Prólogo - Um Belo Lugar

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Homens falhos pegam suas ordens e chamam de lei

Que são boas só pra quem se esconde na asa do rei

Vejo a maioria são demônios em pele de frei

Gralhas distorcendo tudo que eu falei

Mas tá tudo o.k, tudo o.k,

É o futuro que eu herdei...

- Rashid, Futuro –





Prólogo

Um belo lugar



Havia muitas coisas que poderiam ser observadas naquele lugar, e todas desafiavam as leis da natureza.

Uma delas era o chão de pedra e areia que tremia absurdamente, quase como a superfície de um lago, onde um pedregulho fora jogado de quilômetros de altura, fazendo enormes ondas e marolas reverberarem por toda a sua superfície.

Um terremoto sem igual acontecia, e seu poder de destruição era devastador.

Outra coisa que desafiava as leis da natureza era as fortes explosões, que faziam os ouvidos doerem. As explosões eram bombas com raio de destruição surpreendente. Inseridas na comparação do lago, elas eram os pedregulhos jogados de quilômetros de altura na superfície da água calma. Faziam o chão tremer e querer engolir a si mesmo.

Havia algo mais, desafiante à natureza. Na verdade, quatro coisas, que deveriam ser uma só, no entanto eram quatro, e o quarteto desafiava até mesmo as leis da física, assim como a lógica.

Das quatro, a que chamava mais atenção era a primeira: o sol. Não aquele sol comum, fraco em algumas estações do ano, assim como em alguns horários do dia; também não era aquele forte em algumas estações e alguns horários; tampouco era aquela bolinha cintilante, impossível de se olhar a céu aberto, mas possível de se vislumbrar com o céu nublado, quando sua luz ofuscante é filtrada pelas nuvens de chuva. Não, não era aquele sol. Tampouco era um diferente...

A questão é que, naquele lugar, o sol era tão grande que era possível colocar aproximadamente mil daquelas bolinhas cintilantes dentro dele. Era enorme, monstruoso. Olhar para ele era sentir medo de existir; a luz que refletia era tão ofuscante quanto 1 milhão de holofotes iluminando 1 milhão de espelhos; o calor que emanava era de castigar o próprio inferno.

Como plano de fundo, havia a segunda: A escuridão. Mais intensa, aveludada, capaz de engolir o que quer que nela caísse. Era uma escuridão sem fim, sem coração e sem amor, com estrelas infinitas, milhões e milhões de minúsculos sóis, que cortavam o tecido escuro como facas brilhantes empunhadas por mãos nervosas.

A terceira era absurda, enlouquecedora, capaz de fazer uma mente fraca se fragmentar. Essa terceira coisa bloqueava metade do sol gigantesco, lançando metade daquele lugar desolado nas sombras. Essa coisa, esse bloqueio, tampava também a escuridão aveludada, dividindo o céu como uma dupla dividia o palco em um dueto infernal, mas com belas músicas.

A terceira era um outro céu. Não como o céu aveludado com cortes de faca e o sol colossal, mas um céu normal, com estrelas normais e uma lua, tão normal quanto aquele céu.

A lua era a quarta coisa, que fazia parte da terceira. Elas eram aparentemente normais. Realmente seriam, se não fizessem parte da segunda e da primeira. As quatro deveriam ser uma só: um céu noturno normal, com a lua, ou até mesmo um sol, contanto que este também fosse normal e estivesse de dia.

Mas não existia dia naquele lugar.

Deveriam ser uma coisa só, uma única noite infinita. Na verdade, haviam sido uma só, antes dos "pedregulhos começarem a cair no lago, criando ondas e marolas". Agora eram quatro, e aquele céu normal com a lua normal poderiam ser normais... caso não estivessem deslizando sobre o outro céu, aquele com a escuridão aveludada e o sol monstruoso.

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