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Dei uma última olhada no desenho mais recente que havia feito antes de enfiá-lo na gaveta, junto aos seus semelhantes. Eu havia feito muitos daqueles nas últimas semanas, todos parecidos, mas não conseguia me livrar de nenhum deles.
Na última mensagem que Hoseok me enviou ele disse estar indo pra casa com o humanóide, então eles já deviam ter chegado à essa altura. Ele disse-me para visitar no dia seguinte, mas meus nervos não me permitem ficar em casa esperando que esse dia chegue; quero conhecê-lo logo. Já esperei demais.
Levantei-me da escrivaninha e parei rapidamente em frente ao espelho, ajeitando ligeiramente os fios negros e dando uma olhada na roupa que vesti para ir trabalhar, horas atrás; estava cheiroso assim como quando saí do banho mais cedo e minha camiseta do Troye Sivan não tinha sequer um fiapinho, então apenas peguei minha jaqueta e saí de casa já com o capacete em mãos.
O tanque da moto ainda estava quente, pois eu havia chego há pouco tempo, apesar de parecer que já faziam horas. Foi difícil prestar atenção na estrada, porque minha mente vagava por memórias que pensei ter enterrado, mas agora, com o Jimin supostamente dando certo, depois do meu irmão quase ter perdido todas as esperanças, algumas coisas vinham à tona novamente.
Mesmo assim, o que predomina em meus sentimentos era a expectativa. Eu sei que deveria evitar esperar qualquer coisa, eu geralmente sou o tipo de cara que evita ficar esperançoso por algo e, consequentemente, evito possíveis decepções, mas era impossível se tratando dele.
Naquela tarde o caminho até a casa de Hoseok parecia esticar-se o máximo possível e quando finalmente cheguei, fiquei parado no jardim, em cima da moto, perguntando-me se deveria simplesmente dar a volta, ir a um barzinho qualquer e tentar afogar a ansiedade no álcool, mas eu já estava lá mesmo, então desci da moto e fiz o percurso até a varanda.
Atravessei-a com o capacete pendurado em um braço enquanto digitava uma mensagem para meu irmão.
Jungkook: ei, tô indo aí.
Hoseok: que história é essa? não lembro de ter te convidado.
Jungkook: ah, já que você não convida, eu me convidei.
Hoseok: eu não sei se é uma boa hora...
Hoseok: acabamos de chegar em casa.
Jungkook: ele tá cansado?
Hoseok: aparentemente não
Jungkook: ah, então não tem problema se eu for só dar um oi, né?
Hoseok: hm... vou pensar
Jungkook: pensa logo porque eu já tô aqui na sua porta.
Ele parou de me responder e eu me sentei no batente, balançando as pernas freneticamente e brincando com o piercing da língua entre os dentes, um hábito que eu não conseguia abandonar, principalmente se estivesse nervoso como estava naquele momento.
Senti o vento gélido bagunçar meus cabelos e passei os dedos, jogando-o para trás e tentando desembaraçar o máximo possível, porque àquele ponto já não adiantava mais tentar deixar os fios alinhados.
Levantei de prontidão assim que escutei a porta abrir-se atrás de mim, e me deparei com um Hoseok claramente esgotado, me olhando com aquela expressão que eu conhecia tão bem, que dizia algo como: "eu não vou admitir mas eu precisava mesmo de você aqui".
Meu irmão sempre foi assim, nunca pede nada a não ser que seja questão de vida ou morte; acho que nós dois puxamos esse orgulho do nosso falecido pai, mas eu com certeza sou ainda pior do que os dois juntos.
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Computer Boy ☆ jikook
FanfictionQuando Park Jimin abriu os olhos pela primeira vez, tinha muitas expectativas sobre o mundo, sobre sua vida e todas as experiências que viveria dali em diante. Ele era um robô recém fabricado, ainda em fase de testes, e apesar de sua média aproximad...