Cansei!

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Já se passaram 2 meses desde que eu voltei de viagem.

Muita coisa mudou, e aos poucos eu tenho visto o meu melhor amigo de tornar um completo estranho.

Não tenho mais certeza do que acontece com ele e Alexia, os dois estão sempre juntos, mais nunca assumiram nada.

De qualquer forma vida deles não é mais de meu interesse, tenho coisas mais importantes para me preocupar agora, como meu primo.

Meu querido primo. Recebi uma ligação a uns três dias, dizendo que o mesmo havia levado uma um tiro na cabeça e agora estava em coma.

Nem sei como conseguir comparecer a aula hoje, e nos outros dias.

O desespero na voz da sua mãe era nítido, ela disse que ele havia levado tiro perto de casa, e uma vizinha que havia visto a cena, ligou para a polícia apavorada, e assim os assassinos foram parar atrás das grades.

Eles conseguiram o depoimento dizendo que os caras apenas queriam vingança, e afirmavam que um dos parceiros da quadrilha havia sido baleado por ele a uns dias atrás em um beco sem saída, e que agora estava passando por uma cirurgia no estômago com mínimas chances de sobrevivência. A imagem de sua perna mal enfaixada quando descobri sobre o primeiro tiro não saia da minha mente, e eu só conseguiria pensar que era culpa minha, que eu havia perdido duas, DUAS pessoas muito importantes para mim. Poxa, já é difícil eu me apegar a alguém, e quando isso acontece, ou eu faço alguma besteira e acabo com tudo, ou alguma tragédia assim acontece.

Não tenho comido direito, nem dormido.

Eu nem queria vir para a escola hoje, mas fui obrigada pelo meu próprio sub consciente. A única coisa ligeiramente sensata que ainda existe em mim, era vir ao colégio ou ficar me torturando emocionalmente
por eu não poder fazer nada a respeito.

Hoje é segunda feira, um dos dias que alunos como eu chegam mais cedo para cumprir com as atividades extra curriculares, e se reunir para conseguir de alguma forma, alguma evolução neste lugar. Mas como posso conseguir me preocupar com a vida acadêmica, se todo o resto está destruído, ou fragilizado. As tentativas de me distrair procurando resolver assuntos importantes foram todas falhas, não consegui me concentrar em nada por mais de 2 minutos, a não ser em como deveria estar o meu primo naquele exato momento.

No caminho para casa o vento batia no meu rosto com força, produzindo um zumbido que, somado aos meus pensamentos turbulentos, poderia enlouquecer uma pessoa um pouco mais fraca.

Meus olhos marejavam um pouco, e eu impedia as lágrimas de caírem com a parte de trás da manga do meu moletom.

Cheguei em casa e larguei a bicicleta em algum lugar depois do portão, eu só queria o meu quarto, a minha cama, um travesseiro para abraçar, e uma música lenta e triste para combinar o fracasso que estava a minha vida.

Deitada na minha cama, eu tentei diversas vezes fechar os olhos, na esperança de dormir e ser acordada pela minha mãe com sete anos de novo, pelo menos naquela época a única decepção que eu sentia era quando passavam episódios repetidos dos meus desenhos preferidos na TV, ou se meus amigos não pudessem vir aqui em casa em um final de semana.

Com o meu primo, o maior apoio que eu consegui nesses últimos meses mês, em coma, eu sentia o meu mundo desabando aos poucos.

Depois de alguns minutos torturantes sozinha com meus devaneios, ouço alguém bater na minha porta, e vejo uma mulher de expressão preocupada se sentar ao meu lado e acariciar meu cabelo, vendo parte do meu rosto enterrada no travesseiro.

- Filha, o que aconteceu? Está doente? Você passou tão rápido pela sua família que nós nem conseguimos te ver direito. Ficamos preocupados.

- Desculpa mãe, eu não estou doente, e não aconteceu nada demais. Só estou...um pouco indisposta. - disse a ela após alguns segundos de silêncio.

Uma adolescente totalmente comumOnde histórias criam vida. Descubra agora