E - Hospital

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Harry acordou escutando um barulho irritante e sentindo um cheiro estranho em seu quarto, mas ele não lembra de ter voltado para casa.

Tentou se levantar, mas foi impedido por algumas mãos. Então finalmente abriu os olhos, que lacrimejam pela luz intensa do quarto.

— Que? — Ele tentou entender o que está acontecendo e o porque desses três garotos que ele nunca conversou estarem ali.

Zayn, um dos jogadores mais fenomenais do time da escola.

Niall, que ficou conhecido por fazer um movimento para diminuírem os preços da cantina.

Ashton, melhor aluno da escola por dois anos seguidos.

Ele ficou com medo.

— Por favor, não façam nada comigo! — Ele pediu com a voz quebrada.

— Calma! Na verdade, nós te ajudamos. Ou tentamos. — Niall coça a nuca.

— Acho melhor não fazer movimentos bruscos até o médico aparecer. Avisamos na escola que estávamos te trazendo para cá. Harry Styles, certo? — Harry concorda. — Pedimos o número da sua mãe para avisa-lá que você está aqui. Ela não podia vir então seu irmão irá chegar em breve.— Zayn tentou falar o mais tranquilo possível, para não assustar o garoto.

— Conheço George... Seu irmão. Ele era basicamente uma estrela lá na escola né?

— É, ele era. — Harry já estava acostumado a receber perguntas sobre o irmão e nenhuma sobre ele.

— Ele gosta da faculdade?

— Acho que sim. — O cacheado dá de ombros.

O clima no ambiente ficou estranho e só piorou quando Harry percebeu que está só com a roupa do hospital.

Percebe porque ninguém fez perguntas naquele lugar ou tentaram puxar assunto. Tudo estava a mostra.

Suas banhas, seus cortes.

Ele se sentiu ridículo naquele momento, e tentou se cobrir.

Era uma cena triste de se ver, e partiu o coração de Zayn, que decidiu que depois iria falar com os amigos para tentarem ajudá-lo de alguma forma, nem que fosse apenas na escola (onde perceberam que a situação não era fácil, era óbvio que não era a primeira vez que aquilo acontecia).

¬

O médico que ficou responsável pelo caso já havia tentado inúmeras vezes entrar em contato com a família de Harry Styles, porém, pelo visto, ninguém poderia estar ali antes das dezoito horas.

Anne Twist teve que ir para uma reunião de emergência em outra cidade e passaria dois dias lá.

George Styles depois da faculdade tinha treino do time da faculdade e um grupo de estudos.

Desmond Styles — pai do Harry — mora nos Estados Unidos.

Mesmo com essa demora e falta de consideração com ele, Harry estava calmo e não parecia bravo ou triste.

Já Zayn, Niall, Ashton e o Doutor achavam um absurdo esse descaso da família.

Mesmo que ele tivesse avisado por telefone que era algo sério, ninguém desistiu de seus compromissos pessoais para vir socorrê-lo.

— Não precisam ficar me esperando, meu irmão vem me buscar depois do treino.

— São duas horas, você está aqui desde as dez. Se ele vier as seis, você terá ficado oito horas aqui sem supervisão de um adulto que pode se responsabilizar por você. Não te preocupa? —Perguntou Niall, abismado.

— Não podem parar suas vidas por causa de um problema bobo que aconteceu comigo.

— BOBO?! —Zayn se estressa. — Aqueles idiotas te fizeram parar no hospital!

— Mas eu só estou aqui por culpa minha.

— Como pode achar que isso é culpa sua?

Silêncio.

Eles realmente precisavam ajudar Harry Styles.

5 HORAS DEPOIS

19:00

George entrou no quarto de Harry e olhou para aqueles três garotos perto do seu irmão com estranheza.

— Não sabia que tinha amigos.

— Ele tem! — Ashton se pronuncia.

— Grande Ash! Primo do Liam, certo? — Ao ouvir esse nome, Harry se encolhe na manta (que os meninos acharam para ele se sentir mais confortável, com menos do seu corpo amostra). Todos percebem, menos George.

— Sim. — Respondeu com a boca amarga.

— Mas então, porque ele veio parar aqui?

O Doutor tomou a frente na conversa.

— Bom, eu não iria falar na frente dos amigos dele, mas pela situação que vejo, acho que podem ajudar: o Sr. Styles foi agredido pela manhã na escola em que frequenta, o que causou poucas lesões que não são preocupantes. O que me preocupa são as marcas espalhadas pelo corpo dele que denunciam automutilação e alguns traços de desnutrição e desidratação. Eu recomendo que ele visite um médico especializado nesses transtornos e que a direção da escola tome providências sobre o caso de acordo com o laudo do paciente, depois do episódio de hoje.

George não expressou tristeza, choque, nem um sinal de compaixão.

Os outros garotos não deixam isso passar.

— Certo, obrigado. Ele vai poder ir embora hoje?

— Sim. Na saída você deve assinar um papel para provar que um membro da família em idade adulta veio retirá-lo do hospital.

— Certo.

O médico recebeu uma chamada de uma enfermeira precisando de sua presença no centro cirúrgico, então se retirou.

George chegou próximo do irmão, Zayn ficou atento do lugar onde estava e tocou os outros para fazerem o mesmo, como uma espécie de segurança.

— Você tem que aprender a bater! Se não fosse tão frouxo nada disso estaria acontecendo. Não vou falar nada para a mamãe, vou dizer que isso foi apenas uma pressão baixa sei lá. E se controle! Se cortar para chamar a atenção é coisa de gente imbecil! — Ele diz tudo em uma voz grave e seca. — Se vista com essa roupa que está nessa mochila, depois me devolva, sempre levo uma reserva para os treinos. E se continuar não comendo vai continuar um fraco.

Depois disso, Harry apenas se levantou ainda meio cambaleante e foi ao banheiro daquele pequeno quarto se vestir.

Os três adolescentes ficaram em choque.

As palavras de George foram fortes e totalmente erradas.

Eles ficaram à tarde toda com o irmão dele, e viram como a situação não é fácil.

Tudo fez sentido. Harry estava quase esquelético pois, provavelmente, possuía um transtorno alimentar, e ele também poderia ter depressão, deduziram pelos diversos cortes que viram antes dele se cobrir.

O motivo eles não sabiam, mas sabiam que se não fizessem nada, não seria a família dele que iria fazer.

Harry's DisorderOnde histórias criam vida. Descubra agora