Abernathy - Trilogia Maddox

07

– Não dê as costas para mim, Julia. – Ele diz sério. Me mexo para que ele me solte.

– Você acha que eu iria ficar? – Dou uns passos meio cambaleantes para trás. – Volta lá e termine seu serviço. – Balanço minha mão em direção ao bar e me afasto, mas então volto. – Eleanor sabe que você está aqui?

– Nós brigamos – Ele diz e se aproxima. – e a culpa foi toda sua.

Eu não acredito no que estou ouvindo.

– Minha culpa? – Quase grito. – O que eu tenho a ver com isso, Gabriel?

Na verdade, sei exatamente como tenho a ver com isso. Principalmente se ela já sabe que eu era a ex-noiva. Puxo meu braço e me viro, ficando de costas para ele.

– Eu queria mesmo Gabriel que você levasse aquela mulher para qualquer lugar, a comesse e que Eleanor descobrisse o quanto você não presta. – Eu estou com raiva, mas nem de longe chego aos pés de Gabriel, que me arrasta para o beco mais próximo e me prende contra a parede. Encaro seus olhos azuis um pouco chocada, Mas ainda com raiva.

– Repete o que você disse! – Ele grita na minha cara e eu tenho vontade de bater nele. Aperto um pouco meus olhinhos e aproximo meu rosto do seu.

– Não. – Digo bem devagar e ele bufa de frustração.

– Olha só, eu estou bêbado e perdi a cabeça depois que sai de casa. – Ele diz e eu apenas observo ele andar de um lado para o outro puxando os cabelos escuros. – Isso não quer dizer que eu não preste.

– Você estava dando atenção para aquela mulher.

– Eu sei! – Ele grita e eu fecho meus olhos respirando fundo. Preciso sair daqui. Me desencosto da parede e me preparo para sair dali.

– Espere. – Ele segura meus ombros e me olha nos olhos. – Desculpe, não deveria ter gritado com você.

Suspiro e balanço a cabeça.

– Tudo bem. – Meu coração para de bater quando ele esconde o rosto no meu pescoço. – Gabriel...

– Você está me dando muitos problemas, Julia. – Ele diz baixinho. – Desde o primeiro momento que a vi, eu soube que não seria fácil. Mas agora com certeza é pior.

– Tenho certeza que seria mais fácil se você me deixasse ir. – Minha voz não passa de um sussurro. Ele se afasta e sorri.

– Não posso. – Suas mãos tocam meu rosto delicadamente e eu fecho meus olhos. – Tão linda...

Abro meus olhos e afasto suas mãos de mim.

– Vamos, você precisa ir para casa.

– Ele não quero ir para casa agora.

Penso por um momento, medindo os prós e contras de levá-lo para minha casa. Havia mais contras do que prós. Pegando meu celular, chamei por um táxi.

~•~

Acordo quando ouço uma movimentação fora do quarto. Me sento na cama e ainda meio sonolenta vou até a porta.

– O que você está fazendo? – Minha voz está rouca e Gabriel olha para mim arfando, parecendo que acabou de correr uma maratona.

– O que eu estou fazendo aqui? – Ele devolve com outra pergunta. Passo a mão em meu rosto e bocejo. Preciso de uma banho e de comprimidos para dor de cabeça.

– Você bebeu. – Digo e passo por ele. – Quase levou uma mulher para casa e eu apenas te ajudei. Você não queria ir para casa então eu te trouxe para cá. – Não digo a parte que nós brigamos e muito menos quando ele me arrasta para o beco.

Abro a geladeira e pego meu suco de laranja. Levo um susto quando me viro e trombo com Gabriel.

– E porque você está vestida desse jeito? Nós não transamos, não é?

Suspiro. Se eu soubesse que seria assim, não teria trazido-o pra cá.

– Porque é minha casa Gabriel, e eu posso me vestir do jeito que eu quiser. – Pego uma aspirina e tomo juntamente com o suco. – E você está muito enganado se pensa que eu transaria com você.

Ignoro sua carranca e termino meu suco sem pressa.

– O que eu fiz para você ter tanto raiva de mim?

Me viro para ele, quase rindo. Ele não está falando sério.

– O que eu fiz para merecer toda essa merda. – Dou ênfase no “eu” e balanço a mão no espaço entre nós. E é claro que eu estou querendo me referir a muito mais do que apenas nós dois. Como o casamento, por exemplo.

– Eu e Eleanor brigamos. – Ele diz então percebo que ele se lembrou. – E eu disse que a culpa era toda sua.