8

487 73 28
                                    

Wonwoo. 18° C

Na semana seguinte, fiquei distraído na escola, flutuando durante as aulas e mal fazendo anotações. Tudo em que eu conseguia pensar era na sensação do pelo do meu lobo debaixo dos meus dedos e na imagem da loba branca rosnando para mim do lado de fora da janela. Minha atenção foi despertada, porém, quando a Sra. Ruminski entrou com um policial em nossa sala, na aula de capacitação social.

Ela o deixou sozinho diante da classe, o que eu achei bastante cruel, considerando que estávamos na sétima aula do dia e a maioria de nós estava agitada, querendo sair dali o mais rápido possível. Talvez ela achasse que um membro da força policial conseguisse lidar com simples estudantes do ensino médio. Mas em criminosos se pode atirar, não em uma sala cheia de adolescentes que não calam a boca.

— Oi — disse o guarda.

Por trás de um cinturão de acessórios no qual sobressaíam o coldre, sprays de pimenta e ouras artilharias semelhantes, ele parecia jovem. Deu uma olhada para a Sra. Ruminski, que pairava inútil diante da porta aberta da sala. E apontou para a etiqueta brilhante em sua camisa: WILLIAN KOENIG. A Sra. Ruminski nos tinha dito que ele era um ex-aluno de nossa excelente escola, mas nem seu nome ou rosto me pareciam familiares.

— Sou o guarda Koenig. Sua professora, a Sra. Ruminski, me perguntou semana passada se eu poderia vir falar em sua aula de capacitação social.

Olhei para Junhui, na carteira ao lado, para ver o que ele estava achando daquilo. Como sempre, tudo em Junhui parecia claro e ordenado: um boletim nota 10 em forma de gente. Seu cabelo escuro estava arrumado em um topete perfeito e sua blusa de colarinho tinha sido passada havia pouco tempo. Nunca dava pra saber o que Junhui estava pensando apenas observando seu rosto. Era para os olhos que se deveria olhar.

— Ele é uma graça — Junhui cochichou. — Adorei a cabeça raspada. Você acha que a mãe dele o chama de Will?

Eu ainda não tinha descoberto como reagir àquele recém-descoberto e muito verbalizado interesse de Junhui por rapazes, então só revirei os olhos. Ele era bonitinho, mas não fazia meu tipo. Acho que eu ainda não sabia direito qual era meu tipo.

— Eu entrei para a polícia logo depois de terminar o ensino médio — continuou o guarda Will. Parecia muito cauteloso quando falou, franzindo a testa. — É uma profissão que eu sempre quis seguir, e que levo muito a sério.

— Está na cara — cochichei para Jun. A mãe dele provavelmente não o chamava de Will.

O guarda Koenig olhou para nós e pousou a mão no revólver. Acho que foi por hábito, mas parecia que ele estava pensando em atirar em nós por termos cochichado. Junhui se encolheu na cadeira e algumas garotas deram risinhos.

— É uma excelente carreira e uma das poucas que ainda não exige faculdade — insistiu ele. — Alguém aqui... ahn... já pensou em ir para a força policial?

Foi aquele ahn que acabou com ele. Se ele não tivesse hesitado, acho que a turma teria se comportado.

Uma mão se ergueu. Elizabeth, uma das inúmeras alunas da escola Mercy Falls que ainda usavam preto desde a morte de Sanha Yoon, perguntou:

— É verdade que o corpo de Sanha foi roubado do necrotério?

A turma explodiu em cochichos com aquela audácia, e o guarda Koenig olhou-a como se realmente tivesse um motivo para atirar nela. Mas tudo o que ele disse foi:

— Não estou autorizado a discutir detalhes de uma investigação em curso.

— E há uma investigação? — perguntou uma voz masculina lá na frente.

CalafrioOnde histórias criam vida. Descubra agora