Estrelas Me Guiam - EM REVISÃO

Dilemas de uma vida real

Bloco de Notas 
Domingo 22:35 pm

Às vezes acho que eu não estou vivendo o suficiente, que a vida está passando e eu estou ficando para trás. Tudo hoje em dia tem acontecido tão rápido e o meu ritmo de "jovem" que deveria acompanhar parece desacelerar.

Eu não vou mentir, sim, eu me comparo com as pessoas, às vezes olho para a minha realidade e quero ter a vida que todo mundo posta no Instagram.
É o inevitável mal do século. 

Por mais que eu tente fingir, sabotar a minha essência, no fim não tenho para onde fugir - o meu interior grita lá do fundo e diz "você não é assim!".
A verdade é que eu corro de tudo o que sinto que é vazio, amizades sem entrega, amores rasos e superficiais, baladas lotadas, corações gelados e egoístas.
Me incomoda a sensação de perder tempo com coisas insignificantes, para mim significado é a base de tudo, eu não escuto músicas que não me tocam a alma, eu não mantenho amizades por interesses, eu não beijo somente para trocar saliva, eu faço tudo com o coração - porque eu quero sentir e não imagino a vida de outra forma.

Eu tenho pressa de viver momentos reais.

Porém a moda agora é ter uma vida plastificada, onde as amizades são trocadas como dinheiro em roleta de ônibus, onde os amores são vazios e rasos como piscinas rasgadas, onde as fotos tiradas são filtradas para evidenciar a "perfeição" e não o momento em si. Se ser jovem e descolada é ser alguém que eu não sou, desculpa galera, mas eu vou ficar aqui com a minha essência de senhora de 65 anos. 

'SUFICIENTE 
adjetivo de dois gêneros e substantivo masculino

que ou aquilo que satisfaz ou que basta, que é bastante.'

e agora, o que me basta é ser quem eu sou, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, em cada momento. 

Da cama posso escutar Misery Business da Paramore tocando no último volume como despertador do meu celular, o que claramente me acordou abruptamente.

— Hoje o dia seria um caos previ. 

É segunda de manhã, e eu já sei que abrir os meus olhos foi o primeiro erro do dia.
Ok, vamos lá, respira...

Fico observando o teto do quarto me aproveitando daquele um minuto em que a gente ainda não sabe se está realmente acordado ou dormindo. 
Minhas cobertas estão quentinhas e o travesseiro tão aconchegante....
Mil desculpas me vem à mente para não ter que levantar, mas, hoje é o primeiro dia do último ano da escola.
E eu preciso me arrumar para parecer visualmente "estável" e depois descer para comer alguma coisa.

E é pensando nisso e na bronca que iria levar da minha mãe caso perdesse as aulas, que me levanto correndo percebendo que já estou atrasada.

Lennon me espera na porta ansioso para o seu "café da manhã", ele pula tão alto em volta de mim que as vezes me pergunto se ele é mesmo um cachorro, porque parece um canguru empolgado.  

Minha mãe esse horário já foi trabalhar, ela é CEO de uma empresa de moda, "praticamente vive em função do trabalho", então eu também faço "praticamente tudo sozinha". 

Enquanto escovo os dentes escuto a campainha tocar repetidamente e sei que é Camila, ela sabe que eu odeio barulho pela manhã e faz de propósito para me irritar. 
Camila é a minha melhor amiga, minha parceira, praticamente minha irmã, já que vive mais na minha casa do que na dela.

— Aaaai garota eu vou te matar! — grito do banheiro.

Ela não para de tocar até eu descer e abrir a porta da frente a fuzilando com os olhos.