Ação, Reação e Consequência...

5 - Atenue

Se quiser encontrar sua felicidade na Terra, deve começar a esquecer as ofensas. Perdoe a todos pelo mal que lhe fizeram.

Zíbia Gasparetto

Atenue

Quase dez dias se passaram naquela estranha convivência.

Sasuke evitava ao máximo encontrar com Itachi e Naruto, ficando bastante tempo trancado no quarto com o violão. Exceto quando Boruto estava por perto, ele e Daisuke se gostaram desde primeiro momento que se viram. Tornou-se comum vê-los brincando no tapete da sala, nessas horas o papai Uchiha optava por se distrair no piano de calda que ficava no canto do cômodo. Os hóspedes aprenderam rapidamente que não era uma boa idéia interromper as notas, seja lá por qual motivo. Apenas as crianças tinham esse privilégio e até essas esperavam a música findar para chamar atenção de Sasuke.

Outra coisa que Naruto e Itachi descobriram no susto foi que havia mais um morador naquele apartamento, um que nos primeiros dias preferiu manter-se na sombra, completamente incógnito. Susanoo, um gato preto com olhos azuis puxados para violeta da raça maine coon. Uma raça rara de felinos domésticos que cresciam a um tamanho absurdo. No momento que viram o animal sentiriam que estavam diante de uma pequena pantera negra.

Para o mais velho dos irmãos era surpreendente ver o outro no controle de tudo. Não havia sombras do menino tímido e inseguro que se encolhia atrás das suas pernas e usava fones de ouvido como um escudo para manter todas as pessoas que podia o mais afastado possível.

O moreno mais jovem infligia a si mesmo uma rotina auto-suficiente tão firme que ele mesmo tinha dificuldades em acompanhar em alguns momentos. Não sabia que tipo de criação Izuna impôs a ele, mas certamente tinha feito um bom trabalho. Desde novo, Sasuke sempre foi organizado, as raízes militares da família tinham que aparecer em algum lugar. Isso se preservou através dos anos, ele não permitia que nada saísse da ordem por muito tempo, o que era bom para um pai solteiro.

Através dos comentários secos descobriu que a mãe do seu sobrinho faleceu no parto dele e foi com muito custo que evitou ir até o irmão e consolá-lo. Assim que falou da mulher que gerou seu filho a máscara de indiferença caiu e uma sombra de tristeza profunda pode ser visto no fundo dos olhos negros. Não conhecia os detalhes do relacionamento, mas ficou nítido que o mais novo nutria sentimentos profundos pela falecida.

Por outro lado algo que estava sendo cômico de assistir era a completa falta de tato de Naruto perto de Sasuke. Seu amigo loiro devia estar muito aluado para crer que não tinha como não reparar a forma fascinava que ele encarava Sasuke. Pode notar o sentimento nascer no primeiro dia, assim que eles se reencontraram naquela cena trágica orquestrada por Kakashi. Quando descobriu que o homem misterioso a sua frente era seu antigo amigo de infância, o Uzumaki murchou de choque, contudo como um vulcão que respira antes da sua erupção principal, o desejo retornou com força. Nítido para qualquer um com o mínimo de percepção.

O único que parecia não visualizar isso era o próprio Sasuke, talvez por sua preocupação em manter-se distantes deles. Entendia as reservas do irmão, mas não significava que feria menos. Os olhos azuis reluziam ao ver Sasuke. Levou algum tempo para aceitar aquilo. Convivia com Naruto há anos e o loiro era um namorador nato que costumava quebrar alguns corações a torto e a direita. Devia ser besteira sentir tanto senso de proteção com o irmão, mas ele sentia.

O editor abriu os olhos de forma preguiçosa, era sábado de manhã. Todos estavam de folga. Naruto devia estar no vigésimo quinto sono, a noite passada ele virou na Red Foxy e tinha chegado por volta das 06h30min. Puxou o celular de debaixo do travesseiro e constatou que passava um pouco das nove da manhã.