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05:00 da manhã
aeroporto


É sábado e eu estou no aeroporto de chinelos, calça de moletom e uma camiseta grande demais. Meus pais estão voltando para casa depois de permanecerem uma semana comigo. Uma semana inteira de perguntas – vindas da minha mãe.

– Vou sentir sua falta, querida. – Minha mãe me abraça.

– Eu também.

Ela sorri e arruma minha franja.

– Lembre-se, tente escutar sempre sua cabeça ao invés do seu coração, principalmente agora que você é amiga do Gabriel. – Ela faz uma careta ao dizer amiga. Ela ainda não acredita nisso. – O coração nos prega peças e eu não quero ver você machucada.

– Eu sei. Não se preocupe, mãe.

Me despeço deles no portão de embarque e volto para o meu carro sentindo uma pequena sensação de vazio. É sempre assim quando eles vão embora.

Coloco o cinto no mesmo momento em que meu celular começa a vibrar no banco do passageiro. Me estico para pegá-lo, e um sorriso automaticamente surge em meu rosto.

De: Gabriel
Para: Julia
Assunto: 05:10 da manhã

Caminhada até o parque e depois Starbucks?

– Com toda certeza, Senhor Maddox. – Digo para mim mesma enquanto digito uma resposta.

De: Julia
Para: Gabriel
Assunto: 05:11 da manhã

Claro. Vinte minutos para chegar em casa e colocar roupas apropriadas?

Sua resposta demora para chegar, e quando ele vem, eu já estou longe do aeroporto. Pego o celular, ainda com os olhos na estrada. Sei o quão responsável isso é, podem me julgar.

De: Gabriel
Para: Julia
Assunto: Roupas apropriadas?

O que quer dizer com isso, senhorita Abernathy?

Ele me chamou de senhorita Abernathy. Uma risadinha escapa de mim e eu começo a digitar.

De: Julia
Para: Gabriel
Assunto: Sim, roupas apropriadas.

Assuntos pessoais que você não precisa saber, senhor Maddox.

Quando aperto o botão de enviar, ouço uma buzina alta e em seguida, algo atingindo o lado direito do carro. Grito quando sinto a dor em meu braço no meu braço, mas tudo é muito rápido, por que de repente tudo fica escuro.

~•~

Tudo o que ouço é uma voz que me chama desesperadamente. Há reconheço imediatamente, mas ainda assim não consigo abrir os olhos. Deus, eu devia ter largado aquele celular.

– Acorde baby, por favor.

Baby?

Ele não pode dizer isso enquanto eu estou...em um hospital? Ele é casado, merda! Por Deus, Gabriel não deve nem reconhecer isso.

– Julia? – Gabriel diz quando começo a me mexer. Abro os olhos devagar, tentando me acostumar com a claridade forte. Gemo de dor quando ele me puxa para seu peito e me abraça forte. – Deus, me desculpe.

Me afasto dele, abrindo a boca chocada quando vejo seus olhos vermelhos.

– Você estava chorando?

– Eu vi você caída no chão, seu braço estava... – Ele diz, apertando seus cabelos com força e eu nem olho para o meu braço esquerdo. Estou mais preocupada com a reação de Gabriel. Ele parece assustado, até mesmo desesperado. – Eu pensei que...

– Ei. – Seguro sua mão e o puxo até que esteja próximo a mim. Então o abraço. – Está tudo bem. Eu estou aqui.

Fico sem entender sua reação, mas ainda assim continuo abraçando-o. Ele parece perdido...

– Não posso te perder, Julia. Vou viver no inferno se isso acontecer.





















Abernathy - Trilogia Maddox Onde histórias criam vida. Descubra agora