04 - sonho na lua

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Acordar na manhã do meu segundo dia de vida foi estranho. Um estranho bom, mas ainda estranho, porque eu demorei muito para processar que eu estava vivo.

Para um ser humano normal isso pode soar banal e até estúpido, mas quando a consciência chega abruptamente e você precisa se acostumar a ela de forma brusca, sem passar por todas as etapas do nascimento, infância, adolescência, para só então chegar na fase adulta, é complicado.

É complicado ser recém-nascido e adulto ao mesmo tempo; ter a curiosidade de uma criança e o corpo de um adulto; saber sobre as coisas e não conhecê-las realmente.

Levei um tempo para perceber que o sonho que tive naquela primeira noite, em que eu e Jungkook estávamos na Lua e aquela música que ele colocou tocava no universo, não era real.

Mas eu estava muito feliz depois que consegui assimilar as informações, mesmo que Hoseok estivesse me acordando do sono gostoso em que eu estava imerso.

- Bom dia, preguiçosinho. - disse o ruivo, com o sorriso alegre de sempre nos lábios.

- Por que está falando assim comigo? - indaguei com a voz um pouco rouca e me senti um tanto ofendido por ter sido chamado de preguiçoso, assim, do nada.

Pensei ter feito algo errado. Será que eu dormi demais?

- Não falei pra ser ofensivo. - ele riu um pouco. - Eu trouxe seu café da manhã.

Ele gesticulou para a bandeja que estava posta no criado mudo, cheia de comidas que pareciam deliciosas e cheiravam muito bem. Era bom ser mimado e me perguntei se sempre seria assim.

- Não se preocupe, eu comprei - avisou logo, parecendo um pouco envergonhado.

Sentei-me na cama e comecei a comer um pouco de cada coisa que estava ali. De repente me deu uma vontade de comer cereal com suco de maçã, mas preferi comer o que Hoseok já havia trazido mesmo. Quem sabe eu pudesse preparar um pouco daquela mistureba mais tarde?

Ele ficou no banheiro mexendo em algumas coisas e cantarolando alegremente enquanto eu acabava de comer, e assim que o fiz, me avisou que meu banho estava pronto.

Estava sozinho no banheiro quando despi-me por completo e senti meu corpo arrepiar por causa do frio. Entrar na água era uma das coisas pelas quais mais esperei, mas agora parecia quase assustador. E se eu me afogasse? Ou morresse de hipotermia? Ou tivesse um curto-circuito?

Estremeci, tanto pela baixa temperatura quanto pelos pensamentos negativos, mas a curiosidade acabou vencendo o instinto de sobrevivência.

Vagarosamente toquei a espuma que pairava sobre a água e era uma sensação interessante, porque era muito menos consistente do que aparentava e cheirosa; a água abaixo estava tão quentinha e me fez gostar ainda mais da idéia de emergir meu corpo ali.

Entrei aos poucos, um pé após outro, sentindo o vapor levar aos poucos meu receio consigo.

Depois de já estar sentadinho dentro da banheira, com a água me cobrindo até os ombros, não contive um sorriso satisfeito, porque a sensação era muito relaxante.

Afundei a cabeça na água e me desesperei quando me afoguei um pouco por ter esquecido que precisava prender a respiração.

Tossi um pouco e senti meu nariz e garganta arderem, mas logo minha respiração voltou ao normal. Não ousei fazer de novo.

Lavei meu corpo vagarosamente, sentindo cada centímetro da minha própria pele, aproveitando a sensação em que o calor me envolvia, e em certo ponto me peguei cantarolando a música do dia anterior.

Computer Boy ☆ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora