Eu não quero ir...

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Dedicado a Grijunior

Megan on

Lembra que eu disse que essa escola não era importante?

Então, acho que eu menti.

Na verdade não menti, antes realmente não era.

Acho que a gente só percebe as coisas importantes, depois que se sente ameaçado a perde-las.

1 hora atrás

Eu estava muito bem, tomando café da manhã, me preparando para a escola e organizando meus horários no celular.

- Filha, eu tenho uma notícia para te contar - minha mãe entra na cozinha olhando para o chão com um pesar na voz.

- O que ouve? - pior coisa é quando ela age assim, da última vez, eu vim parar aqui.

- Nós vamos nos mudar de novo... - ela fala e o meu mundo desaba - Mas é a última vez, eu prometo!

- Não! Mãe, por favor, agora que eu estou começando a gostar de verdade desse lugar, do colégio! Já até decorei o nome das pessoas! - a essa altura eu já não conseguia mais olhar para o pedaço de bolo a minha frente. Definitivamente perdi a fome.

Mudar? De novo? Por favor não!

- Filha, o seu pai conseguiu um emprego melhor, de volta ao Canadá. Já está quase tudo planejado, vamos morar em um apartamento de luxo, e você vai voltar a estudar em seu antigo colégio, e vamos ser mais felizes! - ela tentou me animar.

- E quem disse que eu QUERO voltar pra lá? Mãe, eu consegui me adaptar aqui, você pediu para eu dar uma chance para este lugar, eu dei, e gostei, agora estamos aqui, no Brasil. Eu aceitei a sua escolha, e agora estou pedindo pra me deixar ficar. Por favor, faltam só alguns meses até o ano acabar. - supliquei.

- Não é tão simples filha, - ela diz acariciando meu cabelo - a vida sorriu pra nós de novo, tudo pode voltar a ser como era.

- Mãe eu não quero voltar a ser quem eu era! Não gosto daquela garota tímida e teimosa que fazia questão de afastar todos os que tentassem se aproximar. Eu estou bem aqui. Pela primeira vez, eu sinto que minha vida está com algum sentido!

- Eu sei, e sinto muito. Mas você vai ter tempo para se despedir dos seus amigos, nós viajamos só semana que vem. Dá pra fazer tudo o que precisa... - ela diz como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

- Uma semana? - arfei - Está me dizendo que eu tenho só uma semana pra dar um jeito de esquecer tudo isso?! - me desvencilhei do seu toque e comecei a andar pela cozinha.

- Não filha, é que... -

Mas a essa altura eu já estava bem longe dela, saindo pela porta rumo a escadaria.

Eu queria ir pra qualquer lugar, que fosse bem longe dela.

Ainda faltavam 45 minutos para as aulas começarem, e eu estava com a mochila nas costas. Era cedo, muito cedo. Não tinha ninguém na rua ainda.

Coloquei os fones de ouvidos, peguei a minha bicicleta, e fui seguindo pelas ciclovias de Santos.

Minha cabeça borbulhava com milhões de pensamentos e emoções indescritíveis.

Era incrível, mas aquilo me fazia sentir muito melhor, pedalar ao som das melhores músicas, ajudava a acalmar.

Alivia a alma e refresca a mente.

Pedalei depressa até as emoções esfriarem.

Parei em qualquer lugar perto da praia, e larguei a bicicleta no chão do meu lado. Me sentei, e comecei a apreciar o magnífico jardim a minha volta, tirei o fone e fechei os olhos, dava para ouvir as ondas do mar logo a frente.

Uma adolescente totalmente comumOnde histórias criam vida. Descubra agora