
—Eu sei! Eu vou contar. Amanhã.
Conversamos mais um pouco e fomos pra casa.
Passei a noite em claro, pensando.

O Melhor Amigo Do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora