QUARTA PARTE, PROJETO (DES)EQUILÍBRIO: Capítulo 40: Equilíbrios e Desequilíbrios

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Momento da fuga de Sophia.


Henry Louis deu um passo à frente e adentrou a gigantesca sala.

Estava sozinho no complexo gigantesco, a não ser pelo diretor, que entrou logo atrás dele.

Prepare-se, pois hoje sua vida terá um novo início. Você recomeçará do zero e terminará em glória. Nada lhe preparou para o que o aguarda, nem seus maiores sonhos, Henry pensou com um leve sorriso nos lábios, sem se dar conta que eram as mesmas palavras que o diretor lhe dissera quando o acordou naquela noite. Eram essas palavras que o mantinham desperto, apesar do sono.

– Por aqui – O diretor apontou para a direita e tomou a dianteira, com Henry colado em seu calcanhar. Não que tivesse medo de se perder na imensa sala repleta de painéis e máquinas altamente tecnológicas. Não, Henry jamais sentia medo, independente da situação, apenas um leve desconforto que subia e descia sua espinha com um toque gelado como o fio de uma espada, ao qual ele dava o nome de adrenalina.

Nao. Medo nunca.

Mas naquele momento ele sentia algo parecido, um tipo diferente de adrenalina, aquela que precedia a primeira experiência de algo novo e inusitado. Adrenalina, o tipo verdadeiro de adrenalina.

A emoção era tanta que ele não conseguiu reprimir um riso, que saiu alto no silêncio da sala, apenas interrompido pelos zumbidos constantes das máquinas.

Aos seus ouvidos o riso saiu como o grito de excitação de uma menininha de 10 anos. Pelo olhar que Claudius lhe lançou, a ele provavelmente o riso deve ter parecido com o gritinho de uma menininha de 5.

Henry lhe pediu desculpas, a voz constrangida. O diretor pareceu não perceber, apenas lhe lançou um sorriso que transmitia...o quê? Divertimento? Irritação? Ele não saberia dizer. Claudius sempre fora uma figura enigmática a todos os alunos da Nova Paris, inclusive a ele, por mais próximo que o diretor pudesse parecer nos últimos dias.

Enquanto andavam em linha reta pelo amplo corredor ladeado por gigantescas telas de computadores, painéis de controle, geradores de energia e tudo o mais necessário para manter uma cidade inteira funcionando, Henry se perguntava o que o aguardava ali naquela sala quente, onde máquinas funcionavam deixando um cheiro estático no ar. Como se tivesse entrado em seus pensamentos, Claudius disse:

– Este é o CSNP, Complexo de Segurança da Nova Paris – A Língua Interhumana dele era carregada com o sotaque francês – Toda a tecnologia presente em Noworldland nós temos em mãos, e algumas outras não disponíveis, assim como armamentos do Mundo Pré-Interhumano e de alguns outros planetas. Temos uma bomba na Parte Oeste que é capaz de explodir um planeta de pequeno porte, como este. É claro que nunca usaremos aqui, afinal não podemos perturbar o Equilíbrio criado pelo nosso amado governante e ídolo. Mas nunca se sabe, não é mesmo?

O sorriso conspirador do diretor, em conjunto com sua voz sedutora e seu olhar enigmático, fizeram a adrenalina de Henry aumentar. Não medo. Ele não sentia medo, apenas adrenalina.

– Sim...quer dizer, não...quer dizer...

Claudius levantou a mão e abanou uma mosca invisível em um gesto que dizia "deixa para lá", mas Henry não tinha certeza. Nunca se podia ter certeza com o diretor que liderava não somente a AENP, Ala Educacional de Nova Paris, mas também a própria cidade, com mãos de ferro. Talvez fosse por isso que Henry o idolatrava, assim como idolatrava o Pai. O homem e o alienígena representavam para ele o ápice da masculinidade, representavam liderança, segurança e um sarcasmo superior que fazia com que todas as pessoas se sentissem automaticamente inferiores a eles. Henry nunca conheceu o Pai, mas pelos boatos que ouvira, podia dizer que Claudius se espelhava nele.

Noworldland, A Terra de Mundo NenhumOnde histórias criam vida. Descubra agora