3-Em busca da independência

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Pov's Elsa
 
A porta foi aberta por uma Punzi sonolenta e a mesma arregalou os olhos ao me ver. Eu estava com uma mala na mão, e os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.
 
- Elsa! O que aconteceu? - perguntou assustada.
 
- Eu vou lhe explicar tudo. - garanti. - Posso dormir aqui?
 
(...)
 
- Eu sabia que Hans não prestava, e a gente avisou. - alertou Flynn, após eu terminar de contar tudo.
 
- Flynn! - repreendeu Punzi e em seguida me encarou. - Desculpa prima, mas apesar da indelicadeza, Flynn tem razão. Falta de aviso não foi.
 
Suspirei, deixando mais lágrimas escorreram pelo meu rosto.
 
- Eu achava que Hans iria mudar, achava que ele me amava... - confessei atordoada. - Mas assim que eu virava as costas, ele tentava agarrar a minha irmã!
 
- Sabe que Anna não tem culpa, né? - avisou Punzi.
 
- Claro que sim. - confirmei. - Hans devia ter me falado que não gostava mais de mim, assim teríamos terminado tudo e evitado todo esse escândalo.
 
- Mas então... você vai voltar pra sua casa amanhã? - questionou curiosa.
 
Franzi a testa determinada.
 
- Eu não vou voltar. - afirmei.
 
- O que? - arregalou os olhos. - Mas Elsa...
 
- Meu pai feriu o meu orgulho, eu quero provar que posso me virar sozinha. - expliquei. - E eu não vou pro dormitório da faculdade, pois sei que ele vai me encontrar lá.
 
- Elsa, eu admiro sua determinação de querer sair debaixo das asas do seu pai, mas não acha que está sendo radical demais? - indagou temerosa. - Como pretende pagar sua faculdade?
 
- Vou trabalhar. - respondi sem pensar.
 
- Sério? - questionou Flynn surpreso, o que me fez arquear uma sobrancelha. - Foi mal, é que você é filhinha de papai, Snow. Não sabe nem lavar uma louça!
 
- Eu aprendo rápido. - relatei me levantando do sofá - Bom... enquanto eu não arranjo um lugar, posso ficar aqui?
 
- Claro. - sorriu Punzi. - O quarto de hóspedes está vazio mesmo.
 
(...)
 
No dia seguinte...
 
Havia combinado com Punzi e Flynn para não contarem que estou morando com eles. Não queria que ninguém soubesse aonde estou. Inclusive, troquei de número.
 
No momento, eu e Punzi estávamos procurando emprego nas folhas de jornal.
 
- Ah! Achei um! - alertou animada. - Que tal babá?
 
- Claro. Eu adoro crianças. - afirmei com um sorriso.
 
(...)
 
No outro dia...
 
- Não pega a gente, Elsa! - provocou a menina enquanto fugia com o irmão pelo corredor.
 
Me encostei na parede, respirando ofegante e cansada.
 
Meu telefone tocou e eu atendi.
 
- "E aí? Como está indo?" - perguntou Punzi curiosa.
 
- Eu estou reconsiderando a ideia de ser mãe. - comentei ainda ofegante.
 
- "Pelo menos você vai praticando pra seus filhos serem uns amores no futuro. - alertou. - Fala sério, Elsita. São crianças, não demônios".
 
- Troque de lugar comigo e mudará de ideia. - afirmei num tom brincalhão.
 
(...)
 
Uma semana depois...
 
Eu já havia me acostumado rapidamente à rotina de trabalhar e estudar. Depois que o pai das crianças chegavam, eu saía e ia direto pra faculdade.
 
Terminei de recolher os brinquedos e os coloquei na caixa. Meu patrão e pai das crianças, adentrou o quarto na hora. Ele se chamava Wander Martinez. A esposa dele não estava em casa no momento.
 
- Já vai, Elsa? - questionou curioso.
 
- Sim. - confirmei. - Vou pra faculdade agora.
 
- Quer uma carona? - sugeriu.
 
- Não, obrigada. - agradeci educada, passando por ele.
 
Foi então que ele agarrou meu braço e me puxou, me encostando na parede.
 
Arregalei os olhos em choque enquanto botava um braço de cada lado do meu corpo, me cercando.
 
- Não tiro os olhos de você desde que entrou nessa casa... - sussurrou sedutor aproximando o rosto e beijou minha orelha. - Eu te quero Elsa e sei que me quer também.
 
Apavorada, dei uma forte joelhada nas suas partes íntimas. Ele urrou de dor, pondo as mãos sobre o local e caiu no chão, se contorcendo.
 
Aproveitei seu momento de fraqueza e corri pra fora do quarto, fugindo.
 
(...)
 
Dias depois...
 
Depois que dei queixa na polícia, Wander teve que me dar uma boa quantia de dinheiro como indenização. Sua esposa, quando soube do assédio, me apoiou e se separou imediatamente, levando os filhos consigo.
 
- Não adianta trabalhar de babá se seu patrão é um tarado. - comentou Punzi rolando os olhos. - E que tal garçonete?
 
(...)
 
No dia seguinte...
 
- Bom dia. - sorri indo até a mesa onde estava sentado apenas um homem. - O que vai querer?
 
Ele sorriu largo, me encarando dos pés à cabeça.
 
- Você na minha cama estaria de bom tamanho. - relatou.
 
Franzi a testa.
 
- Me avise quando se decidir. - alertei me virando.
 
Quando me preparei para me afastar, saltei quando ele bateu na minha bunda.
 
- SEU FILHO DA MÃE! - xinguei revoltada me virando com tudo e lhe dando um forte tapa.
 
(...)
 
Mais tarde...
 
Bom, como fui demitida por "injusta causa" , o dono do restaurante teve que me pagar uma indenização.
 
- Eu te gabava tanto por ser calminha, é isso que dá elogiar muito. - resmungou Punzi passando a mão no rosto. - Consegue ser atendente de farmácia?
 
(...)
 
Na noite seguinte...
 
- Boa noite. - sorri educada para o rapaz que se aproximou.
 
- É...me vê uma camisinha, a melhor que tiver. - pediu.
 
Peguei o item e entreguei para ele.
 
- Como sabe que é a melhor? - questionou arqueando uma sobrancelha.
 
- Porque são as mais recomendadas pelos especialistas. - respondi rapidamente.
 
- Tem certeza? - sorriu largo - Não quer me ajudar a testar?
 
Arregalei os olhos incrédula.
 
- Está com dúvida? Então leve essa daqui também! - alertei jogando outra camisinha nele. - Ah! E essa! E essa! - joguei alterada, um monte nele. - Quer saber? Leve todas e enfie naquele lugar!
 
(...)
 
Mais tarde...
 
- O emprego da Elsa: Ganhar indenização. - brincou Flynn esticando as mãos de forma dramática.
 
Pelo menos o dinheiro que ganhei dava pra pagar a próxima mensalidade do meu curso.
 
- Elsa, você não tem culpa por ser bonita. - relatou Punzi. - Mas não pode bater em todo o cara que der em cima de você.
 
- Eles não deram em cima de mim, me assediaram, o que é bem diferente. - corrigi. - Tem mais alguma coisa pra mim?
 
Punzi arregalou os olhos e soltou um som de espanto, enquanto não tirava os olhos do jornal.
 
- O que foi Punzi? - questionou Flynn confuso.
 
- Jack Frost está precisando de uma assistente. Eu tô chocada! - confessou surpresa. - E o salário é ótimo!
 
- Jack Frost? - indaguei surpresa. - Não é aquele cara que foi abandonado no altar pela noiva dois anos atrás?
 
- Ele mesmo, ele é nosso amigo. - confirmou Flynn dando de ombros. - A Punzi pode falar com o Soluço e indicar você. Ele é sócio do Jack.
 
- Seria ótimo! - afirmei animada. - Valeu mesmo gente!

O homem dos olhos friosOnde histórias criam vida. Descubra agora