ENTRE PALAVRAS

Donato força a barra

À volta para casa foi tranquila, Eduardo veio dirigindo, Tofú e Gato ficaram na casa dos pais de Beatriz, pois logo entraria de férias e mãe e filha viajariam para os Estados Unidos para o congresso de Literatura, Eduardo ficou chateado por não poder participar, mas iriam juntos e aproveitaria a companhia das duas, seria seu presente de aniversário. Beatriz só veio a dirigir seu próprio carro na terça feira quando foi trabalhar, Donato reclamou e brigou, mas ela tinha direito e tinha horas acumuladas, não podia mexer em seu salário e ela comemorou quando apresentou seu relatório do banco de Horas, poderia tirar mais dois dias se quisesse, mas deixou para lá e voltou a trabalhar. Dois dias depois procurou um novo ginecologista, precisava saber o que estava acontecendo, seus exames ainda davam alterados e descobriu que estava com cistite, teria que tratar de imediato, Beatriz não era uma pessoa de tomar muita água e seus rins estavam gritando por hidratação, levou uma bronca do médico, o cisto já dava sinal de regressão, mas levaria um tempo ainda para sumir, então teria que usar outros métodos contraceptivos sem ser o anticoncepcional, Eduardo a olhou e riu sem graça diante do médico e ao sair ela brincou com ele.

- Foi você que quis me acompanhar.. Não sei por que morreu de vergonha.. - Ela ri, estava se divertindo.

- Eu não fiquei com vergonha.. - Ele a abraçou pela cintura. - E bem feito pra senhorita aprender a tomar água.. E ele tem razão, você prefere se entupir de suco e outras porcarias do que tomar água.. Vai ver o que vou aprontar com você.

Beatriz e Eduardo entram na farmácia para comprar os remédios que o médico passou para a cistite, aproveitou e comprou outros medicamentos que precisava ter em casa, pagaram e saíram. Eduardo a deixou na redação do jornal e foi para BMK, precisava adiantar algumas coisas por lá e agora era frequentador assíduo e os acionistas e diretores ficaram contentes por seu repentino interesse, pois ele estava se tornando um peso morto para empresa, apenas usufruía dos lucros da empresa e não participava em nada das decisões e não opinava, só queria ver o dinheiro em sua conta e nada mais, a compra do quadro foi um dos motivos de briga entre o diretor e ele que teve que tirar uma boa quantia em dinheiro da empresa para pagar a obra, mas para aliviar as discussões Eduardo concordou em deixar a pintura em nome da BMK, mas ela ficaria em sua casa.

Donato ao ver Beatriz entrar a chamou, esperou ela entrar em sua sala e fechou a porta e nem teve tempo de se sentar, ele a agarrou e tentou de todas as maneiras beija-la.

- Me larga.. Eu vou gritar Donato.. - Beatriz o empurrava com força.

- Faz amor comigo.. Estou louco de saudades..

- Não.. Me larga.. - Beatriz percebeu que não iria conseguir se soltar e pediu por socorro, mas teve sua boca tapada por ele.

- Não grita.. Eu vou te soltar, mas se gritar pode ter certeza que eu dou um jeito de te por pra fora deste jornal.

Beatriz o empurrava mesmo assim, ele largou sua cintura e sua boca, mas não contava com o bofetão que levou assim que a soltou.

- Seu monstro.. Você é repugnante.. - Ela limpa a boca demonstrando nojo.

- Está com nojo de mim?.. - Donato ficou surpreso e revoltado. - Você adorava meus beijos e não resistia? O que mudou agora?

- O que mudou é que eu amo outra pessoa, sou feliz com ele e os beijos dele são muito melhores que os seus.. - Ela respira e tinha os olhos marejados. - Me esquece Donato.. Vá viver feliz com sua esposa ou arrume outra amante pra você.. Mas me deixa em paz, ou vou ser obrigada a pedir demissão, por que não estou aguentando mais essa perseguição.

- Eu não estou te perseguindo?.

- Está sim Donato.. Eu vi você ontem parado na porta da minha casa a noite, ficou um bom tempo. Só não bateu na minha porta por que Eduardo dormiu em casa. - Ela respira fundo. - Me deixa ser feliz Donato?.. Eu quero ter uma família como você tem a sua.

- Vou pedir o divórcio se disser que ficará comigo.. - Ele pega em seus braços.

- Não vou ficar com você.. Eu não te amo mais.. Eu sou louca por Eduardo e como já te disse. Se ele me pedir em casamento novamente. Eu vou aceitar. Meus pais já o conhecem e aprovam nosso relacionamento.

- Eu não vou deixar você se casar com esse moleque.. Ele vai fazer você sofrer. Me escuta Beatriz.?.

- Ah Donato.?. Me deixa quebrar a cara então.. Mas não vou ficar com você por medo ou por qualquer outra coisa.. Você é um homem C A S A D O.. Não quero ser amante pra sempre.. Não nasci para isso.?

Mauricio percebe que tinha algo de errado e entra se supetão e tira Beatriz de lá de dentro e volta e tem uma boa conversa com Donato, ele o ameaça e pede para ficar bem longe da jornalista, estava farto de vê-lo dando em cima das mulheres da redação e estava se complicando cada vez mais com aquela atitude, Beatriz sentou-se a sua mesa e colocou a cabeça entre as mãos e bufou, precisava sair dali de qualquer jeito, precisava arrumar outro emprego, a sorte que em uma semana estaria de férias e teve uma ideia, foi até o chefe geral e pediu para conversar, os dois ficaram duas horas fechados na sala, Donato ficou apavorado achando que poderia estar sendo denunciado e sua raiva aumentou e remoeu trancado em sua sala. Beatriz agradeceu a oportunidade e saiu sorridente de lá, passou no RH e entregou a carta autorizando seu trabalho em casa mesmo, viria à redação só para reuniões e entrega de horas trabalhadas, com isso diminuiria seu salário em 10%. Donato quase enfartou quando o RH entregou o memorando para ele, que dispensava Beatriz Marzolla de comparecer e cumprir o horário na redação e quando foi procura-la para discutir, já tinha ido embora.