Quantos dia você viveu, e quantos apenas existiu?

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É tão estranho como alguém pode ser tão importante pra uns, e absurdamente insignificante pra outros.

É totalmente bizarro acreditar que eu faria tudo por alguém, enquanto metade do mundo nem o conhece.

"Ninguém sabe ao certo o impacto que causamos na vida do outro."
Alguns são incrivelmente memoráveis, outros passam quase despercebidos.

Nem sei ao certo quantas vezes cheguei nos locais calada, saindo muda, fingindo inexistência, e quantas outras fui o foco das atenções de todos.

É a última aula. Estou sentada na minha carteira observando a zona que está a minha sala. O professor substituto está num lugar desconhecido por toda humanidade, e os alunos aproveitam seu deslize para destruir o colégio e "quebrar tudo" na última semana de aula.

Fico olhando para um frase que por impulso, rabisquei na minha mesa, e me pego refletindo sobre ela.

Quantos dias você viveu, e quantos apenas existiu?

É estranho pensar que realmente já ouveram dias onde eu não queria nem existir, e tive que "viver" por obrigação.

Matheus está atrás de mim, e diz alguma coisa que estimula risos em todos, finjo achar engraçado aquilo que nem fiz questão de ouvir. Depois desbloqueio a tela do meu celular e entro no aplicativo de livros anônimos, conferindo a quantidade de vizualizações dos nossos poucos capítulos escritos esta manhã.

Sorrio ao notar ele espiando por meu ombro, curioso com o que estou fazendo.

Jamille me encara com um olhar fulminante, mas permanece quieta.

Não entendo, o que...-

Um grito ensurdecedor me tira dos devaneios e volta minha atenção a cena que acontece a minha frente:

Alexia está se debatendo enquanto um garoto enforca por trás.

Troco um olhar rápido com o Matt, que parece tão confuso quanto eu e o resto da sala, que também não faz ideia de como tudo aconteceu.

Vejo ela dar um pisão no pé dele, o mesmo a solta rapidamente, mas assim que recupera os sentidos segura a garota de novo enquanto a mesma tenta dar socos em seu abdômem, quando se cansa ele a empurra com força e ela bate com a cabeça na quina de uma mesa.

QUE MERDA TÁ ACONTECENDO AQUI??! (sub)

Quando finalmente entendemos que é uma briga séria, Matheus levanta e tenta segurar Thomas, enquanto eu ajudo Alexia a se levantar.

Ela está um tanto desnorteada, mas ainda tenta atacar o garoto de novo.

Como essa doida ainda não desmaiou?! (sub)

Movida pela força do ódio, só pode!

O professor, por acaso, aparece na sala, com a diretora e coordenadora.

Vejo seus olhares perplexos e furiosos.

- Fud**! (sub)

Sem que ninguém diga nada, Thomas calmamente começa a andar até a porta, e após cruza-la, Alexia faz o mesmo e o segue até a diretoria.

Observo toda a cena sem entender.

A sala toda permanece imóvel, seria possível ouvir uma agulha se espatifar no chão naquele momento.

Logo em seguida, as duas figuras autoritárias do colégio vão atrás dos dois sem dizer qualquer coisa.

Todos os alunos começam a comentar animados e curiosos o que acabou de acontecer, até ouvir-se o som estrondoso da porta sendo fechada, atraindo os olhares de todos para o responsável por tudo aquilo: o substituto!

Uma adolescente totalmente comumOnde histórias criam vida. Descubra agora