Computer Boy ☆ jikook

24 - Vênus não é estrela

☀️

Todos estávamos lutando para sermos pessoas melhores, apesar de tudo. Eu sabia que Jimin também estava, do seu jeitinho, mesmo que eu não entendesse.

Queria ajudá-lo nessa luta, mas era difícil sem saber o que estava acontecendo. Ele estava progredindo, mas ao mesmo tempo, havia algo faltando.

Eu, Yoongi e Namjoon éramos muito leigos se tratando de sentimentos, então Taehyung e Seokjin estavam sendo cruciais para despertarem esse lado mais emocional de Jimin.

Eles sabiam tanto. Existem tantas coisas que não se aprendem em livros, estudando ou teorizando sobre.

Existem coisas que só o coração sabe. Eu queria aprender tudo isso. Acho que às vezes queria ser um pouco menos... Eu.

Mas nós tínhamos outras coisas a oferecer. Todos tínhamos algo único. Taehyung me disse que o meu melhor devia ser o bastante, e fiquei pensando sobre isso.

Eu percebia agora que não precisava ser bom em tudo. Eu não tinha que ser perfeito, porque se eu continuasse tentando ser, nunca seria o bastante. Eu podia só ser eu e tentar fazer o certo, sabendo que estaria sempre propenso a falhar e até me odiar às vezes, mas entender que eu sou como sou e isso tem que ser o bastante.

Eu tentei tanto ser isento de erros, mas isso é humanamente impossível. Era estranho pensar que eu me esqueci de coisas tão básicas sobre mim. Sobre minhas falhas. Sobre meus acertos. Sobre tudo.

Park Jimin me fez voltar a olhar para a vida da maneira mais simples possível. Ele não me disse isso com todas as letras, mas ele me fazia sentir assim, encorajado, inspirado a me tornar eu mesmo novamente.

Uma vez ele me disse que eu deveria lembrar de viver mais vezes. Naquela época eu não entendia muito bem o que ele queria dizer, mas depois percebi que o robô que eu mesmo criei entendia mais sobre o mundo do que eu.

Não porque ele sabia mais que eu. Era o contrário. Era porque algumas coisas são tão básicas que esquecemos de dar a atenção de nosso olhar complicado à elas. Porque me esqueci do sentido mais essencial da vida, que é viver.

Isso era absurdo e era fascinante.

Não considerava mais parte do trabalho estar com ele há muito tempo. Na verdade, nem estava mais realmente trabalhando em qualquer coisa, estava apenas focado em ajudar Jimin.

Mesmo sem o apoio de Jungkook, as coisas estavam progredindo melhor do que esperava. Eu temia que sem meu irmão tudo fosse ser terrivelmente mais difícil, mas acho que a dificuldade seria a mesma de qualquer forma, porque não era sobre Jungkook. Era sobre Jimin. Mesmo que ajudássemos, a resposta devia estar nele, de alguma forma.

E saber que meu irmão provavelmente me odiava - e com motivos -, me matava, além da preocupação que sentia com ele. Mas eu precisava continuar vivendo mesmo assim, ajudando Jimin, estando com meus amigos, e faria o melhor que pudesse com isso.

Eu não devia me arrepender por ter dado início ao projeto. Ok, talvez tenha sido um erro, mas não podia ser mudado. Eu só podia fazer o que estivesse ao meu alcance para que tudo não fosse em vão.

Iria doer se desse errado, mas eu estava totalmente vulnerável à essa situação e pela primeira vez, não estava querendo correr disso. Eu percebi que havia coragem e força em se permitir ser frágil.

Quando fiquei e lutei por Jimin, percebi quanta força eu ainda podia ter. Era muito mais do que ousei imaginar.

Eu desabava às vezes, principalmente quando estava sozinho. Vez ou outra quando o cansaço me tomava, eu me sentia destruído, mas ainda assim, eu continuava.