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Girei entre meus dedos aquele cartão com o número da tal Maggie, a garota estranha que eu conheci outro dia na cobertura do prédio.
Talvez fosse a exaustão ou talvez eu só tivesse pirado de vez, mas estava pensando seriamente em ligar para ela.
Acontece que eu não sabia mais o que fazer… Quanto mais o tempo passava, mais forte os pesadelos vinham.
Isso não era um problema desde que Jimin havia sido criado. Sonhei com ele algumas vezes desde então, mas tinham sido sonhos normais, nada inquietante. No entanto, ultimamente não sabia mais o que era ter uma noite tranquila de sono, sem acordar assustado, suando frio.
Os remédios para dormir estavam intocados da mesa de cabeceira, porque eu não queria adormecer! Não queria ter aquele sonhos que eu mal lembrava ao acordar, mas que mesmo assim me atormentavam.
Antes que qualquer traço da minha sanidade me impedisse, disquei o número da garota e logo fui atendido; mesmo que estivesse ligando, não esperava ser prontamente atendido às três horas da madrugada. Era como se ela soubesse que eu ia ligar.
Maggie morava no andar de baixo e logo descobri que ela não era nada querida pelos outros moradores. Pelo que ouvi por cima, a razão principal era: coisa alguma.
As pessoas simplesmente faziam comentários desagradáveis sobre ela, sem razões aparentes. Mas admito que até mesmo eu me senti intimidado quando a vi pela primeira vez.
Porém não haviam razões para temê-la; eu nem sabia bem o que esperava quando nos conhecemos, mas descobri que ela era diferente.
Por algum motivo, já nas primeiras vezes que conversamos me abri para ela sobre o Jimin, meus sonhos e como aquilo me atormentava… Ela ouvia tudo sempre em silêncio total, quase em estado meditativo.
Quando respondia alguma coisa, falava de forma abstrata. Sério, era difícil entender o que aquela garota queria dizer, porque ela sempre falava como se soubesse mil coisas que eu não sabia, mas deveria saber.
— Eu só não entendo porque essas coisas acontecem comigo — disse, suspirando e acomodando minhas costas cansadas no banco de madeira onde nos conhecemos e sempre íamos para conversar. — Sabe, desde que eu me entendo por gente eu tenho esses sonhos e isso só me atrapalha, sempre.
— Ou talvez você que esteja atrapalhando os sonhos — respondeu e lancei um olhar irritado para ela, deixando claro que não era aquilo o que eu esperava ouvir.
— Eu acho que isso foi uma bronca, mas eu nem entendo porquê. Você fala coisa com coisa...
— No fundo você entende. Você só esqueceu das coisas — explicou, dando de ombros.
— Esqueci de quê?
— Eu não posso te dar as respostas, porque você já têm. Só precisa perceber… Se eu te falar alguma coisa, pode ser algo que você não está pronto para ouvir, entende? Você precisa descobrir sozinho.
Bufei, frustrado. Já tinha percebido que a Maggie era toda mística, dessas pessoas que curtem uns incensos e ficam lendo ou fazendo sei lá o quê com umas cartas de tarot, mas em alguns momentos me perguntava se ela não era só varridinha das idéias e eu, desesperado por respostas, estava me prendendo àquelas coisas que ela dizia sendo que sequer sabia se fazia algum sentido.
Porém, no fundo, sempre acreditei que estivesse acontecendo algo além da minha compreensão. Além desse mundo. É difícil explicar...
Eu tentei mesmo negar tudo o que eu sentia, ignorar todos os sonhos, tentei esquecer Jimin, eu fiz de tudo e mesmo assim continuava ali, preso na minha ignorância, sentindo que faltava uma parte da história.
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Computer Boy ☆ jikook
FanficQuando Park Jimin abriu os olhos pela primeira vez, tinha muitas expectativas sobre o mundo, sobre sua vida e todas as experiências que viveria dali em diante. Ele era um robô recém fabricado, ainda em fase de testes, e apesar de sua média aproximad...