Todos seguem parados no tempo e na dor

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Eduardo escuta a mensagem depois de algumas horas e entra em desespero ao perceber que ninguém tinha informações de Beatriz e se arrepende de tê-la deixado daquela forma e ter escrito aquele bilhete e se envergonhou.

Donato e todos os outros funcionários estavam preocupados e estarrecidos com o que estava acontecendo, ninguém tinha notícias dela, o apartamento estava intacto como ela deixou e o carro também estava lá, Donato se sentia culpado e estava arrasado, mas não podia contar pra ninguém sobre sua participação, e tinha medo que alguém descobrisse que ele foi para o Rio naquela manhã e voltou no domingo de madrugada, praticamente no mesmo voo que Eduardo.

Aluizio e Jandira ficam jogados no sofá esperando o telefone tocar, não falavam nada e apenas choravam e rezavam, o celular de Aluizio não para, seus colegas de partido queriam prestar solidariedade, Tofú desde manhã estava jogado no chão, parecia depressivo e chorava baixinho sentindo a falta da dona até que dá um pulo do chão batendo as unhas no piso e late e corre para a porta abanando o rabo e chorando, Aluizio e Jandira percebem que ele estava sinalizando algo e quando abrem a porta, Beatriz estava sentada no chão escorada na porta, seu olhar não tinha vida e estava com febre e não dizia coisa com coisa, os dois a levantaram e colocaram na cama, Jandira chora agarrada a filha, passava a mão em seu rosto e perguntava a todo tempo o que tinha acontecido, mas Beatriz apenas se ajeitou em seu colo e fechou os olhos e chorou em silencio e sem esforço, simplesmente as lágrimas corriam de seus olhos, não tinha força para falar, Tofú deitou entre suas pernas e chorou baixinho com ela.

Um médico foi chamado por Aluizio e enquanto esperava sua chegada, ele liga para a delegacia informando que Beatriz estava em casa e parecia bem, conversou com o delegado e com jeito e descrição encerrou o caso.

O médico deu o diagnostico de Depressão, Desidratação, inflamação na faringe e laringe, queria interna-la, mas conseguiram um enfermeiro e medicamentos para que fosse tratada em casa mesmo, por três dias Beatriz ficou inerte na cama, não falava com ninguém e quando perguntavam o que tinha acontecido, ela apenas chorava. No quarto dia já se sentava na cama e acariciava o pelo de seus bichos, Jandira parou de perguntar, percebeu que quanto mais se perguntava pior ela ficava e silenciou-se.

Eduardo praticamente para no tempo, deixa de ir trabalhar e de fazer as coisas que gostava quando estava com Beatriz, mas não deixava de ir até o apartamento dela para ver se à via pelo menos de longe e um dia resolve pedir para ao porteiro abrir, pois tinha deixado umas coisas dele lá e queria pegar, o rapaz abriu, pois gostava muito de Eduardo e o deixou sozinho. Ao entrar ele relembra seus momentos com beatriz, vai até o quarto e se senta na cama e deita logo em seguida fecha os olhos vê Beatriz sorrindo e brincando com ele, mas ele se levanta e vai até o guarda roupa e quando abre tem uma surpresa, não tinha mais nada dela ali, suas roupas foram levadas, foi ao outro guarda roupa e ao abrir descobre que apenas o vestido de noiva que ela tinha guardado ficou ali, ele o tirou de lá e aos prantos o abraçou, assim que se acalmou colocou o vestido de lado e andou pelo apartamento e viu o flip Chart e o folheou e se surpreendeu, seu rosto estava desenhado no papel e estava perfeito e ela apenas pintou seus olhos azuis dando um destaque na imagem, se sentou no sofá admirando o desenho, era perfeito e se via nele, mas percebeu que tinha mais e foi até ele e levantou o papel e deu de cara com os dois de costas olhando o quadro de Monet na parede da casa dele, até o fone de ouvido foi desenhado com perfeição, passou a mão no desenho e relembrou o dia que ele a beijou de verdade e deixou as lágrimas rolarem, se levantou e tirou o flip chart do cavalete e junto com o vestido saiu deixando o apartamento.

Aluizio esteve em São Paulo para retirar o carro e os pertences da filha, não iria deixa-la sair de Brasília e de perto deles neste tempo de tratamento e recuperação, passou na redação e entregou a carta de demissão da filha e foi embora, o motorista da família levou o carro e ele voltou de avião, não queria se ausentar por muito tempo, pois tinham medo que Beatriz fizesse uma loucura, pois a terapeuta os informou que ela só falava que queria morrer e se chamava de covarde para não conseguir acabar com a própria vida, mas não disseia mais nada, além disso. Donato fica arrasado ao saber da carta de demissão, pois ouviu Mauricio comentava com alguns colegas que conversou com o pai rapidamente, Beatriz não estava nada bem e que não a deixariam voltar mais para São Paulo, mas que ninguém conseguia saber o que aconteceu realmente, pois ela se calou.



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