26 - tão simples quanto a vida

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🐰

A vida pode ser tão simples e fácil às vezes. Eu não estava acostumado com isso.

Todos os momentos em que ousei me acomodar em alguma paz, ela foi tirada abruptamente de mim em seguida.

Aquela rotina com Jimin, na nossa casa, com as nossas manias, nossos costumes, tudo aquilo me parecia bom demais para ser verdade.

Claro, já tinha aceitado que meus sentimentos românticos deveriam permanecer em silêncio. Não era bem isso o que me incomodava e sim a incerteza de quanto tempo aquela alegria duraria.

— Jungkook — Jimin chegou feliz, trazendo até a mesa as compras que havia feito de alguns mantimentos para a casa. — Eu já sei o que eu quero fazer!

— O que? Jantar fora?

— Não, não — ele balançou a cabeça. — Da minha vida! Eu quero fazer faculdade!

— É mesmo? — sorri, tentando não parecer tão surpreso quanto estava  — Qual curso?

— Como assim? — ele me olhou, confuso.

— Bom, é que nós fazemos faculdade pra nos formar em uma profissão específica, por exemplo, Tae é formado em pedagogia, ele poderia ser professor, mas não exerce a profissão, entendeu?

Ele sentou na cadeira, a animação de segundos atrás sumindo sem deixar vestígios.

— Ai, que difícil… Como eu vou saber quem eu quero ser?

— Essa é uma boa pergunta — sentei ao seu lado, lembrando de quantas vezes havia me perguntado o mesmo. — É por isso que você pode encontrar a resposta com calma. E também, não é nada definitivo, você pode escolher algo hoje e mudar de opinião depois, não tem problema.

— Você fez isso, né? — perguntou e eu assenti.

— Tive medo e não vou negar que foi difícil muitas vezes, mas existem coisas pelas quais vale a pena sair da zona de conforto.

— Eu queria encontrar algo que eu goste de fazer também… — disse, pensativo. — Aliás, eu queria fazer uma tatuagem.

— O que? — ri, sem jeito. — Mas… Mas assim, do nada?

— Não é do nada — disse, parecendo ofendido. — Eu pensei sobre isso. Quero tatuar Vênus. Queria fazer embaixo dessa marca do meu pulso, mas não consigo imaginar como vai ficar… — ele olhou para o próprio braço, analisando a pele lisa.

— Eu não tenho nada aqui agora, mas se quiser posso esboçar algo de caneta mesmo, só pra você ter uma idéia  — sugeri, notando que foi rude da minha parte questionar sua decisão.

Então o fiz, com cuidado, seguindo as descrições que ele havia imaginado. Claro, não ficou perfeito, mas Jimin parecia maravilhado.

Disse que pensaria se faria a tatuagem permanente e não pude evitar ficar um pouco melancólico. Talvez estivesse só procurando por algo que pudesse dar errado, mas me sentia instável, como aquele desenho em sua pele, que sairia na primeira lavagem.

Sabia que o mundo era diferente para nós dois. Eu sabia o que queria e sempre soube, mas Jimin estava descobrindo tudo. Tinha medo de ser uma tatuagem temporária também.

Em compensação, os pesadelos sumiram. Sempre que estávamos juntos, os sonhos estranhos iam embora.

Maggie raramente aparecia e se esquivava de todos os convites que eu fazia para que ela e Jimin se conhecessem. Tentei não ficar paranóico sobre isso também, porque minha mente já estava me torturando o bastante.

Computer Boy ☆ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora