Eu só via meu avô no natal, e em ocasiões não muito naturais. Ele sempre um tipo de deus. Alguém intocável. Inacessível. Durante esse tempo eu não criei nenhum tipo de intimidade com ele. Afeto... Ou qualquer coisa. Sempre era uma questão de manter a ordem e disciplina.
Mas hoje pela manhã, com ele me fitando no escritório do meu pai... Eu vi ele mais como uma espécie de demônio.
Ele colocou uma pasta na minha frente.
- Aí está tudo o que você precisa saber.
- Eu ainda não compreendi...
Ele deu meio sorriso, quase irônico.
- Minha querida neta... Você não tem escolha. Vai fazer exatamente o que eu quiser. Essa união é muito importante, por isso eu vim pessoalmente. O frouxo do seu pai jamais teria coragem de te colocar nesta situação.
- Por que você quer fazer isso? Por que comigo? Você não se importa com nada, apenas com o seu poder. Acha que pode pisar em todos.
- Eu não vim aqui discutir meus motivos, senhorita. Eu vim apenas lhe comunicar e dizer que a sua agenda está cheia de compromissos, como festa de noivado e casamentos. Esse não é o sonho das mulheres?
- Eu não vou fazer isso! - eu disse e me levantei
- Vai ver sua família arruinada... Eu não estou brincando, Elleutheria. Já foi difícil arranjar um noivo pra você, com esse nome. Você quer ver todos mortos?
- São essas as suas ameaças? Vai matar seus netos? Seu filho?
- Você não sabe o que eu sou capaz de fazer pra conseguir o que eu quero. Um passo em falso seu, e já era. Você entende isso?
Eu não respondi. Eu não sabia o que dizer.
- Eu vou entender o seu silêncio como um sim. Na pasta está tudo o que você precisa saber sobre o seu futuro marido. Amanhã mandarei alguém pra lhe auxiliar. E lembre-se... Eu estou de olho em você. Em qualquer lugar. - ele disse e se foi.
Tentei analisar tudo. Mas na minha mente isso só podia ser um pesadelo. E eu queria acordar.
Casar por uma tradição ridícula? Pra unir bens? Isso era uma piada.
- Elle... - a voz do meu pai soou no escritório
- Isso é verdade? - eu perguntei
Que pergunta idiota. Meu avô jamais mentiria sobre isso.
- Sim... É tudo verdade.
- Eu vou ter que fazer isso? - eu perguntei
- Filha... A escolha é sua.
- Como assim a escolha é minha? Ele ameaçou matar você... E todos da família. Você acha que eu tenho escolha? - já aumentei o tom de voz - Por isso você me aceitou aqui, não foi? Você sabia disso desde o início. Sabe o que mais? Por que vocês não obrigam a Eloísa a se casar? Por que tem que ser eu?
- Eloísa não pode...
- E por que não?
- Ela está grávida...
Meu queixo caiu.
- Eu disse quais seriam as possibilidades dela... Mas ela prefere ter essa criança. E eu não posso obriga-la a isso.
- Você ofereceu pra ela um aborto? Você é tão louco quanto esse velho que veio aqui me ameaçar.
- Elle... O seu avô tem total condições de fazer tudo o que ele disse que pode fazer. Não subestime ele. E no fim, você terá uma vida boa cheia de regalias. Não é o suficiente? Um marido bonito e rico?
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100% VOCÊ
FanfictionPersonagens do jogo Amor Doce, mas se você não conhece, não há problema nenhum. Se você sabe que está gostando da pessoa... Porque não admitir logo? Simplesmente eu não consigo. Eu gosto dos mistérios, dos jogos e não gosto nenhum pouco de me ap...