Prólogo

2.3K 210 386
                                    

3 anos anteriormente, Queens - Nova York.

Ponto de vista - Justin Bieber

Completar 17 anos para um garoto comum do Queens, é uma casa a menos para os desejáveis 18. É a fase em que a garota mais bonita da sua sala, finalmente te chama para sair com ela. Mas, para mim, completar 17 anos era o que eu mais temia. Quando se é sobrinho de Philip Bieber, não existe muitas opções. E, eu claramente não tenho nenhuma.

Sentado na cama do meu quarto, encarei a parede opaca, tentando apaziguar toda a ansiedade que gritava dentro de mim.

– Qual é, campeão – falou meu tio, fazendo-me virar para trás – Estamos esperando você lá embaixo.

– Eu já vou, só estou dando um tempo – dei uma última golada no whisky quente dentro do meu copo.

Eu não estava preparado.

– Escute – ele apoiou as mãos pesadas nos meus ombros – Eu sei que você não quer isso, mas o câncer se espalhou pelo meu corpo como vinho derramado ao chão e, você é o meu único herdeiro.

– Eu só estou nervoso.

– Você está prestes a deixar de ser um Made Men, para se tornar um Capo e, devia se orgulhar disso – fitou seus olhos nos meus, durante cada palavra.

Travei a lágrima na minha garganta, uma coisa ensinada na minha família é que, se um homem lhe demonstra fraqueza, demonstre força para ele.

– Eu já desço – limpei a garganta e assenti a cabeça.

Eu estava prestes à dar o passo que mudaria minha vida para sempre. Desci as escadas, contando cada passo mentalmente e querendo voltar atrás cada segundo. Encostei a mão na maçaneta ainda hesitante, e empurrei a porta que dava diretamente ao bar onde todos me esperavam e nesse momento, eu senti como se tudo tivera em câmera lenta. Cada ruído que a sola do meu tênis causava quando encostava no chão, arrepiava a minha nuca e por um segundo, eu pensei em gritar "foda-se" e correr para o meu quarto. Mas no meio da multidão de rostos que me encaravam, pude ver a face pálida do meu tio, me encarando com seus olhos azuis marejando e pela primeira vez em 17 anos, ele chorava. Chorava feito criança e, seu sorriso, era o mais genuíno que eu tivera visto em décadas.

Eu queria estar orgulhoso de mim, como ele estava, mas era impossível. Meu estômago estava como um nó.

– Senhores, um minuto de silêncio – os murmurinhos cessaram assim que meu tio subiu em cima do pequeno palco de karaokê – Hoje é um dia muito importante, não só pelo meu sobrinho ter completado 17 anos, mas por finalmente encerrar aqui, meu cargo como Capo dei Capi. Esse garoto, que acaba de se tornar um homem, será o novo Capo. Irão respeita-lo e protegê-lo como um verdadeiro membro de sua família.

Ele pegou uma faca, e encostou na palma da sua mão, forçando-a sobre a sua pele até escorrer o sangue. Entregou-me a faca e assentiu a cabeça para que eu fizesse o mesmo. O contato da lâmina com a minha pele me fez fazer caretas, mas a adrenalina correndo no meu sangue era tanta que eu mal senti dor.

– Eu juro solenemente ser justo ao legado do meu tio, não decepcionarei vocês – abri um sorriso sincero.

– Você acabou de se tornar o cara mais rico de Nova York, o que significa que terá as melhores mulheres e adivinha? Eu sou seu melhor amigo! Quem é o sortudo nessa história? – entusiasmou-se Ryan, dando um tapa no meu ombro.

– Quem é esse? – perguntei, ao perceber a presença de um garoto cujo cabelo quase cobria toda a sua face.

– Esse é o Chaz, nossa nova ferramenta –respondeu, empurrando-o na minha direção.

Wild FlowerOnde histórias criam vida. Descubra agora