Prólogo

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Minha mãe sempre dizia que eu não era uma mulher fácil de lidar. Não gostava que mandassem em mim, e fizessem coisas sem a minha permissão. Ela sabia muito bem disso quando estava me levando a casa do meu pai num sábado a noite.

Sabia que tinha algo errado. Eles nunca trocaram uma palavra desde que se separaram, e agora, de repente, estava tudo bem?

Meu olhar sobre ela era bem investigador, do tipo que fazia a pessoa se sentir até desconfortável. E ela claramente não estava gostando do meu olhar. Eu não estava nem aí. Ela estava me escondendo algo e eu queria saber o que era. Agora.

Descasquei o restante do esmalte preto no canto da minha unha e suspirei. Vi quando ela me olhou de canto de olho.

- Muito bem. O que está me escondendo? - Perguntei, me virando para ela.

- Nada. - Ela sorriu. Mas eu ainda não estava convencida. - Eu e seu pai estamos abrindo uma brecha.

- Uma brecha? - Ergui minha sobrancelha esquerda.

- Sim. Uma brecha. - Ela virou uma curva e de longe consegui ver a casa de dois andares pintada de azul do meu pai. - Ele quis ver você, então trouxe você até aqui.

- Hum... já entendi. - Sai do carro, ajeitando o vestido rosa ridículo que minha me fez usar. Eu não gostava de rosa. Preferia qualquer outra cor a rosa.

Ajeitei a franja que caiu em meu olho e voltei a olhar para mim mãe.

- Muito bem. Vamos ver o papai e descobrir o que os dois estão escondendo.

Andei na frente, subindo os degraus da entrada, mas atrás de mim ouvi minha dizer: "É para o seu bem".

Não havia entendido o que ela quis dizer, então não pedi que ela me explicasse melhor. Foi um erro.

Meu pai sorriu e me abraçou quando abriu a porta.

- Julia, minha bebê!

- Pai. - Fiz uma careta mas mantendo o sorriso no rosto. - Eu estou grande demais para ser chamada desse jeito, não acha?

- Você só tem dezenove anos!

Balancei a cabeça e sorri.

- Tudo bem, pai. Pode me chamar do que quiser...

- Menos de Julianne.

- Isso mesmo. - Só ele sabia como eu detestava aquele nome. Era Julia e apenas Julia. Nada de Julianne.

Entrei na casa, estranhando rapidamente a mesa feita para quatro pessoas. Contei mentalmente, só para ter a certeza de que não estava errada.

- Tem mais uma visita, pai? - Perguntei olhando para ele sobre o ombro. De repente minha mãe parecia estar sorridente demais e olhando para um ponto atrás de mim.

Me virei devagar, quase perdendo o ar ao ver o homem maravilhoso parado a minha frente. Ele era forte, tatuado e com olhos azuis incrivelmente belos.

No entanto não deixei de notar que não o conhecia, mas que já tinha visto-o em algumas festas que meu pai promovia na empresa dele.

- Olá, Julia.

Minha pernas vacilaram quando ouvi meu nome sair de seus lábios. Ele era tão bonito que dói. Meu subconsciente me deu um choque de realidade. Recomponha-se, mulher!

- Hum... Olá. - Eu disse apenas. Virei para meus pais, querendo uma explicação, mas eles apenas se aproximaram e nos levaram para a mesa de jantar.

- Vamos jantar, precisamos conversar. - Meu pai disse.

Durante o jantar, meu pai e a visita - que eu ainda não sabia o nome -, engataram em uma conversa sobre negócios e algumas outras coisas que deixei de ouvir, pois eles passaram a falar sussurrando.

Deixei a comida de lado, suspirando e pegando minha taça de vinho. Bebi devagar e sem tirar os olhos daquele homem de terno. Seus olhos azuis se ergueram em minha direção, juntamente com o olhar do meu pai.

Minha mãe conteve uma respiração e segurou minha mão. Sua frase seguinte me fez engasgar e derrubar a taça com o vinho na mesa: "Você vai casar".


















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