2. invaders

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O céu já estava negrume o suficiente. O que significava que, eu poderia por em prática o meu brilhante – ou nem tanto, plano.

– Deixe-me ver se entendi, você quer invadir um cemitério? – Justin levou sua mão até o seu queixo, segurando-o.

– Vai roubar um cadáver? – Chaz completou, dando um soquinho com o amigo.

Revirei os olhos.

Ignorei os murmurinhos deles e agachei-me atrás do arbusto. Chaz espiou sobre os ombros, averiguando de que estaríamos seguros, enquanto Justin arrombava o portão sutilmente, sem deixar rastros, usando nada mais e nada menos que um grampo.

– Amadores – sussurrei.

– Eu ouvi, Miller – ele respondeu.

Quando finalmente ele conseguiu abrir os portões, aquela mesma sensação fria que esse lugar causava nos meus pelos, fizeram os mesmos arrepiarem-se imediatamente. Caminhamos pé ante pé, retirei meu tênis para evitar que fizesse qualquer ruído e o carreguei na mão. A grama úmida pinicava meu pé direito e de vez em quando, eu pisava em alguma maldita pedra afiada, ou em algo gosmento, que enviava uma careta ao meu rosto.

– Tudo bem aí? – perguntou Chaz, com o rosto completamente suado.

– Não andamos nem 10 minutos, cara – resmungou Justin.

– Mas eu estou fora de forma, beleza? – defendeu-se o garoto cabeludo.

Quando enfim chegamos na entrada da recepção, suspirei em alívio. E para nossa sorte a porta estava aberta. Adentramos no espaço grande que aquele lugar tinha e um suspiro quase escapou pelos meus lábios. Achei irônico o fato do governo gastar um imenso designer para um lugar que todas as pessoas pretendem evitar.

Chaz retirou duas luvas do seu bolso e as vestiu na mão. Levei minha mão até a boca, evitando meu riso constrangedor de sair.

– O que é? – levantou as sobrancelhas.

– Vocês são tão profissionais – ri, em claro sarcasmo.

Ele e Justin se entreolharam e abriram um sorriso malicioso, franzi o cenho, não entendendo o motivo.

– Isso pode demorar um pouco – Chaz avisou, com os seus olhos estreitados na tela.

Desviei meu olhar para Bieber, que acendia seu décimo cigarro desde a nossa saída de casa. Enruguei o nariz ao sentir o cheiro da fumaça, que também incomodavam minha garganta.

– Você pode parar de fumar? – pigarreei.

– Ah, foi mal, pensei que isso estivesse incluso no seu plano – ironizou, retirando o cigarro da boca.

– Por que entrou na Berkeley nas últimas semanas de aula? Quer dizer, você praticamente não vai entender nada – mudei de assunto, ignorando sua petulância.

– E porquê eu te diria? – ele rebateu, afastando com a mão a fumaça dos seus olhos caramelados – que por sinal eram até cativantes, admito dizer.

– Você é sempre insurportável assim? – bufei, dando às costas para ele.

–Só quando eu quero – ele respondeu – Flor de lis, uh? Você curte bastante isso.

– O que tem? – levantei uma sobrancelha, não é a primeira vez que ele demonstra interesse pelo meu cordão.

– Nada –  limpou a garganta, desviando o olhar para suas botas sujas de sangue.

Wild FlowerOnde histórias criam vida. Descubra agora