Capítulo seis

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"O início"

Este apartamento parece estar menor a cada dia!" - pensou Drelk andando de um lado para o outro.

Ele estava muito ansioso e andava igual a uma barata tonta. Drelk desviava dos móveis da minúscula sala do apartamento onde morava com a mãe, como se fossem obstáculos em um labirinto. Tudo isto por causa de uma férrea discussão entre mãe e filho. Uma verdadeira queda de braço.

Embora tivesse ciência da derrota iminente, como quase sempre acontecia, para ele; nada custava. Se, porventura ganhasse, OBA..., caso contrário, seria apenas mais uma derrota.

O minúsculo apartamento foi a única herança deixada pelo pai. Mathild, sua mãe, se desdobrava para mantê-lo financeiramente. - E não era fácil.

Foram incontáveis as vezes em que estivera em frente a uma luxuosa vitrine, hipnotizada por um belo vestido, combinando com um par perfeito de sapatos, mas os compromissos domésticos sempre gritavam alto em seus ouvidos. A única coisa, que para ela era a mais sagrado do que qualquer desejo consumista, era sagrada mensalidade da faculdade do filho. Ela desejava que ele tivesse um futuro que jamais teve a oportunidade de realizar.

A discussão era sobre a primeira viagem de Drelk ao sitio dos tios sem a supervisão de uma pessoa mais cabeça, dizia ela, como se Drelk não tivesse nenhuma. Isso deixava-o furioso, ele não se achava mais uma criança. Também pudera, com dezoito anos nas costas. Mas era a sua mãe. - Deve ter algum dispositivo na cabeça delas que não permite ver os filhos crescerem.

Há algumas semanas, Drelk se preparava para uma viagem de férias de verão. O destino era uma pequena cidade onde moravam alguns de seus parentes por parte de mãe. A cidadezinha centralizava uma extensa área rural, onde situava uma bela propriedade que moravam seus tios e primos.

- Mãe...! Daqui a algum tempo, estou andando com uma bengala na mão e a senhora com outra atrás de mim me acompanhando! Eu já estou bem crescidinho pra senhora me pajear, não acha?! - Sufocado e se sentindo claustrofóbico, não só por causa do pequeno apartamento, mas principalmente; pelo extremo cuidado com que a sua mãe tinha para com ele, Drelk reclamava.

Mathild era uma bela e jovem mãe. De corpo bem torneado e com não mais de um metro e sessenta de altura, ela mantinha suas curvas bem delineadas, sempre que podia ia a academia. Ela sempre dizia: "O tempo não pode ditar a sua idade, envelhece quem quer". Drelk não entendia muito o que ela queria dizer com aquilo, o tempo ainda não o tocara.

Embora estivesse beirando os quarenta anos, seu meigo rosto de pele branca e macia, possuía uma singular suavidade, dando a ela no mínimo dez anos a menos na idade. A boca bem desenhada, e seus pequenos olhos negros de cílios grandes e finas sobrancelhas, realçavam ainda mais a beleza de seu rosto. Os cabelos pretos de brilho intenso, que descia em suaves cachos a um palmo abaixo dos ombros, dançavam levemente a cada movimento dela. E às vezes, ela os tirava de cima dos ombros com um charmoso movimento na cabeça. Quando via, Drelk sempre sorria, mas não de deboche, e sim, de um tremendo orgulho da beleza dela.

- Mas meu filho, mãe sabe o que faz! Talvez, eu esteja mesmo exagerando um pouco em não deixar você viajar só, mas eu tenho muito medo de que... - interrompeu ela.

- Do que a senhora tem tanto medo mãe?!

- De que possa acontecer algo com você sem que eu esteja por perto para te ajudar, meu filho! - Mathild falou num tom como se soubesse de que, realmente poderia acontecer alguma coisa, mas quando percebeu que Drelk a encarava desconfiado, ela baixou a cabeça sobre a pia e continuou lavando a louça do jantar. Era o que ela sempre fazia quando estava nervosa. - Porque você não espera eu tirar umas férias do emprego e então; viajaremos juntos?

Dramagerom "Herdeiro Guardião"Onde histórias criam vida. Descubra agora