Capítulo cinco

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O irmão da Vayla, após ter sofrido de um mal súbito que o deixara completamente paralisado da cabeça aos pés num estranho sono profundo, assim que surpreendentemente recobrou a consciência, foi trazido por Vayla ao hospital. Sua ida a clínica, era apenas para um check-up. Seu pai havia gasto o que não tinha para descobrir qual era a doença do filho, mas antes que os médicos descobrissem o que lhe causou a doença, ele acordou.

- Olá senhor! - cumprimentou uma senhora aparentando cinquenta e poucos anos de idade, após forçar a garganta numa tosse falsa.

Concentrado na dificuldade que estava tendo para se ajeitar novamente após ter desistido da leitura, o velho nem se deu conta de que a mulher já estava ali há algum tempo. A presença daquela mulher fez imediatamente o seu coração disparar de ansiedade.

- Finalmente! - murmurou ele audivelmente, o que fez a mulher sentir-se desconfortável.

Vestindo calça brim branca e uma decotada blusa de algodão da mesma cor, ao curvar-se para cumprimentá-lo, a enfermeira deixou uma madeixa de seus cabelos lisos e ruivos, deslizarem parcialmente sobre o seu rosto, cobrindo-lhe meia face. A parte que se mostrava estava pálida e carregada de maquiagem. A pintura em seu rosto redondo, quase que disfarçavam algumas sardas, mas o decote em sua blusa, deixava à mostra um colo completamente tomado por pintas de tons suaves, lhe desenhando uma beleza peculiar.

- O senhor deseja tomar um cafezinho ou uma água gelada enquanto aguarda? - continuou ela, esforçando-se para demonstrar-lhe sinceridade em suas palavras.

- Eu, agradeço a gentileza..., mas..., por enquanto não; obrigado! - respondeu o velho voltando sua atenção para os objetos que estavam em cima da mesa, enquanto que no seu íntimo; desejava que ela saísse dali o mais rápido possível e o deixasse em paz.

Completamente aflito por notícias, o velho quase se empolgara com a presença da mulher que de súbita apareceu. Chegou a pensar que finalmente fosse saber alguma coisa sobre os amigos. Decepcionado, concluiu que se tratava apenas de mais uma que se incomodava com a sua presença maltrapilha naquele lugar.

Não é que, preferisse ficar só. Mas pelo tom irônico da mulher, não precisava ser nenhum gênio para perceber que ele não era bem-vindo naquele lugar.

- Se o senhor precisar de algo... - falou a enfermeira, após medi-lo furtivamente e já se virando para sair dali. - Estarei na sala da enfermaria!

- Eu gostaria de ver o Ayron! O jovem que está acompanhado da irmã. - disse ele antes que ela saísse de vez.

- Como o senhor mesmo disse, ele já tem um visitante, a irmã dele. As normas do hospital é um acompanhante por vez. - respondeu ela, vomitando arrogância.

Com passos firmes em sua sandália branca de salto alto, ela saiu imprimindo um som com ecos melancólicos. À medida que ela se aprofundava pelo extenso corredor, esvoaçando seu alvo porta pó, extinguia-se paulatinamente o ruidoso som de sua presença.

O cheiro de remédios misturado ao aroma de desinfetante de lavanda, com um leve toque etílico espalhado por todo o ambiente, odor característico em hospitais, misturou-se com o perfume adocicado e meio madeirado que exalou da enfermeira, deixando seu frágil estômago de velho, embrulhado.

Assim que a enfermeira sumiu de sua vista embaçada, o velho recostou aconchegadamente sua cabeça grisalha no encosto da confortável poltrona, querendo relaxar um pouco. Tentava distrair a sua mente para esquecer-se do cheiro penetrante que ainda pairava no ar e lhe causava enjoos.

Suas flácidas e cansadas pálpebras se fecharam quase que involuntariamente. Deixando seus pensamentos divagar nos lugares mais vívidos de suas lembranças, buscou um alento para as suas expectativas.

Nesse devaneio, sua mente o levou a explorar as mais recentes e fortes lembranças de sua vida, há um mês atrás, quando ainda era um jovem e com apenas dezoito anos de idade.


Olá pessoal, mais um capítulo! Espero que gostem!

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Agradeço a todos!!!!!

Dramagerom "Herdeiro Guardião"Onde histórias criam vida. Descubra agora