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Fecho minha bolsa e estou mentalmente e emocionalmente exausta. Gabriel me mostrou da sua melhor maneira que não tem nenhuma consideração pela própria esposa.

Enquanto eu ouvia Eleanor dizer tudo que queria como decoração para sua entrada no começo da cerimônia, Gabriel não tirava os olhos de mim.

Para todo lugar que ia, eu sentia minhas costas queimarem com seu olhar. Ele tinha que parar com isso. Me despeço de Eleanor e sua mãe e vou em direção ao meu carro.

Abro e janela quando ouço uma pequena batida.

– Sim? – Abaixo um pouco meus olhos escuros e ergo minhas sobrancelhas para Gabriel.

– Você fez um ótimo trabalho hoje. – Ele diz e eu ergo minhas sobrancelhas mais ainda.

– Você também. – Não soa como um elogio. Ele não tem mesmo nenhuma vergonha. Olho para o outro lado, e percebo que tanto Eleanor, quanto sua mãe já entraram para dentro. Aperto minhas mãos no volante. – Eu preciso ir.

– Pensei que fosse se despedir.

– Já me despedi. – Coloco meus óculos de volta no lugar e ligo o carro.

– Julia...

Posso não estar olhando para seu rosto, mas consigo perceber que ele não está feliz.

– Fala sério, Gabriel. Você é casado e eu não quero problemas para mim, está bem? – Perco a paciência e encaro seus olhos azuis. – Eu posso ir agora?

Ele dá alguns passos para trás, com os lábios apertados e eu não espero. Acelero o carro e não olho para trás.

~•~

Saio do escritório depois das sete horas e pego a movimentação da calçada. Deixei meu carro com Ray, que teria um novo encontro. Já perdi as contas de quantos foram os “esse é pra casar”.

Paro no caminho para comprar uma vitamina e vou para minha casa. Esse é o meu terceiro dia sem Gabriel, e eu quero ir ao bar para beber.

Depois daquele dia, Gabriel não compareceu a nenhuma das preparações para o casamento. Não sei dizer se estou feliz ou não com isso. Eleanor diz que ele está ocupado com o trabalho, e eu me esforço para acreditar nisso.

Mas qual é o meu problema? Eu não deveria estar me preocupando com isso.

Subo as escadas ao invés do elevador e quando chego ao meu andar, praticamente rastejo até a porta.

A primeira coisa que faço quando chego ao quarto é ligar a torneira da banheira e esperar que ela chega a quantidade exata para poder entrar.

Suspiro aliviada e fecho meus olhos, relaxando no mesmo momento. Mas meu momento de paz logo é quebrado.

– Flor! – Ray aparece na porta como um vulto, me assustando.

– Ray! – Berro e jogo nele a primeira coisa que vejo em minha frente. – Bata na porta, merda!

– Desculpe – Ele ri e se aproxima.

– Eu espero que você tenha algo muito importante para me falar, Ray, porque você atrapalhou meu pouco momento de paz. – Olho para ele e ergo minha sobrancelha. – Então?

– Eu estou namorando.

Não sei como, mas acabo me engasgando com a água da banheira. Ray vem a meu socorro, dando algumas batidinhas na minhas costas.

– Meu Deus, flor. Se eu soubesse que você ficaria assim eu juro que não teria aberto a boca.

Afasto ele, fazendo um gesto de que estou bem.

– Como assim namorando? É tipo, beijo de língua, filmes românticos, encontros em restaurantes chiques, dormir de conchinha e tudo o mais?

Ray ri, mas eu não estou achando graça. Ele está mesmo namorando? Finalmente ele encontrou sua outra metade?

– Flor, eu te adoro. – Ele beija minha testa molhada e sorri. – Não chegamos a todas essas coisas, mas é algo do tipo.

Então eu sorrio.

– Fico feliz por você, Ray. – Saio da banheira e me enrolo na toalha. Puxo ele para um abraço apertado e beijo todo o seu rosto. – Meu menino está crescendo.

– Ah, não me faça sentir como uma criança, flor. – Ele faz uma careta, mas me abraça de novo. – Como podemos comemorar?

Meus olhos brilham e eu me afasto.

– Bebidas, dança e muita música.

– Fechado.










Abernathy - Trilogia Maddox Onde histórias criam vida. Descubra agora