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Na máfia, as mulheres nos enterros tem que demonstraram sua dor pela perda. Chorar ao lado de seu marido enquanto ele comprimenta as pessoas.

Sem sobra de dividas que a minha vontade é chorar até mostrar a cara inchada em baixo da maquiagem. A cara do capitão que chega com a sua família quando me vê o esperando séria na porta é hilária.

Ele me encara com o semblante desaprovador. Fala primeiro com Pietro antes de se virar para mim.

-Meus pêsames, senhorita Obenko.

-Agradeço-Respondo seria. Ele me mede de cima a baixo antes de começar.

-O seu lugar é demonstrando o pesar morte do seu pai. Não aqui parecendo a próxima capo. Seu futuro marido está aqui pra isso.

Pensei que ia passar por isso só mais tarde, mas já que ele quis né.

-Primeiro, eu sou a sua Capo agora, tenha mais respeito. Segundo, você, assim como todos os outros são podres atrás de apenas uma fraqueza. Então eu não sou obrigada a chorar na porra do enterro do meu pai. Eu faço o que eu quiser, quando quiser. Então, me agradeça por não aproveitar o velório dele para fazer o seu também.

Ele deixa o rosto sem expressão, porém seus olhos fuzilam de raiva. Ele vai me dar muitos problemas.

Como os convidados começar a chegar, mando Pietro para dentro, fazer sala. Coisa que a filha devia estar fazendo. Porém, quero olhar na cara de cada um que entrar. Mostrar que eu estou no comando agora.

Mais pessoas chegam. Alguns respeitam a minha posição, outros não. Os desaforados geram de receber uma lição logo após a fase do luto. Uma maçã podre pode estragar todas as outras. Sempre disse isso ao meu pai.

Quando os principais integrando da família terminam de chegar, entro e coloco um dos soldados na porta para ficar de guarda caso mais alguém chegue. Pego um ponto eletrônico e o coloco para ficar ciente de tudo o que acontece. Malik finalmente aparece quando chego na sala. No fundo junto com os soldados. O olhar velado como sempre. Ele também sentiu essa morte, mesmo que não tenha demonstrado, ele e meu pai eram muito amigos.

Vou até a frente de todos e os encaro. Odeio essa parte de discursos. Como filha eu teria apenas que ficar no amor e chorar enquanto Pietro falaria o quanto meu pai foi importante. Como capo terei que fazer a mesma coisa, porém sem chorar.

-Boa noite.-Começo sem hesitação.-estamos aqui hoje pela morte de nosso capo dei capi. Hendrik Obenko. Meu pai. Ele sempre foi um chefe exemplar e um pai mais que perfeito. Ele comandou a família por 23 anos. Sempre sendo sensato em suas decisões. Levou essa máfia a feitos que não haviam sido imaginados antes por ninguém. Ele sempre será lembrado pelo capo que era e pelo homem que sempre foi. Nascido com sangue e morte, vivendo com sangue e morte, a única saída é o sangue e morte.

Todos ficam em silêncio como é de se esperar, e então o caixão e fechado e todos se retiram da sala e vão para o local do enterro. Algumas mulheres passam por mim com o olhar de reprovação e outras com solidariedade. As da minha idade me olham como se eu fosse de outro mundo. Pietro enlaça minha cintura com sua mão e me acompanha até a cova. A lápide de meu pai é simples. Apenas com seu nome completo e o lema da máfia, como se é de costume.

O caixão é enterrado e assim que termina, as pessoas começam a se dispersar. Hora de todos irem embora. Cada um vem até mim para prestar condolências mais uma vez e se despedir. Alguns dos homens, os mais machistas, devo dizer de passagem, dão toda a atenção para Pietro. Esses me dariam muitos problemas.

Assim que todos se vão. Entro e vou direto para o meu escritório, passo pela cozinha e pego uma xícara de café. Preciso de energia. Tiro os sapatos, prendo o cabelo em um coque e tiro o sutiã, me largo na cadeira e respiro fundo antes de começar.

Filha da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora