Capítulo Vinte e Um

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Não demorou muito para que o senhor Gustav a chamasse para partirem, Vayla olhou para o irmão, aproximou-se e deu um beijo em sua testa.

— Vai dar tudo certo meu irmão. Nós iremos achar uma saída... — cochichou ela no ouvido do Ayron. Em seguida, mostrou os olhos marejados ao se virar para o Drelk. Ele a observava de certa distancia. “Será que eu não dei esperança demais a ela?” — Pensou Drelk preocupado em decepcioná-la mais ainda com a ideia maluca de investigação.

Passava das dez horas da noite quando Gustav se preparou para deitar-se, após mais um dia cansativo. Vayla estava inquieta procurando um jeito de puxar assunto, mas não sabia como. Queria por em pratica o que havia combinado com Drelk, mas não encontrava um meio. Andou de um lado para o outro até ser interrompida por seu pai que já não aguentava mais ver a filha tão angustiada.
— Aquele rapaz tem alguma coisa haver com essa sua inquietação filha? Vocês estão... Você sabe...! Namorando ou, ...ficando? Sei lá como é que se diz hoje em dia! — perguntou seu pai preocupado. — Deste jeito você vai acabar abrindo um buraco no piso de tanto andar pra lá e pra cá menina! E, isso está me incomodando!

— De certa forma tem sim, mas ... "Até que ele não é de se jogar fora..." - Vayla parou de repente e corou. Surpreendeu-se pensando em algo que até então nem lhe ocorrera. Querendo justificar-se, como se o seu pai tivesse ouvido seus pensamentos, a jovem apressou-se em se justificar: — Mas não é o que o senhor está pensando pai!

— E como a senhorita sabe se não é exatamente o que eu estou pensando, por acaso você já se esqueceu do meu superpoder de ouvir os pensamentos alheio? Ah, me esqueci de que você não sabia... —  falou Gustav com o olhar sério enquanto Vayla fazia uma careta enrijecendo todo o corpo. Sem perceber, ela imediatamente começou a apertar as mãos com força. Seu pai já sabia que aquele era um sinal de que a filha estava desconfortável. — Brincadeira filha... Você precisava ver a cara que fez.

— Ufa, por um momento pensei que o senhor tivesse descoberto o que eu e o Drelk fizemos ontem...! — agora era seu pai que retesava, numa pavorosa expressão de raiva e preocupação.

— Mas; que historia é esta menina?

—Brincadeirinha pai, eu só o vi hoje pela manhã e foi na companhia da dona Margarete! — consertou Vayla, antes que Gustav pensasse o contrário. — Foi o senhor que começou! O que achou do próprio veneno?

— Tem gosto amargo. — respondeu Gustav, antes de cair na gargalhada e se desculpar.

Há muito tempo Vayla não tinha este momento com seu pai, Gustav escondera este seu jeito brincalhão de ser, desde que perdeu a esposa.

— Mas vai ter troco! — insistiu o velho, não se dando por vencido. — Pode apostar que vai!

Rindo, Vayla aproveitou o momento. Ela viu a oportunidade que precisava para iniciar uma conversa franca com seu pai. No caminho de casa ela havia pensado em varias formas de como iniciaria a conversa sobre o seu irmão Ayron, mas até então, não havia achado um jeito. Esta, era a sua deixa.

— Me desculpe pai, mas... O assunto que nos interessa, quer dizer; a mim e ao Drelk, é justamente sobre o que mais te aflige... — ela pausou por um segundo procurando coragem e prosseguiu da forma mais direta que pode. — Trata-se de Ayron...

Neste instante ela viu o brilho nos olhos do pai junto com o sorriso que o acompanhava, extinguir-se tal como a chama de uma lamparina quando é pega de surpresa por uma súbita corrente de vento.

Vayla quase viu a oportunidade que precisava para chegar onde queria, escorregar por entre os seus dedos, mas antes que a perdesse, com jeito para não magoar o velho, começou a fazer as perguntas sugeridas por Drelk.

Gustav até que tentou esquivar-se do assunto como sempre fazia, mas Vayla estava determinada. Havia chegado à hora de por tudo as claras.

Durante muito tempo, Vayla evitou o assunto por não querer magoá-lo. Em todas as tentativas ele sempre achava um jeito de desconversar, e Vayla sempre respeitava o seu silêncio, mas dessa vez seria diferente, ela não desistiria tão fácil como das outras vezes.

Gustav sabia que um dia teria que enfrentar a realidade, pois guardava a dor em seu peito por longos anos.

Dramagerom "Herdeiro Guardião"Onde histórias criam vida. Descubra agora