O fim é apenas o começo

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-Filha acorda!Logo o Luan vai para o aeroporto-Dei um pulo na cama assim que a voz de minha mãe atravessou a porta anunciando as últimas palavras.

Luan era a pessoa que eu amava, ele também me amava mas nunca namoramos, nossos pais não permitiriam por causa da nossa idade, eu tinha 13-faltava apenas 2 meses para completar 14-e ele tinha 14 anos.

Mas apesar disso, viviamos mandando mensagens de amor e a gente vive dando apelidos fofos um para o outro.

Nos conhecemos desde crianças, com 4 e 5 anos.

Nos apaixonamos no fim do ano retrasado, quando nos perdemos em uma corrida de orientação e tivemos que arrumar um meio de sobreviver até nos acharem.

Ele iria viajar para Londrina, para morar lá.Ficamos arrasados com isso, mas não tinhamos o que fazer.

Dei um pulo para fora da cama e sai desesperada em busca da melhor roupa que podia ter.

No fim vesti uma saia florida que ia até um pouco acima dos joelhos, uma blusa branca colada ao corpo e uma rasteirinha beje.

Logo depois fiz uma make e arrumei os cabelos da melhor forma possivel.

Peguei minha bolsa e coloquei dentro um cachorrinho de porcelana que tinha uma placa escrito: te amo que havia comprado pra ele e sai correndo para a cozinha.

-Mãe to pronta podemos ir não quero chegar tarde-eu falava desesperada e rapidamente.Ela ria do meu desespero.

-Querida calma ainda falta 20 minutos.

-Mãe vamos por favor-fiz uma voz manhosa.

-E o seu café?

-Eu tomo depois, prometo, mas vamos por favor-eu parecia uma criança pedindo algo em um mercado.

-Ai ta bom ta bom-Ela se levantou da mesa e pegou as chaves.

Fomos ao carro e ela deu a partida.Ao chegarmos fiquei esperando anciosamente por ele.Eu andava de um lado para o outro.Aflita.

-MÃE CADE ELE?

-Eu estou bem aqui, se é de mim que você está falando-Me virei e ele estava bem atras de mim, sorrindo com uma risada.

-Luan!-Nos abraçamos forte e já sentia lágrimas rolando pelo meu rosto-Gordinho-esse era um dos apelidos que eu tinha dado-Vou sentir tanta sua falta-Ele me apertou mais contra si.

-Eu também vou minha pequenina-Ele me chamava assim, ele era mais alto que eu e isso dava a empressão que eu tinha menos altura do que realmente tenho-É tão difícil pra mim te deixar aqui pequena.

-Você tem mesmo que ir lulu?

-Tenho princesinha, eu não queria ir, não mesmo, mas eu tenho que ir-mais lágrimas rolavam pelo meu rosto.

-Vai se lembrar de mim não vai?-Me afastei um pouco para ver seu rosto.

-Sempre fofinha, sempre-ele secou algumas de minhas lágrimas com o dedo.

-Tenho uma coisa pra você-tirei o cachorrinho da bolsa e entreguei a ele.

-Vou guardar com todo o carinho.Eu também tenho algo para você-ele.colocou a mão no bolso da calça e de lá tirou um colar prateado com um.coração nele.

-É muito lindo luh.

-Abre ele-olhei na lateral que tinha uma fina abertura.Abri o coração e dentro tinha uma foto dele-Para você sempre se lembrar de mim.

-Sempre vou usá-lo-ele pegou o colar e colocou em mim.

-Eu também sempre vou usar.

-O que?

-Isso-ele tirou se dentro da blusa um colar igual ao meu, ele abriu o coração e tinha uma foto minha.Meus olhos encheram de lágrimas.Ele abriu os braços e eu o abracei com força.

-Te amo gordinho-sussurrei.

-Te amo lindinha-sussurrou de volta.

-Próximo voo destino Londrina-a voz anunciou nos altos-falantes.Eu o abracei mais forte ainda, com as lágrimas rolando loucamente.

-Nunca vou me esquecer de você-ele sussurrou com um tom triste na voz-Eu prometo.

-Eu também nunca vou me esquecer de você-Saímos do abraço finalmente.Ele me encarava com os olhos azulados por causa das lágrimas.

-Vamos filho-A mãe dele disse calma.

-Vamos...

-Então...até algum dia.

-Até-ele parecia ter algo decidido e quando me toquei ele estava me dando um selinho longo.Nosso primeiro beijo.Ele acariciou meu rosto antes de se virar lentamente, pegar sua mala e ir em direção ao avião.

Apenas encarava o avião, com o rosto corado, as pernas trêmulas, uma dor forte que vinha do fundo do peito até a flor da pele.

Em mais algum tempo o avião decolou, e junto com ele uma parte de mim, quanto mais o avião se distanciava mais a dor em mim aumentava.

Segurei o pingente no colar que ele havia me dado e acariciei sua foto.

-Vamos filha-Me virei pra ela e concordei com um gesto com a cabeça.

No caminho todo eu chorava incosoladamente.Chegando em casa tomei o café da manhã como prometido, mas os alimentos não tinham sabor.

Me tranquei no quarto pelo resto da tarde, acariciando o pingente que agora estava fechado.

Quando as lágrimas pareciam enfim seder elas voltavam, cada vez com mais força.

Eu nunca mais seria a mesma sem ele...

Anos mais tarde...


Belo romanceOnde histórias criam vida. Descubra agora