Chapter 12 - Casais Improváveis

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Ahauhaua, esse é velho! Nem eu sei o que escrevi nesse aqui, senhor. 

Nesse a Natasha é mais insensível e calada do que nos filmes, ok? Ninguém sabe nada sobre ela, com exceção do Clint.

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IronWidow

Eu estava em meu quarto, sentada no canto ao lado da janela, observando a chuva da madrugada cair, absorta em pensamentos. Eu estava quebrada, totalmente.

 Quem diria que um pesadelo, ou lembrança ruim, fizesse isso comigo.

Minhas lembranças eram dos momentos de morte e tortura. 

Eu sei, eu já deveria ter superado isso, mas era como se eu fosse uma máquina com defeito, ou algo do tipo: funcionava perfeitamente, e quando vinham os vírus, as lembranças ruins, no caso, eu parava, quebrava. Eu não aguentava mais chorar, não aguentava mais me sentir insegura... Não aguentava mais viver. Não aguentava mais acordar de madrugada todas as noites, não aguentava mais não poder amar do jeito normal, não aguentava mais não ter emoções. 

Quando o sol raiou e eu pude finalmente sair do quarto, Às oito da manhã, fui para a cozinha, onde Tony estava. 

--Bom dia, ruiva. Tudo bem?
 
--Claro.

Não, não estava. Eu queria gritar, chorar e dizer à todos que me faziam essa pergunta todos os dias que eu não estava nada bem.

--Não sei, me diga você.-ele falou como se soubesse de tudo que acontecia comigo.

--Estou bem, Stark. Por que tanto insiste?

--Por que me importo com você, e muito. 

 Sorrio de canto, colocando café em uma xícara e me sentando à mesa, em sua frente. 

--Você não entenderia.

--Qual é o problema?

--De muitos anos atrás.

--Me conte.-ele pede.-Você quase nunca fala nada de você: não fala como se sente, não debate... Você é fechada, sei disso, mas você pode se abrir de vez em quando. 

  Tony olha diretamente nos meus olhos, como se tentasse abrir meus cadeados. Esse era meu jeito: fechada e introvetida, sempre ser um mistério. Quanto menos soubessem de mim, melhor. Stark mal sabia sobre mim, só sabia que eu era uma agente da SHIELD, de origem russa. Nunca soube pelo o quê eu passei, como eu fui treinada. 

--Eu nunca me abri com nenhum de vocês, eu sei, isso é um modo de defesa. Nunca te contei como fui treinada e como era minha vida na Rússia. 

--Conte agora, por favor. 

--Bom, vamos lá: Quando houve o incêndio no hospital e minha família toda morreu, uma mulher de uma agência, propôs que eu virasse uma agente secreta trabalhando para o governo. Lá estava eu, trabalhando para o governo russo durante duas semanas, até Irvin me pegar e me levar para a Sala Vermelha, outra agência, dessa vez agência da pesada. Lá os treinamentos foram mais intensos: treinando todos as artes marciais e lutas existentes, manuseando todo o tipo de arma existente e aprendendo várias línguas diferentes, em torno de 24. Pensei que fosse só isso, mas aí começou a tortura e os testes com supersoros. Vários dias de dor e angústia, mas teve um final feliz: envelheço mais devagar, tenho 4x mais força e agilidade, alta habilidade em combate corporal e em manuseamento de armas. E no processo de "formatura", me esterilizaram.-suspirei.-depois de tantos momentos de dor, em que o que eu mais desejava era morrer, houve uma parte boa.-olhei para ele: sua expressão demonstrava pena, culpa e até estava impressionado.-Saindo de lá, tomei um rumo totalmente ruim: seduzia pessoas e as matava, roubava informações, invadia computadores e prédios, matava inocentes... Tudo de ruim eu fiz. E é isso que me perturba. É isso que não me deixa dormir por muito tempo e me faz acordar de madrugada: a culpa, o remorso e a raiva. Fui criada para ficar calada, ser fria, calculista, misteriosa e insensível. Não sentir amor, felicidade, não ter opiniões. Depois de tudo, eu continuo sendo um monstro.

 --Não.-ele coloca sua mão sob a minha.-você é uma pessoa incrível, que depois de tudo que passou, carregou o mundo nas costas, depois de todos os olhares tortos que recebeu, continuou de cabeça erguida. Você é uma das pouquíssimas que admiro, na verdade a primeira. 

 Sorrio de boca fechada. Era impressionante e novo ouvir Tony dizer aquilo.

--Você é uma pessoa especial para mim: uma amiga, confidente, protetora... E é a pessoa que eu amo.

Engoli em seco.

--Que ama?

--Sim, ruivinha. Eu te amo, não sei como me apaixonei perdidamente por você: seu sorriso, seu olhar, suas curvas, seu jeito forte... Amo tudo em você. 

Eu não conseguia acreditar que alguém me amava, logo Tony Stark. Senti verdade e insegurança em sua voz, se declarar para a Viúva Negra não era fácil. Pela sua cara ele esperava que eu risse ou o socasse, mas não o fiz. Eu sabia que ele estava estranho nos últimos dias: não parava de me olhar, quando eu olhava para ele, olhava para outro lugar... Ele não sabia disfarçar. Sorri e disse: 

-Você é uma figura, Stark. 

 Tony se debruça sobre a mesa, nos deixando mais próximos, então ele sela nossos lábios de uma forte carinhosa, porém necessitada. Eu consigo perceber todos os sinais de uma pessoa: quando está com raiva, com medo, quando diz a mentira e a verdade. Tony Stark é uma pessoa fácil de se ler, ele estava dizendo a verdade.

 Só paramos o beijo por precisarmos de ar, mas continuamos com os rostos próximos. Stark pega minha mão e a puxa para eu sentar ao seu lado. Contorno a mesa de mão dada a ele. Sento em seu lado, imediatamente ele me envolve em seus braços. Finalmente me senti segura. Por um momento, todo o meu medo e insegurança foram embora, por um momento eu me senti uma pessoa. 

--Eu vou sempre estar aqui para você. Conte comigo para o quê precisar. Não vou deixar nada nem ninguém te machucar. 

--Obrigada.-sussurrei, quase inaudível. 

Ele foi um dos primeiros a não me olhar diferente, nem falar com nojo comigo ao saber minha história. E eu admito que esperava isso.

 Aquele momento no café da manhã foi o melhor de minha vida até agora. Saber que alguém me amava após saber de toda a minha história, tirando Clint. Eu não sabia que haveria uma saída para mim, mas houve, justo com a pessoa mais irritante desse mundo.

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