37 - Afinco

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Viver um dia após o outro é a coisa mais difícil de fazer.

Afinco

O vai e vem do aeroporto internacional de Tóquio mal era percebido por Itachi que parecia prestes a ter uma crise de ansiedade andando de um lado para o outro. Shisui, por outro lado estava bem tranquilo mexendo no celular e volta meia olhando para o telão que mostrava os voos que estavam chegando e partindo da terra do sol nascente.

Alguns meses tinham se passado e o ano escolar de Naori finalmente havia chego ao fim. Agora ela estava a caminho do Japão para morar com o pai e consequentemente com Itachi e era isso que estava deixando o moreno de cabelos longos tão agitado.

- Você quer se acalmar! Meu Deus, a minha filha não é o bicho papão para você ficar tão ansioso assim.

- Vai me dizer que você não está nem um pouco nervoso com essa situação? E se ela não se adaptar aqui? Se ela não gostar de mim e do que temos? – Expos seu maior medo. – Como vamos fazer Shisui?

O mais velho miudou o olhar pedindo paciência a todas as divindades conhecidas porque olha... Estava a poucos momentos de dar uns tapas em Itachi. Tá, tudo bem que o medo dele não era infundado, mas eles já tinham tido essa conversa pelo menos cinco vezes. Também estava ansioso com aquela nova etapa que iria se iniciar na vida deles.

Naori era fruto de um casamento que nunca deveria ter acontecido e foi usada pela mãe sem pensar duas vezes para conseguir um bom divórcio. Sempre soube que Anko era uma mulher materialista, mas vê-la chantageando-o com a própria filha deles foi algo que o pegou de surpresa. Durante todo o processo de separação a menina ficou encarcerada em um internato, e a desculpa que os advogados da ex-mulher davam era que aquilo estava sendo feito para proteger a criança do trauma. Como se ser afastada de tudo e todos que conhecia não fosse traumático também.

Havia perdido um valor substancial de dinheiro para Anko e ela também ficou com algumas propriedades. Ainda bem que tinha usado do bom senso e casado em comunhão parcial de bens, ou do contrário ela iria exigir até o que não tinha direito. Foi preciso uma ordem judicial para que devolvesse as joias da sua mãe. Muitas peças da coleção era únicas porque Kagami costumava encomenda-las de estilistas exclusivos para dar de presente de casamento ou aniversário. Só fez questão de tê-las de volta por causa da carga emocional e também porque tinha certeza de que elas não seriam dadas a sua filha, que era quem realmente tinha direito as joias.

Mas toda essa dor de cabeça valeu a pena quando o juiz bateu o martelo lhe dando a guarda integral e unilateral de Naori. O próprio magistrado ficou chocado com a rapidez com que Anko abriu mão da filha quando conseguiu um acordo favorável. Ela não havia hesitado em assinar os papeis e só disse que queria o dinheiro na sua conta e seu nome nas escrituras das propriedades o quando antes. Essa atitude egoísta conseguiu tirar até mesmo seu pai do sério e Kagami Uchiha era tido como um homem extremamente ponderado. Era preciso muito para fazê-lo perder a cabeça.

Tinha medo de que todas aquelas desventuras tivessem afetado a sua garotinha, e se caso tivesse, esperava ter a chance de concertar ou remediar os danos o máximo possível. Contava com a ajuda de Itachi para isso, mas seu primo não seria de grande utilidade se tivesse um chilique daqueles o tempo todo.

- Itachi – chamou calmo. – Ela tem sete anos, é muito mais fácil se adaptar agora do que se ela fosse mais velha. Nós vamos ter orientação e acompanhamento. Que tal lidar com os problemas conforme eles foram surgindo ao invés de antecipar coisas que nem temos certeza de que vão acontecer?

O editor pareceu levemente constrangido e finalmente sentou respirando fundo. Ok, talvez estivesse agindo de modo estúpido, mas não podia evitar. Naori não era qualquer pessoa, ela era a filha do homem que amava e já tinha passado por tanta coisa com aquela mãe mesquinha. Só gostaria de ter a certeza de que ali com ele, ela seria feliz. Deus será que era esse o sentimento que os pais de primeira viagem tinham quando seus filhos nasciam?

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