Eu volto para a cozinha.
Uma menina franzina e loira está correndo pelo quintal, perseguida por Lennon.— Você não me pega! — ela grita enquanto Lennon dá um jeito de passar por entre as suas pernas.
Hoje é feriado, em plena terça-feira me vi livre do colégio.
Minha mãe inventou de fazer um café da manhã em casa e convidou as suas amigas do trabalho, elas comentam sobre famosos e roupas como se esses fossem os assuntos mais importantes do mundo inteirinho, me sinto com 90 anos perto delas.
Uma delas tem uma filha de sete anos, Milena. Como não suportei ser rodeada de perguntas sobre o meu corte de cabelo, o meu estilo de roupas e o namorado que eu "não tinha" vim para a cozinha.— Viu isso? Somos melhores amigos agora! Queria tanto que a minha mãe deixasse eu ter um cachorro. — Milena diz, ansiosa.
— Insiste, quem sabe ela deixa. — digo na tentativa de confortá- la. Eu sei bem como é difícil ter uma mãe que não liga.. — Tá bom eu vou tentar. — ela diz assentindo. — Posso brincar mais um pouquinho com ele? — completa pulando de um lado para o outro com Lennon no colo. — Calma! Calma, sem balançar tanto, cachorros também vomitam. — eu digo pegando ele de seu colo e colocando no chão.
— Vai lá! — completo.Assisto a cena da bancada, enquanto bebo uma xícara de café. Estranhamente sinto uma afeição por Milena.
Sou interrompida dos meus pensamentos pelo toque do telefone. Por favor, faça com que seja Camila, rezo, enquanto minha mãe atende. Ela astutamente cobre o receptor com uma das mãos.
— Mariana? É pra você. É um garoto.
Não é Camila, só pode ser João.
— Obrigada — digo casualmente. Subo a escada correndo, levo o telefone até o meu quarto e fecho a porta.
— Alô? Fala João!
— Ornelas?
MEU DEUS COMO ASSIM É O VICTOR! Tento responder casualmente.— Sim?
— É o Victor.
— Victor — digo, tentando esconder a euforia em minha voz.
— Está fazendo o que?
— Estou tomando café e você?
— Estou deitado ainda....
Tento pensar em quem teria dado o número da minha casa para ele, e porquê ele estava ligando pra mim.
— Hm.. E você me ligou pra?
— Nada demais, queria o seu número.
Eu não sei, essa conversa estava estranha, deve ser trote. Mas ele perguntou educadamente demais, então.
— Tudo bem, me diz o seu e eu te mando uma mensagem.
— Isso parece ótimo.Desligamos. Eu entro no banheiro para examinar o meu rosto, estava vermelho. Ainda de pijamas, o que herdei da minha avó, meu cabelo embolado, uma espinha recém nascida na bochecha.
Subitamente sinto vontade de mudar a minha aparência radicalmente.
Talvez eu devesse cortar o cabelo. Ou descolorir e pintar de azul.
Mas antes de surtar preciso salvar o número de Victor no meu celular, anotei em um papel que estava na minha escrivaninha. Mas minha mãe me grita antes.Levo a minha cara envergonhada e vermelha até o andar de baixo. Posso perceber minha mãe inquieta na sala entre suas amigas. Ela vira rapidamente quando me vê.
— Então? Quem era? — pergunta.
— Nada, ninguém importante.
— desconverso virando as costas enquanto procuro o meu celular.
— Se alguém importante ligar, quero que me avise, estou esperando uma ligação. — minha mãe diz.
— Ah Ok! — assinto.— Tem alguém aqui — grita Milena do jardim. Minha mãe e eu nos entreolhamos com dúvida.
Vou correndo ver quem é, provavelmente um entregador de alguma coisa.
Mas levo um susto quando identifico. Bem ali no portão está Victor Alencar com a cara mais lavada do mundo.Ele olha para o meu pijama, pra Milena com Lennon no colo toda suja de lama.. E lentamente sacode a cabeça.
— Se quer ficar perto das meninas Ornelas, tem que estar preparado. Tudo é insano.
— Não brinca. — diz Victor.
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Estrelas Me Guiam - EM REVISÃO
RomanceMariana é uma jovem carioca no ensino médio como qualquer outra, mas ela tem sonhos urgentes e um coração selvagem. O último ano, a família complicada, as aventuras com os amigos e a chegada de um garoto misterioso são o suficiente para Mariana vive...