Filha da Máfia

*26*

Me trancar no meu quarto nunca me pareceu tão bom.

Estou cansada demais, confusa demais. Tantas mudanças em tão pouco tempo me deixaram tão exausta que só tenho vontade de gritar e matar.

O que mais me aflige são as questões amorosas atuais da minha vida.

Eu sei que muitas pessoas devem estar pensando: dois homens gostosos e lindos ao seu dispor e ela está aflita ?!

Vocês não fazem ideia.

Alec apareceu do nada e me conquistou de tal forma que mal posso explicar. Ele me entende. Entende quem eu sou e o que eu faço. Sei que para qualquer coisa que eu precisar ele estará ali para mim. Aí meu lado para o que der e vier. Sem traições ou meias palavras.

Mas, o Pietro...

Ele me conquistou, fez com que eu depositasse a confiança que eu não tenho em ninguém, nele. E fez isso em menos de semanas. Ele fez com que eu abrisse meu coração e lhe mostrasse o melhor lado para que depois jogasse na minha cara o quão tola eu fui por acreditar que ele sentiria algo por mim.

Alec me ensina a ser eu mesma, Pietro me ensina a não confiar em ninguém, a estar preparada para uma traição.

E ainda tem gente que acredita na bondade daquele embuste. Será possível que ninguém lembra das coisas que ele fez ? As putas? As mil pessoas mortes apenas para me atingir?

Me jogo na minha cama e grito contra o travesseiro. Raiva me define. Vontade de socar a cara de alguém. Troco de roupa. coloco uma calça de moletom e Desço para a academia, coloco uma música alta qualquer e começo a socar o saco de areia incansavelmente. Imaginando a cara de Pietro a minha frente. Eu já disse que tenho alguns problemas quanto ao controle da raiva ?

Não sei se foi por ter crescido em meio a violência constante ou a minha iniciação tão nova, mas a raiva é uma parte de mim, aquela parte que eu não gosto de controlar, meu yin.

A minha percepção dessa parte foi algo curioso. Foi bem depois da minha iniciação. entre meus 15 e 16 anos.

Uma entrega havia dado errado e três dos meus homens morreram. Três homens leais. Havia sido a primeira vez que havia perdido alguém em campo e eu queria saber quem havia sido o responsável. Foi perto da época da minha TPM, Então meus nervos estavam a flor da pele. Juntei todos os soldados que estavam presentes na entrega e todos que sabiam e os coloquei um ao lado do outro no galpão. Naquela época eu sempre era alvo de piadinhas pelas costas, não tinha o temor deles ainda. Mas depois desse dia mudou tudo.

Perguntei apenas uma vez quem sabia o que havia acontecido, quem havia estragado uma operação de meses por dinheiro ou não sei que merda. Recebi silêncio é um olhar debochado.

Dos 17 soldados que desceram. Apenas 4 ficaram vivos. Matei um a um até que o culpado se mostrasse. E quando ele apareceu o matei. Ele me deu um motivo tão ridículo que quase surtei.

Dinheiro.

Quis falar de dinheiro logo para mim. Todos os integrantes e informantes sempre foram muito bem recompensados, obrigada. A fortuna da família era e ainda é inimaginável, rende milhões todos os dias.

Como retaliação meu pai me tirou de todas as operações de campo por 6 meses e, nesse tempo me obrigou a ir a um psicólogo . Foram os piores meses da minha vida. E o pior de tudo nem foi isso, foi o resultado da análise da puta da psicóloga.

" A Maria é extremamente narcisista, mimada, sociopata, tem problemas em controlar a raiva e não lida bem com opniões alheias. Lhe falta empatia e consciência "