Ok, o plano era simples: tínhamos que fingir ser namoradas e enganar a minha mãe. Claro, mais simples era impossível. Mas Julia não iria fingir, e sim levar a sério. Isso me assustava.
- Como assim, a sério? – perguntei com medo da resposta.
- Simples – respondeu Julia – Eu não vou fingir meus sentimentos por você, pois eu não tenho nada a fingir. Você... Eu não sei.
E agora quer que eu me sinta culpada? Ótimo, era o que eu precisava.
- Eu não sei o que passei em 6 meses, mas querer que eu faça uma coisa que eu nem sei como é já é demais – respondi.
- Eu sei disso, mas se não for assim, vou ser processada – Julia disse – E eu não quero ser processada só por que amei uma pessoa que tem 2 anos a menos de mim.
- Mas eu não sei fazer isso – eu disse, me contendo para não entrar em desespero – E tem mais, se ela perguntar algo sobre o ano e não saber, ela vai descobrir. Minha mãe pode ser uma patricinha rica, mas não é burra.
- Cuidarei desses detalhes – disse Julia – Fala que você está com dor de cabeça e que está meio zonza por causa da batida. O namoro eu mesma cuido disso, mas terá que ser real. Pode me ajudar nisso?
- Acho que posso – eu disse, mas insegura – Mas eu não sei o que fazer, nem o que um casal comum faz.
- Eu vou te mostrar. Fique ai – Julia disse, então desceu do carro. Ela foi até a minha porta e abriu – Vamos querida? – ela abriu um sorriso e estendeu a mão, tive que rir disso. Peguei a mão dela e desci.
Ela entrelaçou nossas mãos e seguiu até a porta. Eu estava nervosa, mas não havia nada o que eu poderia fazer. Era isso ou ver minha "namorada" ser presa. Respirei fundo e Julia tocou a campainha. Depois, o portão branco se abriu lentamente após um estralo feito pela trava eletrônica.
Olhei por dentro e vi que era bem bonito o jardim da frente. Nunca imaginaria que meu irmão gostava de floricultura, mas lá estavam algumas flores e até mesmo uma roseira bem bonita. Fomos até a porta da frente e então entramos.
Paramos direta a sala, que era toda branca e bem luxuosa, até mesmo os sofás eram brancos. O piso era de madeira. Me lembro de meu irmão dizer que não queria tanto luxo, e isso provava exatamente o oposto. Meu irmão estava sentado no sofá, mas minha mãe não estava lá.
- Ela está banheiro – meu irmão disse, apontando para o corredor no fundo – É melhor que tenho uma boa desculpa.
- Eu não vou fingir nada – disse Julia, me levando até o sofá e sentando – Vou ser o que sempre fui. Vem aqui – disse para mim. Sentei ao lado dela, então ela passou o braço sobre meus ombros – Agora encosta sua cabeça em mim – obedientemente, encostei – Pronto, é assim que você costuma ficar em mim.
Corei levemente. Aquela garota sabia mesmo de tudo sobre mim, pois costumo ficar assim no máximo no meu irmão.
- Meu Deus Rafael, você não sabe mesmo o que é decoração para banheiro – ouviu-se uma voz ao longe – E trata de dizer pra aquela menina que...
Minha mãe parou no fim do correndo, olhando diretamente para mim. Maria Rodrigues. Ela tinha 40 anos, mas sua aparência dizia ter 20 anos. Como sempre, ricamente vestida, como no caso um vestido curto branco e sandálias de ouro. Também tinha uns óculos escuros bem grandes na cabeça, cor batom vermelho nos lábios. E bem, ela era muito rica e muito bonita. Até gostaria dela, se não fosse tão chata e exagerada como era, além de ser uma bela patricinha rica quando quer. Essa é a minha mãe.
Ela estava parada, sem saber o que dizer. Me levantei do sofá.
- Oi... Mãe – eu disse. Meu rosto já estava vermelho e eu não sabia o que dizer.
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Amando Novamente
RomanceLara Rodrigues acorda em um hospital, depois de ficar um tempo em coma. Havia sofrido um acidente de carro, e não se lembrava de nada dos últimos seis meses. Quando acordou, seu irmão, Rafael Rodrigues, disse para ela que perdera muita coisa do seu...