Decisões

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07:17

Nervosismo, ansiedade, confusão, medo, tensão. Não faço ideia do que pode acontecer, posso ser barrada logo na entrada, ou deixar que isso se estenda ao máximo e, na pior das hipóteses eu fique em último e tenha a desculpa de que é meu primeiro vestibular prestado rs. Não faço ideia do que pode acontecer, tenho receio de sofrer uma frustração muito grande, e ficar com ainda mais insegurança para o Vestibular oficial.

Me desejem sorte (vou precisar)!

07:30

Chego pontualmente às 7h e 29. Olho para o ambiente confusa, jovens espalhados por todo canto. Minha sala é no bloco E terceiro andar, não faço ideia de onde isso fica, mas acho basta acompanhar a multidão.

Estou tremendo, minhas mãos estão frias e meu rosto provavelmente está pálido. Ninguém parece notar a minha presença, não tem nenhum conhecido aqui.

Todos são mais velhos que eu, e tagarelam nervosos em seus grupos sobre assuntos aleatórios.

Não sei o que devo fazer, nem onde deveria entregar os meus dados para que saibam que eu estou aqui, apenas permaneço inerte, fingindo não existir.

Qualquer que me olhe pode perceber o quão perdida e desconcentrada eu estou, mas não é como se se importassem com isso.

Todos trouxeram alguém consigo, na tentativa de aliviar a pressão e não se sentirem tão solitários. Mas no fim, sabemos que todos estarão sozinhos, podendo contar apenas consigo mesmo.

08h00

Chegou a hora, queria poder anotar o que vai acontecer durante a prova, assim talvez eu conseguisse ficar menos nervosa. Mas infelizmente aparelhos eletrônicos não são permitidos dentro da sala.

Agora eu realmente não tenho ninguém, apenas Deus e meu anjo da guarda para me fazerem companhia.

Subo no elevador com vários adolescentes desconhecidos, lutando para não entrar em pânico antes da prova, odeio aglomerados de pessoas em volta de mim.

Mas todos lutam para permanecerem calmos.

**Desligando os aparelhos**

13h00

Acabei de sair da sala. Me sinto aliviada de verdade, a melhor parte da prova é quando ela acaba.

Quando cheguei me sentei timidamente na última carteira da primeira fileira ao lado da janela.

A sala ficou quase lotada, exceto pela carteira a minha frente, cabiam cerca de 80 passoas ali dentro.

O começo da prova era apenas interpretação de texto, agradeci a Deus mentalmente por ter qualquer noção das respostas.

Sou grata pelo simples fato de ter conseguido me lembrar de alguma coisa.

A verdade é que eu nem cheguei a estudar, pode-se dizer que eu decidi que tentaria apenas um dia antes, porque recebi um e-mail da faculdade me convidando para concorrer a uma bolsa no último momento, e fui convencida pela minha família de seria uma boa ideia tentar.

Dei uma examinada rápida no provão, noventa questões sobre assuntos aleatórios, um gabarito e um espaço de cerca de uma folha para criarmos uma redação com o tema apresentado. Me senti privilegiada por ser boa com palavras, caso contrário me sentiria completamente humilhada por não ter absoluta certeza de nenhuma resposta.

19h 00

Estou deitada na minha cama.

Trouxemos a prova para conferir os resultados depois que o gabarito for anunciado online.

Não faço ideia de como fui, e acho que nem me importo.

O objetivo não é passar, só adquirir experiência para a prova definitiva.

A feita agora não tem o poder de decidir meu destino, nem deve também, já que ela é considerada uma das mais difíceis do país!

Sem contar que é absurdamente concorrida e eu não tenho nenhuma chance. É idiota o simples fato de eu tentar criar expectativas de que me saí bem.

01h 27

Não pretendo ver o resultado, não faz sentido. Eu nem decidi o que quero cursar depois daqui.

Gosto de direito, já fiz várias coisas relacionadas a área da medicina, também me dou muito bem com educação física, e o tempo me mostrou que arquitetura não é uma opção ruim. Acho que me daria bem em psicologia. Arrgh não sei, por que isso é tão difícil?!

São tantas opções diferentes, tenho medo de escolher algo errado e ter que lidar com isso a vida inteira, ou de perceber que errei desistir de tudo no meio do caminho, desperdiçando tempo e dinheiro, ou perder anos da minha vida me enganando quanto ao meu talento e não conseguir nunca encontrar algo que eu goste de verdade. Pior ainda, não passar em nenhuma faculdade e virar uma completa inútil! Deus me livre, entro em pânico só de pensar.

Acho que todo adolescente sofrem com isso, e talvez seja por esse motivo que eu ainda estou acordada.

Todos fazemos planos, mas o amanhã pode não existir, ou ser bem bem diferente do que esperamos.

É interessante pensar em como as coisas podiam ter sido diferentes se você tivesse feito outras escolhas, ou deixado de conhecer certas pessoas.

De qualquer forma, é bom fantasiar um futuro onde nos damos bem, acho que alivia um pouco a pressão dos dias atuais.

Capítulo curtinho e um pouco sem graça, desculpa gente, até a próxima!

Uma adolescente totalmente comumOnde histórias criam vida. Descubra agora