Alpha - Death of Angels

Capitulo 16

Loki

Assim que entro no bar, vejo Skull, eu Wade e Easton me esperando. Estavam com a jaqueta da gangue, que tinha nosso símbolo nas costas, duas asas negras saindo de um crânio. Easton tinha duas facas presas em seu sinto, Wade tinha uma faca e uma arma e Skull levava apenas um canivete. O cara nunca foi muito fã de armas, e para falar a verdade, não precisava.

Faço um sinal de dois minutos com a mão e cada um deles confirma com a cabeça. Eu tinha apenas que pegar a minha jaqueta e falar com meu pai. Beth estava certa, eu tenho que parar com essa palhaçada é ir visitá-lo, antes que seja tarde demais.

Subo as escadas rapidamente, dois degraus de cada, pego a minha jaqueta na porta do meu quarto, e pato na frente do quarto de Harold. Está na hora.

Bato duas vezes levemente e abro a porta. Tenho que conter um suspiro assim que meus olhos o encontram. Meu pai não conseguia respirar sozinho, então tinha dois pequenos tipos enfiados em seu nariz, apenas adiando o inevitável.

Ele sempre havia sido um cara forte, musculoso e com uma atitude arrogante, mas eu não vejo nada disso agora. Harold parece frágil, seus braços eram dez vezes mais finos, e ele tinha emagrecido muito. Haviam olheiras debaixo dos seus olhos. E aí, naquele exato momento, a verdade me atingiu. Eu iria perder mais alguém que amo. Meu pai iria morrer, eu iria virar alpha. E eu não estava nem um pouco pronto para nenhuma dessas coisas.

Quando tinha quatorze anos, eu tinha feito minha primeira tatuagem. As duas datas mais importantes da minha vida. 23 e 29 de agosto. O dia em que  minha família toda morreu, e o dia em que Harold me encontrou dormindo do lado de fora de seu bar.

Pouco tempo depois, fiz mais uma. Uma frase, que minha irmã mais velha, Zoe, costumava me dizer. Ela disse naquela noite, antes de sair e sofrer um acidente de carro. "Eu e você sempre, Little One.". Eu tinha essa tatuada em meu peito.

Mas a tatuagem mais importante, era a que eu havia feito nos meus dois braços. No meu braço direito, tinha uma frase, "Eu te amo", derretendo, e formando um rio negro que enrolava todo o caminho até minha mão. Era um lembrete, assim como a mão tocando um coração queimado no meu braço esquerdo, de que eu era tóxico. Eu matava tudo, e todos que me amavam.

Os olhos do meu pai se movem para a jaqueta que eu segurava na minha mão, sinal de que ia em uma missão, e ele soltou um sorriso. "Peter de novo?"

Sua voz sai como um sussurro fraco. Eu me aproximo, sentando na cadeira que havia do lado de sua cama. Vejo meu pai revirar os olhos.

"Não me olhe assim, garoto. Já tive olhares tristes o suficiente no dia. Diego, Malcom e Ethan pareciam querer desmaiar." Ele fala, em uma tentativa de me fazer rir. Me sinto imediatamente culpado por não ter visitado antes.

Diego, Malcom e Ethan eram, respectivamente, o beta, gamma e delta de Harold. Pessoalmente, eu os achava uns babacas. Mas eles tinham visto meu pai. Eu não o via desde um mês atras, quando capturamos Olivier. Ele havia piorado muito de lá para cá, e os médicos dizem que ele provavelmente não tem mais do que dois meses.

"Peter se meteu em um problema de novo, e eu vou ajudá-lo." Falo, minha voz triste, mas não demonstrando metade da agonia que eu sinto. A mão fina e fraca de meu pai segura a minha, e eu vejo algo em seus olhos. Eu vejo compreensão.

"Então vá, Loki. Você pode ver seu velho depois. Eu não estou morto ainda." Ele entende. Entende que eu não me sinto preparado para ser alpha, e entende que eu não estou preparado para vê-lo ir.

Eu levanto, determinado, e dou dois tapinhas na tatuagem em meu pescoço, mortem et angelis. Lê repete o gesto, um pequeno sorriso dançando em seu rosto.

Saio dali antes que as lágrimas que eu segurava caíssem. Descendo as escadas rapidamente, boto a jaqueta. O conforto que acompanha é bem vindo. Servia como uma segunda pele, e a sensação de pertencer a algum lugar era algo que sempre procurei. E nas missões, quando uso minha jaqueta, e a adrenalina corre pelo meu sangue finalmente sinto que pertenço a algo.

Assim que encontro com os caras, Easton estende duas facas, minha sweetheart entre elas, e eu imediatamente coloco na parte de dentro da minha jaqueta. Vamos em direção as motos estacionadas no lado de fora.

"Vamos acabar com esses filhos da puta." Vejo no olhar de cada um deles que estão comigo e vão fazer o que eu comandar. Era estranho o fato de grande parte da gangue já me tratar como alpha.

Easton, como não tem uma moto, vai na garupa de Wade. Só temos acesso aos fundos da gangue se estivesse em uma missão em outro lugar, ou se fosse de confiança do alpha. Isso inclui eu, Beth, Wade, Peter, Skull, Ethan, Malcom, Diego e obviamente meu pai. Só.

O trajeto até o bar de Tucker demora cinco minutos, e eu me permito fazer o que sempre faço quando Peter entra em problemas. Entrar em pânico. Será que estamos chegando tarde demais? O capturaram? Mataram?

Deixo o vento e a velocidade me acalmarem. Se tinha algo que eu amava eram motos. Todos aqui, menos Peter, que curtia carros, amavam motos.

Assim que chegamos, vejo imediatamente que todas as minhas preocupações eram desnecessárias. Peter estava dentro do carro, que andava literalmente em círculos, e dez caras esperavam ele parar, furiosos. Tenho que conter uma risadinha.

Escuto dois tiros, que Wade lança em direção ao céu, e todos se viram para nós. Metade dos caras saem correndo imediatamente, e eu faço um sinal para Skull e Wade. Eles confirmam com a cabeça e vão atras do grupo. Eu não podia deixá-los irem embora. Se dessem uma discrição para a polícia, estávamos fodidos.

Peter para o carro, e toda a luta dura em geral uns dois minutos. Foi decepcionante, na verdade. Não me deram nem o direito de ter uma luta decente.

Easton e Peter empurravam os corpos para o lixão enquanto eu pichava o símbolo da gangue no chão. Era o que fazíamos. Sempre deixávamos uma marca.

Vejo Wade e Skull voltando e me viro para eles.

"Feito. Despachamos os corpos" Skull responde, e eu aceno. Me viro imediatamente para Peter, e vejo Easton se afastar, e apoiar-se na parede ao lado do lixo.

"Quer me contar por que vez isso?" Pergunto. Ele me encara como se tivesse acabado de falar que vi Skull dando piruetas.

"É uma Bugatti Veyron EB 16.4, Loki. Por que eu não faria?" Ele questiona e eu reviro os olhos.

"Não, quero dizer por quê você não me contou? Sempre querendo todos os créditos em Peter!" Ele solta uma risada. "Se você vai ser meu beta, precisa falar as coisas" Ele arregala os olhos.

Eu nunca havia de fato falado que ele seria meu beta, mas Peter deveria saber. Somos como carne e unha, ele é bom nas lutas e nas bestas, e eu sou bom em tudo que tenha haver com mira. Nos completamos na luta, e Peter não teria nenhum problema em me falar se eu fizer merda.

"Mas" começo, me virando para Wade "preciso também de alguém para conselhos sensatos, e todos sabemos que Pete não é essa pessoa. Preciso zero um gamma." Falo, batendo no ombro de Wade. Ele abaixa a cabeça, em sinal de respeito e gratidão.

Me viro para Skull. "E também, de alguém que seja um inferno de intimidante" vejo um pequeno sorriso brotar em seu rosto. "Preciso de um delta."

Era isso. Eu aceito. Aceito o fato de que perderei outro pai, e terei que ser forte o suficiente, não apenas para mim, mas para toda uma gangue. Eu teria, e iria, honrar a memória de meu pai.

Eu iria liderar essa merda.